Presidente da Nicarágua,
Daniel Ortega, em encontro com lideranças latinas na Venezuela, em março de
2018 (Foto: Flickr/Cancillería Venezuela
Da redação
O
governo da Nicarágua assumiu
o controle do prédio onde antes funcionava a embaixada de Taiwan e repassou o controle
do edifício à China, que
reivindica o controle da ilha autogovernada como se fosse parte do seu
território. As informações são da agência Associated
Press.
A
ação é uma consequência direta do rompimento de relações diplomáticas do
governo Daniel Ortega com Taiwan, ocorrida no início de dezembro, sob a
alegação de que a Nicarágua passaria a reconhecer
somente Beijing como governo legítimo da China.
Antes
de deixar o edifício, o governo de Taiwan tentou doar a propriedade à Igreja
Católica local. Então, Ortega alegou que qualquer doação seria irregular, vez
que apenas Beijing tinha o direito a definir o destino do local.
“Existe
uma só China”, disse o governo da Nicarágua no comunicado que anunciou a
mudança. “A República Popular da China é o único governo legítimo que
representa toda a China, e Taiwan é parte inalienável do território chinês”.
O
Ministério das Relações Exteriores de Taiwan condenou as “ações gravemente
ilegais do regime de Ortega”, dizendo que o governo da Nicarágua violou o
procedimento diplomático padrão ao conceder apenas duas semanas para que
os diplomatas
taiwaneses deixassem o país. A pasta também condenou “a obstrução
arbitrária do governo da Nicarágua à venda simbólica de sua propriedade para a
Igreja Católica da Nicarágua”.
Com
o distanciamento da Nicarágua, restam apenas 14 países que reconhecem Taiwan
como nação independente. As relações diplomáticas entre os dois governos haviam
se estabelecido na década de 1990, quando a então presidente Violeta Chamorro
derrotou o movimento sandinista nas eleições. Ortega manteve o vínculo quando
reassumiu o poder, em 2007, e somente agora pendeu para o lado de Beijing.
Eleito
para mais um mandato em novembro deste ano, Ortega teve a vitória contestada
por Washington, maior aliado de Taiwan. “A prisão arbitrária de quase 40
figuras da oposição desde maio, incluindo sete candidatos presidenciais em
potencial, e o bloqueio da participação dos partidos políticos fraudou o
resultado bem antes do dia das eleições”, disse o presidente
dos EUA, Joe Biden, à época do pleito.
Por
que isso importa?
Relações
exteriores que tratem Taiwan como uma nação autônoma estão, no entendimento de
Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também
encara Hong Kong como território chinês.
Diante
da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu
sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma
no ano passado, e as tensões geopolíticas escalam com rapidez na região.
Jatos
militares chineses passaram a realizar
exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, enquanto
Beijing deixou claro que não aceitará a independência do território “sem
uma guerra”.
O embate,
porém, pode não terminar em confronto
militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios
produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site
norte-americano Business
Insider.
O
documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não
teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma
invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o
relatório do Pentágono.
Caso
ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar
significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a
China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e
das redes de informação.
Para ler mais
acesse, www: professortacianomedrado.com
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