Levar em consideração a
presença de Lula na feitura de pesquisas e pretensas pré articulações
políticas, é simplesmente não entender ou querer cegar-se à realidade objetiva
da política brasileira de que, Lula não é e nem será candidato a nada em 2022.
Vamos começar a analisar da
geopolítica para a micropolítica.
1 – No dia 17 de março desse
ano, Lula concedeu uma entrevista para a CNN americana. Estava falando para a
elite de Wall Street, para parte significativa do “Deep State” americano, para
as Big Tech’s, o Silicon Valley e setores mais progressistas do partido
democrata. Não houve nenhuma sinalização positiva em direção a Lula ou ao PT
dessas forças políticas e econômicas americanas.
2 – Em 19 de março, o Le Monde
publica uma entrevista com Lula. Lá estava ele tentando se comunicar e
mostrar-se viável para a OTAN, a União Europeia (principalmente para França,
Inglaterra e Alemanha), o Conselho Atlântico e acenou para o Papa Francisco.
Aqui também, não conseguiu apoio nenhum para sua candidatura em 2022.
3 – O atual governo
Biden/Harris é a versão Obama/Biden 3.0. Kamala Harris (a atual vice-presidente
americana) nada mais é do que a mão forte dos Clintons na Casa Branca. Quem foi
que deu estrutura, corpo, apoio e financiamento para o impeachment de Dilma Rousseff
em 2016, numa estratégia comum ao Estado americano de “Guerra
Não-Convencional”, “Guerra Híbrida” e “Revolução Colorida”? Exatamente
Obama/Biden 1.0 e 2.0 que cacifaram tudo. Derrubaram Dilma e colocaram Lula na
cadeia.
Todos os atores que estavam
operando na derrubada do PT estão no entorno do presidente Biden. Victoria
Nuland, Wendy Sherman, Tony Blinken, Jake Sullivan. Ou seja, são os mesmos
personagens da época.
O Estado americano e o governo
americano até agora, não indicaram que farão um giro de 180 graus para apoiar
Lula. Não é a lógica deles e nem está na lista de prioridades. Todos os
indicativos apontam que o governo americano não apoiará Lula em 2022.
4 – Lula não pode se valer dos
adversários naturais dos EUA na nova ordem geopolítica, China e Rússia, porque
como é de conhecimento estratégico, esses dois players globais, desde os anos
80 não interferem nos caminhos da política brasileira num nível de alteração
drástica dos cenários eleitorais. Não existe nem um tipo de sinalização partindo
de Moscou através de Sergey Lavrov, bem como de Pequim, através de Wang Yi.
Lula está isolado internacionalmente.
5 – Na América do Sul a
situação não é muito diferente. Historicamente sempre foi o Brasil que,
utilizando de sua liderança regional, robustez econômica e amplo diálogo com os
EUA e a Europa, ajudaram a constituir lideranças e projetos no sul américa.
Não o contrário. Outrossim,
vejamos quais forças políticas estão comandando os países sul-americanos:
1 – Brasil: Direita
2 – Bolívia: Direita
3 – Colômbia: Direita
4 – Paraguai: Direita
5 – Chile: Centro Direita
6 – Uruguai: Centro Direita
7 – Equador: Centro
8 – Peru: “Em disputa no
momento em que está sendo escrita essa análise”
9 – Argentina: Esquerda
10 – Venezuela: Esquerda
11 – Suriname: Centro Esquerda
12 – Guiana: Centro Esquerda
É essa realidade que Lula está
enfrentando. Numa América Latina profundamente dividida entre interesses
nacionais e estrangeiros, com economias afundadas em crises, agravadas pela
Covid-19 e com as populações à beira de um colapso na sua renda e o alto índice
de desemprego, o que pode fazer Lula? Qual o projeto do PT para o Brasil e para
a latino américa? Voltar aos “tempos prósperos” do Lula 1.0 e 2.0? Impossível.
O ciclo das commodities,
puxado pela industrialização Chinesa, ficou para trás. Quais países
continentais ainda restaram que não completaram suas infraestruturas? Índia e
África. Nenhum dos dois tem capital interno suficientes para iniciar um ciclo
de desenvolvimento a partir dos seus hiatos de infraestrutura. Logo, esqueçam.
Não haverá “lulismo” capaz de
resolver os problemas estruturais do Brasil. E ele sabe disso. Fora a Argentina
e a Venezuela que poderiam ainda, miseravelmente, dar uma palavra de apoio a
Lula, mais ninguém.
6 – A realidade objetiva de Lula
é a seguinte. No auge do seu processo de soltura, não consegue firmar-se como
um polo de força capaz de unificar os partidos de esquerda. Tem dificuldades
intransponíveis em dois polos que sempre foram definidores das eleições
presidenciais no Brasil:
A – Coalisão de classes para
chegar ao poder;
B – Ter maioria das intenções
de votos no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Na tragédia que virou o modelo
institucional e econômico brasileiro, consagrados pela Constituição de 88 e
executados por todos os presidentes seguintes, a destruição dos setores
industriais e do trabalho, aniquilaram a mínima possibilidade de reeditar, por
exemplo, uma composição de chapa com um industrial, a lá 2002, eficaz para
Lula.
O ciclo do antipetismo ainda
não foi encerrado. Pelo contrário. Está em curso. Os resultados eleitorais de
2016 para cá, só indicam que o fundo do poço da expectativa popular com o PT e
Lula, estão longe de serem atingidos.
O que é que tem o PT e Lula de
força política e eleitoral real hoje? O PT não conseguiu eleger nenhum prefeito
de capital em 2020. São 177 prefeituras, pouco mais de 3% das prefeituras
brasileiras. Muitas delas municípios pequenos e muito pobres. Tem apenas 128
deputados estaduais espalhados pelo Brasil. Das 1.059 cadeiras nas assembleias
legislativas de todo o país, o PT conta apenas com 128 cadeiras. A menor média
histórica disparada do PT. Governa apenas 4 Estados e todos eles numa mesma
região, o Nordeste. Tendo ainda um agravante. No Ceará, o governador Camilo
Santana (PT), é umbilicalmente ligado a Ciro Gomes (PDT). Inclusive, com
enormes possibilidades de migrar de partido caso não haja unidade entre PT e
PDT na disputa presidencial - o que é quase impossível de acontecer - perderá
então, uma cadeira de governador o PT. No Congresso Nacional, o PT conta com 56
deputados federais e 6 senadores. É exatamente aqui que está a chave de
compreensão para traduzir a jogada de Lula e do PT no ano de 2022. Com rejeição
ainda histórica e demonstrada por todos os números, a “pseudo candidatura Lula”
serve apenas para tentar animar o auditório do eleitorado brasileiro no intuito
de manter essas cadeiras no Congresso Nacional, afim de não perder os quase 500
milhões de reais de Fundo Partidário, pois sabe que o PT não tem a menor chance
de eleger um presidente em 2022. Aqui cabe uma pergunta conclusiva. É com esse
conjunto minoritário de forças que o PT pretende unificar a esquerda,
viabilizar a candidatura do partido e vencer a eleição presidencial?
Evidentemente que não. Terão candidato apenas para manter bancada. E esse
candidato não será Lula.
7 – Lula é inelegível
eleitoralmente. As últimas consultas populares através da única ferramenta
possível de analisar com algum critério e veracidade, as variações de intenção
e rejeição popular a qualquer candidato (pesquisas), trazem uma certeza
claríssima: Lula ainda que esteja elegível juridicamente (o que também será
quase impossível), não tem poder nem força para eleger-se presidente. Vamos aos
números. Intenção de votos Lula: 32% Rejeição Lula: 56% Lula é conhecido por:
100% dos eleitores. Todos os especialistas no campo do conhecimento cientifico
político/publicitário, sabem que num cenário como esse, é impossível reverter a
rejeição de Lula, impedindo-o de crescer acima de 35%, patamar que ele e o PT tiveram
historicamente entre 1989 a 1998, e não foi capaz de elege-lo. Outro ponto
extremamente significativo é de que, numa eleição de dois turnos, como é o caso
da brasileira, nenhum candidato com rejeição maior de 50% pode vencer. Se no
primeiro turno, a eleição se define a partir da intenção de votos do candidato,
no segundo turno, a natureza da eleição inverte. Ela é uma eleição que vencerá,
quem tiver menor rejeição. A rejeição de Lula e do PT é extremamente
consolidada na mente do eleitor brasileiro. Quem vota, vota. Quem não vota, não
vota. É ponto pacifico.
8 – Cenário eleitoral para
2022. É certo de que em 2022, teremos no Brasil quatro candidaturas. Uma de
direita, uma de centro-direita, uma de centro-esquerda e uma de esquerda.
Aparecem naturalmente os nomes do presidente Jair Bolsonaro, do ex-juíz Sérgio
Moro, do ex-ministro Ciro Gomes e do candidato do PT (seja quem for). Aqui há
uma certeza para dificultar ainda mais a vida do PT, caso, seu candidato (que
não será Lula. Mais ainda que fosse) alcance o segundo turno, Ciro Gomes que
capitalizará os votos de centro-esquerda, não apoiará o PT num segundo turno, a
despeito do que já fez em 2018. 9 – Quem poderá ser o candidato do PT à
presidência em 2022? Posto que Lula não será candidato a presidente em 2022,
surge essa pergunta naturalmente. Partindo de premissas lógicas de escolha,
vamos aos possíveis nomes e suas circunstâncias.
A – Fernando Haddad: Pesquisas
atuais apontam o ex-prefeito de São Paulo com 17% de intenções de votos para o
governo paulista. Chegando em abril do no que vem com alguma chance de disputar
a cadeira do Palácio dos Bandeirantes, o PT não irá retirá-lo para ser
novamente derrotado à presidência. Caso contrário, vai mesmo de Haddad
candidato a presidência em 2022.
B – Wellington Dias: Atual
governador reeleito no Estado do Piauí, Wellington era senador quando
licenciou-se para concorrer ao Palácio de Karnak e vencer por duas vezes o
governo do Piaui. Irá candidatar-se novamente ao senado e garantir mais uma
cadeira para o PT na “Casa Alta” do Congresso Nacional. Lula não irá retirá-lo
da disputa no Piauí para fazer dele candidato derrotado ao Planalto em 2022.
C – Fátima Bezerra: Atual
governadora do Rio Grande do Norte, irá disputar sua reeleição sentada na
cadeira do governo. Lula não irá retirá-la da disputa no Rio Grande do Norte
correndo o risco de perder além da eleição presidencial, o Palácio de Despachos
de Lagoa Nova.
D – Camilo Santana: Atual
governador reeleito do Estado do Ceará, Camilo irá disputar a única cadeira ao
Senado em 2022 no Ceará, pertencente hoje ao senador Tasso Gereissati. Ainda
existe a possibilidade do governador Camilo sair do PT por determinação
conjuntural do grupo a que ele pertence e que é comandado por Ciro Gomes.
Camilo Santana está definitivamente fora dos planos petistas à presidência da
república.
E – Rui Costa: Atual
governador reeleito no Estado da Bahia, Rui pode ser o nome escolhido por Lula
para a presidência em 2022, ou ainda tentar a única cadeira em disputa ao
Senado na Bahia. Cadeira essa ocupada hoje por seu aliado, Otto Alencar (PSD).
O PT retira Rui da disputa do Senado para não rachar a base de apoio ao PT na
disputa pelo governo da Bahia e dar de mão beijada o Palácio de Ondina a ACM
Neto, ou leva Rui Costa para ser candidato a presidência da república? Esta
resposta só quem dará é Lula.
F – Jaques Wagner: Senador
eleito em 2018 pelo PT na Bahia, Wagner aparece como o mais viável nome na
conjuntura petista. Pode licenciar-se do Senado e ser, tanto candidato a
governador como candidato a presidência da república sem o PT perder uma
cadeira no Senado. Veremos agora, se a sua resposta para a pergunta que dá
título a essa análise ainda é a mesma: Quem tem Medo de Lula?
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