Foto reprodução CPT
Da Redação
Prof.Taciano Medrado
Bombas de gás, spray de pimenta,
casas destruídas, trabalhadores feridos e cerca de 700 famílias sem ter para
onde ir. Essa é a situação dos acampamentos Abril Vermelho, no Projeto Salitre,
em Juazeiro, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, no Projeto Nilo Coelho, em Casa
Nova (BA). Os despejos violentos realizados pela Polícia Federal, que tiveram
início na madrugada de hoje (25), cumprem mandados de reintegração de posse em
favor da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codevasf).
Em Juazeiro, os/as integrantes do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupavam a área desde 2012.
No local, há uma produção diversificada da agricultura familiar. “Aqui
sustentava pra mais de duas mil pessoas, o projeto é grande, tem banana, coco,
tem todo tipo de fruta. A gente alimentava o Ceasa, e o que a gente faz aqui
dentro alimentava também a mesa de quem tá fazendo isso aí [destruindo o acampamento]”,
desabafa o acampado Francisco Nascimento.
De acordo com os acampados/as, o
despejo começou por volta das 5h. “Começaram a soltar a bomba de gás, muita
criança desmaiou, velhos também desmaiaram, um companheiro foi atingido na
cabeça e foi para o hospital”, relata Francisco. No local, há grande presença
das polícias Federal e Militar, inclusive sobrevoando a área. Durante a manhã,
a via que dá acesso ao acampamento Abril Vermelho estava bloqueada pela Polícia
Militar, que impedia qualquer veículo de passar, até mesmo a imprensa.
“Isso é muita crueldade, os alunos,
os sem terrinhas, as crianças aqui do acampamento [Abril Vermelho], algumas
ainda dormindo, acordaram sem ar por conta da fumaça que foi muito grande”,
comenta a professora e liderança do MST Socorro Varela. O clima nos
acampamentos é de muita tristeza, horror e destruição. “A gente está triste,
com o coração abatido, com o coração triste mesmo, vontade de chorar. Não temos
lugar pra ir, estamos na mão de Deus”, diz um dos despejados.
Diante de toda essa violência e
repressão do Estado, que está aliado aos interesses dos projetos do capital,
os/as acampados afirmam que vão resistir. “O povo lutador não vai se calar, nós
vamos ter nossa terra porque nós vamos continuar buscando e precisamos da nossa
terra. A gente sabe que aqui o agronegócio fortalece os órgãos públicos e assim
existe uma parceria entre eles”, destaca Socorro. A professora acrescenta ainda
que “o povo do acampamento Abril Vermelho pede justiça, terra, água, energia, escola
e vida digna para os trabalhadores/as”.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT)
reitera o repúdio à decisão judicial que determinou a reintegração de posse dos
acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, e manifesta
solidariedade aos trabalhadores/as atingidos pelos despejos.
"Bem aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça, que deles é o reino dos céus" Mateus (5,
10).
Textos e fotos: CPT Juazeiro
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