Da Redação
Prof.Taciano
A Polícia Civil do Pará
deflagrou na manhã desta terça-feira, 26, a Operação Fogo do Sairé, que
concluiu que o incêndio que atingiu uma Área de Preservação Ambiental (APA) no
distrito turístico de Alter
do Chão em setembro deste ano teve envolvimento de ONGs
(organizações não-governamentais). Policiais cumpriram quatro mandados de
prisão preventiva contra integrantes da Brigada de Incêndio de Alter.
De acordo com as
informações divulgadas pela polícia, foram colhidos indícios em dois meses de
investigações que apontam o envolvimento da brigada como “causadora do referido
episódio”. Daniel Gutierrez, que estava à frente da operação, João Victor Pereira
Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner foram presos.
Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz
da 1ª Vara Criminal, Alexandre Rizzi. A operação está sendo coordenada pela
Delegacia Especializada em Conflitos Agrários de Santarém (Deca) e Núcleo de
Apoio à Investigação (NAI), com o apoio da Diretoria de Polícia do Interior
(DPI).
De acordo
com o delegado José Humberto de Mello Júnior, diretor de Polícia do Interior do
Pará, os investigadores encontraram indícios de que membros da brigada haviam
sido beneficiados financeiramente com as queimadas. Com base em tais indícios,
a polícia interceptou as ligações telefônicas dos suspeitos.
O grupo
teria arrecado 300 mil reais em doações realizadas por causa dos incêndios.
Cerca de 47 mil reais teriam sido recebidos com a venda de imagens da floresta
ardendo, fogo que teria sido causado pelos próprios membros das brigadas,
segundo Mello. O delegado, no entanto, não deu detalhes de como teria sido a
participação dos presos nos supostos crimes.
Entre os
alvos da ação está também a sede do Projeto Saúde e Alegria. No local havia por
volta das 13h uma grande movimentação de policiais e resistência dos dirigentes
em permitir o cumprimento da ordem judicial. O diretor da instituição, Caetano
Scannavino, está em Brasília para participar de uma audiência no Congresso –
ele deve dar uma entrevista coletiva às 16h. Ele falou brevemente à reportagem
dizendo que não sabe qual é a acusação.
Em nota,
o projeto confirmou as buscas em sua sede, mas negou qualquer envolvimento da
entidade. “O Projeto Saúde e Alegria foi surpreendido nesta manhã com a busca e
apreensão de documentos pela Polícia Civil. Não existe no momento nenhum
procedimento contra o Projeto Saúde e Alegria, mas apenas a apreensão de
documentos institucionais no âmbito de um inquérito a respeito do qual ainda
não temos acesso a nenhuma informação”, disse a entidade. “Reforçamos que
estamos colaborando com as investigações. A instituição acredita no Estado Democrático
de Direito
e espera assim como todos os que estão acompanhando, o mais rápido
esclarecimento dos fatos.”
Também
por meio de nota, o instituto Aquífero Alter do Chão, parceiro dos Brigadistas,
disse que “membros e apoiadores da Brigada, entre eles advogados, estão
apurando o que levou a esse fato”. “Estamos em choque com a prisão de pessoas
que nada fazem senão dedicar parte de suas vidas à proteção da comunidade,
porém certos de que qualquer que seja a denúncia, ela será esclarecida e a inocência
da Brigada e seus membros devidamente reconhecida”, afirmou a entidade.
Um colega
de turma de Gutierrez, que se formou com o brigadista em 2005 no curso de
Jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo, não acredita que seria capaz
de fazer isso. “A preservação ambiental sempre esteve no seu DNA desde a época
da faculdade e seria muito difícil acreditar que um incêndio criminoso em uma
área de preservação esteja relacionado ao Daniel”, afirmou a VEJA o colega, que
optou por não se identificar.
Fonte : VEJA
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