REMÉDIOS CONTRA AIDS CURAM PACIENTE COM CORONAVÍRUS NA ESPANHA
porTaciano G. M. Sobrinho—0
Da Redação
Prof. Taciano Medrado
Olá caríssimo(a)s leitore(a)s,
Um tratamento experimental, baseado nos
medicamentos mais utilizados contra aAIDS há mais de uma década, foi a opção escolhida pelos médicos
do Hospital Virgen del Rocío de Sevilha (sul da Espanha) para tratar com
sucesso o primeiro
paciente contaminado na Espanha com o coronavírus SARS-CoV-2. Trata-se da aplicação de
lopinavir/ritonavir, também usado para combater infecções pelo HIV, junto ao
interferon beta, uma proteína que ajuda as células a se protegerem da infecção,
confirmaram fontes médicas ao EL PAÍS.
“É um tratamento experimental que deu bons
resultados frente a outros vírus”, explica Albert Bosch, presidente da
Sociedade Espanhola de Virologia. “Uma de suas maiores vantagens é que são
fármacos aprovados e utilizados em outras indicações, por isso não há dúvidas
sobre sua segurança”, acrescenta.
Um destes vírus suscetíveis ao tratamento é o que causa a
Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, na sigla em inglês). Embora uma
recente comunicação publicada na revista Nature recordasse que
“não existem tratamentos aprovados contra a MERS”, aArábia Saudita —país
mais afetado por essa doença— está promovendo estudos clínicos em seres
humanos. “Os resultados são promissores, mas ainda não há suficiente evidência
para sua aprovação, e estão em fase experimental”, afirma os especialistas
consultados
Santiago Moreno, chefe de doenças infecciosas do Hospital Ramón
y Cajal (Madri), explica que “a protease do
SARS-CoV-2se parece muito com a do HIV”, e que “essa enzima é
fundamental para que o vírus possa se replicar”. “A combinação de lopinavir e
ritonavir a inibe e bloqueia o HIV”, acrescenta. “Os resultados que conhecemos
até agora sobre seu uso contra o coronavírus são animadores”, afirma.
O interferon beta, o outro fármaco utilizado em Sevilha, tem um
mecanismo de atuação semelhante. É uma das chamadas proteínas sinalizadoras
produzidas de forma natural pelas células humanas ao serem infectadas por um
vírus. “O objetivo é alertar às demais células, que desenvolvem assim uma maior
resistência à infecção”, ilustra Bosch. Alguns hospitais de
Wuhantambém utilizaram o tratamento empregado no Virgen del
Rocío em pacientes com o coronavírus CoV-19, segundo várias comunicações
publicadas em revistas científicas, embora novamente “as provas sobre sua
eficácia sejam escassas”, segundo os especialistas.
O uso de lopinavir/ritonavir junto ao interferon beta é um dos
chamados tratamentos para “uso compassivo experimental” aprovados pelo
Ministério da Saúde da Espanha. São terapias cujo uso pode ser solicitado
quando não existirem alternativas terapêuticas disponíveis, habitualmente em
doenças graves ou potencialmente letais. Os médicos que considerem que pode ser
útil para um determinado paciente devem obter por escrito uma autorização para
administrá-lo, tanto do doente como das autoridades sanitárias
Os bons resultados obtidos no Hospital Virgen do Rocío nesse
paciente, de 62 anos, são notáveis devido ao recente
surgimento da Covid-19 e porque oferece uma nova evidência
clínica. Como ocorre na medicina, entretanto, um caso isolado não significa que
possa ser utilizado em outros doentes, nem que o resultado será o mesmo. Essa é
a tarefa dos testes clínicos.
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