foto reprodução instragram
Da Redação
Prof. Taciano Medrado
Olá caríssimo(a)s leitore(a)s,
Matheus Ribeiro, jornalista da TV
Anhanguera que pediu demissão por não aceitar redução salarial (relembre aqui),
enviou uma carta de despedida para Brenda Freitas, diretora de Jornalismo da
afiliada da Globo em Goiás.
De acordo com o colunista Léo Dias,
do UOL, o conteúdo da carta expôs conflitos do profissional com a direção da
emissora. Matheus chegou a alegar ter sofrido perseguição, com punições e
advertências cometidas por seus superiores. Além disso, ele afirmou que o seu
salário de R$ 8 mil foi reduzido para R$ 3,9 mil sem nenhum aviso prévio.
Enumerando situações que ele
classificou como “lastimáveis”, “arbitrárias”, “beligerantes” e “exageradas”,
Matheus criticou a postura da direção da TV Anhanguera em relação a suas
atuações nas redes sociais. Somando a isto, ele criticou o surgimento de um
conflito entre sua atividade profissional na televisão e sua empresa.
Confira a carta na íntegra:
"Brenda,
Diante de todos os fatos das últimas
semanas, irei solicitar a rescisão indireta do meu contrato de trabalho com a
emissora. A forma como venho sendo tratado aqui, as restrições que vêm sendo
impostas, as ilegalidades que foram cometidas e o tratamento incompatível à
minha entrega como âncora do principal jornal da casa me obrigam a tomar essa
decisão. Você sabe, mas não custa lembrar:
1) Há um mês, você mandou o chefe de
redação aplicar uma advertência a mim por causa de uma foto com a moça com quem
faço massagem, com o argumento de que isso seria "publicidade". Além
da estultice na interpretação (já que tenho dezenas de fotos com a dona Elna,
nossa maquiadora, e isso nunca foi visto como divulgação alguma), a emissora
parece não saber o valor de seu profissional. Eu não faria publicidade por uma
massagem que custa 100 reais. Postei a foto porque é alguém que eu gosto e
redes sociais servem para compartilharmos nosso dia a dia.
2) Você mandou cortar meu salário sem
me avisar, após fazer pressão para cumprir uma carga-horária que, na prática,
nunca existiu. Se havia horas-extras contratuais no meu salário, isso foi um
cambalacho que a própria empresa arrumou para compensar o salário ínfimo que
sempre me foi pago. Nem eu, nem os demais colegas do Jornalismo temos a
obrigatoriedade de bater ponto, devido às mudanças diárias feitas nos nossos
horários. Está documentado. Mesmo assim, ilegalmente, usaram o controle de
acesso da catraca como argumento. Se eu mesmo disse que o caminho era cortar
essas horas-extras, esperava uma postura sensata da direção, em respeito à
minha dedicação e história na casa. Com colegas que exercem funções inferiores
à minha e não entregam o mesmo resultado que eu entrego ganhando salários acima
de 15 mil reais, a TV me pagar um salário de R$ 3.900,00 é acintoso.
3) A pressão para que eu deixasse de
exercer atividades na minha empresa que sequer têm conflito ético com minha
atuação jornalística. Há mais de um ano, você e demais diretores têm total
ciência de que minha empresa comprava mídia para alguns clientes aqui no grupo.
Considerava até que isso era bem visto, já que informei que não havia outros
veículos de comunicação nos planos de mídia desenvolvidos pela minha agência:
sempre trouxe a verba de meus clientes para esta empresa, pela qual sempre tive
gratidão e apreço. O pedido do Ronaldo para que eu fizesse uma escolha entre o
jornal e os meus contratos de mídia foi desrespeitoso, já que sempre houve
conhecimento pleno das atividades que desenvolvo, algo que está documentado com
contratos, e-mails, cartas de credenciamento, notas fiscais e até brindes que
ganhei por ser proprietário de agência.
4) Por fim, mas não menos lastimável,
esse cabresto ridículo que a direção deseja impor sobre minha atuação nas redes
sociais, algo que foi e é bastante explorado pela emissora para beneficiar seus
produtos. Tenho o maior número de seguidores entre os nossos colegas, minhas
redes superam as da própria emissora, tenho uma relação legal com o meu
público, converto isso em resultados para o jornal... Me proibir de fazer uma
live para conversar com meus amigos e bater papo com os seguidores beira a
censura desmotivada, pelo simples prazer de exercer o poder.
Some a tudo isso problemas mais
antigos, que jamais foram "lembrados" nas nossas conversas, como o
fato de eu apresentar o jornal há anos e ter no meu contrato a função de
repórter.
Eu cheguei aqui um menino, cru e
precisando aprender. Sou muito grato pelas oportunidades que me foram dadas e
creio que demonstrei isso por um bom tempo. Tenho certeza de que já retribui
tudo o que a empresa fez por mim. Só que há tempos essa relação está desigual e
tóxica. Estou infeliz com este ambiente de trabalho, me sinto desrespeitado,
menosprezado e subutilizado.
Gostaria, apenas, de entender qual a
motivação de uma postura tão beligerante, arbitrária e exagerada em relação à
mim. Fico curioso e intrigado para entender o porque da perseguição, dessa
necessidade de colocar rédeas... Alguma atitude minha gerou essa necessidade?
Algo está incomodando a ponto de gerar isso tudo?
Preferências pessoais à parte, sou um
profissional que cumpre suas funções e entrega resultados além do esperado. Não
custa lembrar que, com o trabalho de um time extremamente competente do qual
tenho orgulho de fazer, o JA2 alcançou recentemente uma das suas maiores
audiências da história. Recorde que, caso não lembre, batemos outras vezes
desde que comecei a apresentar.
Ouvir, como ouvi do Ronaldo, na sua
frente, que tenho "um grande futuro pela frente na empresa" é
incompatível com a realidade. Apresento o jornal de maior audiência de Goiás há
cinco anos. O meu futuro é hoje. Para mim, a TV ficou no passado.
Atenciosamente,
Matheus Ribeiro"
Matheus Ribeiro"
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