O CRISTÃO E A POLITICA



Em algum momento, de conversas casuais, observam-se pronunciamentos sobre a impossibilidade de um seguidor de Cristo ser capaz de ocupar quaisquer vagas, no cenário político brasileiro, no que diz respeito aos cargos de: vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, governador, senador, Presidente da República e assim por diante. Diante disso, alega-se que política e religião não podem ocupar o mesmo ambiente, tornando-se inviável a possível interação em um mesmo nicho ecológico. Isso mostra a grande problemática a ser resolvida no âmbito educacional da democracia de um determinado país aberto as liberdades das pessoas.

Na ecologia da vida e diante de quaisquer informações que venham ao nosso conhecimento é sempre bom discernir tudo que ouvimos utilizando-se do duvidar (não aceitar de pronto as coisas), do criticar (analisar o que está sendo falado) e do determinar (recebo tudo ou não recebo nada; recebo parte ou rejeito parte).

Existe um equívoco quando se mencionam que a política é do diabo. Desta forma, fica claro que se a “política é do diabo a autoridade também é”. Entretanto, as escrituras sagradas afirmam que as autoridades são constituídas por Deus. Simplificando, a palavra política, vem do grego, significa a arte de governar para o bem-estar social!

É importante evidenciar termos como “O Estado é laico”! Isso significa que o Governo não tem religião por apresentar-se de todos. Façamos uma pergunta: a política é laica? NÃO! Porque ela representa as convicções dos cidadãos. Pois os cidadãos têm crenças e valores. O Estado é laico, mas não laicista, ou seja, não é contra a religião. O Governo não tem religião, mas o povo tem! Portanto, a política é a manifestação das crenças e valores do povo. Fortalecendo essa afirmação, um dos maiores filósofos, do nosso tempo, bastante conceituado, Michael Sandel, da Universidade de Harvard, disse: “É muito bem-vindo ao debate político as questões religiosas, porque fazem parte das convicções do ser humano”.

Em uma sociedade livre as pessoas podem pautar as suas convicções políticas em qualquer ideologia, seja ela, religiosa ou não. A liberdade é uma das coisas mais espetaculares do Estado Democrático de Direto, por mais esdrúxulo que seja a manifestação do pensamento. Se estamos em uma sociedade livre para todos pensarem a mesma coisa que um grupo social quer, isso não é Estado Democrático de Direito. É ditadura da opinião, a famosa ditadura do falso consenso.

O artigo 5° da Constituição Federativa do Brasil diz: “todos são iguais perante a lei”. Você pode ser religioso, o outro, pode ser médico, engenheiro, ativista político. Todos tem o direito de expressar suas convicções. Ainda no artigo 5° inciso VIII diz: “ninguém será privado de direito por crença religiosa ou por convicções filosóficas ou políticas”.

Para os cristãos o cristianismo não é uma religião. É o reino de Deus para ser implantado na Terra. É um estilo de vida! Porém, para a sociedade o cristianismo é uma religião.

Há um jogo que diz: religião e política não se misturam! Há controvérsias nessa tese. Religião e política não se misturam quando alguma religião quer impor aos outros de seguir sua crença e impedir a manifestação da crença dos outros. Isso sim não pode se misturar. Pois cada um é livre para acreditar no que quiser.

É importante salientar a contribuição do cristianismo e da reforma protestante para o Mundo e, principalmente, o Ocidente:
I. O cristianismo é a principal tradição do mundo ocidental e o mais importante fator na formação da Europa e das Américas;

II. A influência cristã permeia todos os aspectos da vida desses continentes;

III. Vem do cristianismo a proteção à vida, direitos humanos, valorização da criança, mulher, idoso, casamento e a vida em família;

IV. As maiores universidades do mundo foram criadas por cristãos: Paris, Bolonha, Oxford, Harvard, Yale, Princeton;

V. Foi a reforma protestante que marcou a passagem do Mundo Medieval para o Moderno;

VI. A escola pública veio da reforma protestante;

VII. Foi a reforma protestante que deu acesso aos homens de classes mais baixas a conquistar riquezas e posições;

VIII. Foi a reforma protestante que deixou a concepção de que a ignorância é o grande mal para a verdadeira religião;

Segunda a Bíblia, Deus não elimina a vida política das pessoas. Ele no Antigo e Novo Testamento trata o ser humano como um ser: biológico, psicológico, sociológico e espiritual. Por exemplo, o povo de Israel no deserto, Deus mandava maná e brotava água da rocha (mundo biológico). Deus mandou o povo, no deserto, fazer três festas (mundo psicológico). Deus dividiu o povo em tribos, em hierarquia, em príncipes (mundo sociológico – a política está aqui). A presença de Deus durante o dia, numa nuvem, e a noite uma coluna de fogo e a Shekinah de Deus que se manifestava no monte (mundo espiritual).


No Novo Testamento em Mateus 6: 25-33 Jesus trata o homem como um ser biológico, psicológico, sociológico e espiritual. “Não andeis ansiosos” (ansiedade – mundo psicológico). “No que há de comer” (alimento – mundo biológico). “E quanto aos vestidos” (vestimenta – mundo sociológico). “Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (mundo espiritual).

Portanto, perante a igualdade diante da Constituição Brasileira, temos o direito de ir e vir. Sendo que as convicções não podem ser motivos de paralisação de projetos para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e sustentável. A maldade e a injustiça, em boa parte das comunidades, às vezes imperam por consequência da timidez de quem pode fazer o bem comum e não o faz. Parafraseando, Miguel de Cervantes de Saavedra, célebre escritor espanhol, o sonho que se sonha só é apenas um sonho, porém o sonho que se sonha em conjunto é realidade!

 Josiel Bezerra

Contribuição : Pastor Teobaldo Pedro


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