foto reprodução Internet
Por Mario Gomes
Esse provérbio parece incontestável, porém
quando se trata de Juazeiro e Petrolina, ele se modifica.
Desde 1956, já trabalhando nas Lojas
Silva, com 17 anos de idade, já conhecia
as rusgas das duas cidades. No meado do século vinte, as brigas entre elas já
existiam, principalmente entre jovens. Nos anos 60/70, já engrossavam. Hoje não é diferente, mesmo em outras
proporções, claro.
No final de outubro deste ano, fui
convidado a participar de uma reunião em Petrolina, na UNIVASF, para ser
discutido o desenvolvimento do Vale do São Francisco. Ali chegando, deparei-me
com alguns conhecidos, principalmente de Juazeiro. Foi uma reunião muito
válida. Como não poderia deixar de ser, ouve algumas provocações,
principalmente contra Juazeiro - o que já é comum. Em determinado momento
alguém disse: Petrolina é a cidade dos
ricos, com alguns pobres; Juazeiro é a
cidade dos pobres, com poucos ricos e parte mora em Petrolina. O debate foi
esquentando, pois alguns foram munidos de lenha, sempre jogando na fogueira,
90% contra Juazeiro, até que um senhor muito sensato perguntou se permitíamos
que ele definisse, com uma palavra Juazeiro e Petrolina. Ouve unanimidade. E
ele, serenamente disse:
Petrolina é Dubai. E as expressões
faciais, todas, eram de interrogação. Ora, se Dubai, hoje,
considerada uma das mais ricas e prósperas do mundo, que seria Juazeiro?
Foi um silêncio fúnebre. E ele disparou: Juazeiro é Roma. O alívio foi
sensacional. Um virava para o outro, como a dizer: porra! O mais apressado da
turma, rapidamente disse: Roma é a cidade eterna. Roma é a cidade dos Profetas. Roma é a cidade
de grandes pensadores, Roma é a cidade número UM da cultura, das religiões, das
artes, da história.
Depois de uma vibração incontida,
principalmente dos juazeirenses, ele retorna afirmando: Juazeiro tem uma
história feita a várias cabeças, de homens e mulheres que fizeram a diferença.
Resta-nos resgatá - lá. O meu entusiasmo foi tão grande, que mesmo sendo ali, o
de menor conhecimento, porém contando com um pouco de experiência, não vacilei
em afirmar o que aquele senhor disse. E contei um fato que afirma e reafirma
quem é Juazeiro. " No ano 2004 ou 2005, representando o Lions da Bahia,
Distrito LA-2, estive em Manaus para participar de um encontro sobre a Transposição
do São Francisco, cujo palestrante era o senador Jarbas Passarinho. Ao me
apresentar disse que era de Juazeiro da Bahia.
Ao encerrar minha palavra, veio
em meu encontro um homem franzino, barbudo, de óculos, cabelos grandes (pouse
de artista), simpático e me inquiriu: "o senhor é de Juazeiro da Bahia? -
Sim senhor. - Sabe que Juazeiro da Bahia é a terra que tem mais artista por
metro quadrado? - Não! - Aguarde. Foi pegou uma cartilha, que tinha
curiosidades sobre + - 300 cidades. - Tá
aqui. abriu e leu.
Depois desse encontro, colhi informações com amigos (as) mais idosos
(as), passei a me perguntar: quem é
Juazeiro? Patenteei :
É a terra dos diferentes, mas, possíveis - Mestre
Alfredo, o exímio marceneiro; Ledo Ivo, o elevado escultor; Família Cardoso (a
família símbolo da educação); Targino Gondim, Sérgio do Forró, Raimundinho da
acordeom, os reis da sanfona; Manuca, Herkis Felix, destaques no teatro e no
cinema; Padre Luna, Joshef Bandeira, poetas e grandes oradores; Joaquim
Barreto, o escritor; Bolivar Santana, escritor, orador e político com P
maiúsculo; Osvaldo Benevides, o criativo empresário da comunicação; Miécio
Caffé, cartunista com bico de pena, considerado um dos melhores do mundo; Lília
/ Hélia / Lize Caffé, professoras de inglês,
piano e canto; Sam Duarte, pintor por excelência, de grandes
personalidades; Euvaldo Macêdo filho , o bisturi da fotografia dos ambientes;
Edésio Santos/Urbano, destaques nas cordas do violão e cavaquinho; Dozinho,
Artur Lima, Caboclinho, Zé Rapadura, Daniel Alves e Luiz Pereira , os mágicos
com a bola no pé; um time de craques na educação e cultura: Professores: Judite
Leal Costa, Aidê Fonseca Falcão, Guiomar Lustosa Rodrigues, Bebela, José
Pereira, Graciosa, Cremildes Brandão,
Rivadávio Espínola Ramos, Cândido etc.
etc.;
Luiz Galvão, Ivete Sangalo, o incomparável
João Gilberto, os cristalinos da voz.
E
concluir: Juazeiro é uma Roma; Juazeiro é uma cidade alegre; Juazeiro é uma
cidade acolhedora; Juazeiro é uma cidade que debulha carinho e fraternidade; Juazeiro
é uma cidade que ouve com quatro ouvidos e vê com quatro olhos; Juazeiro tem
história, marco da vida. Quem não tem história não existe.
Faço minhas as palavras do Pe. Luna pedindo
por Juazeiro:
"Senhora das Grotas, tome conta de
Juazeiro.
Acompanhe sua infância e Juventude. Ampare
seus filhos. Inspire seus dirigentes. Promova seus pobres. Liberte seus
oprimidos. ... Guarde o tesouro do seu passado. E cubra de muito progresso o
seu futuro.
"Para que juntos cantemos na glória
Com voz pura sublime e altaneira
Em transporte de amor à vitória
De tão santa e imortal padroeira".
"Há quem viva nesta vida
poupando tudo que tem,
se preocupando em deixar
carro, casa, outro bem.
Mas lhe digo uma verdade:
bom mesmo é deixar saudade
no coração de alguém".
Juazeiro deixa saudade
no que chega e no que sai,
no que fica e no que vai.
Querida JUAZEIRO, você será sempre eterna,
como Roma. Será sempre simples, festiva, acolhedora, estreita como nossas
veias, porém carregando o sangue que alimenta a vida.
Mário Gomes.
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