Da redação
Após
reunião entre os secretários estaduais de Saúde na manhã desta sexta-feira,
o Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) divulgou na
manhã desta sexta-feira, 24, uma "carta de Natal às crianças do
Brasil". No texto, o grupo confirma que nenhum Estado exigirá prescrição
médica para a vacinação de crianças contra a covid-19.
Na
quinta-feira, 23, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o
governo vai vacinar as crianças apenas mediante prescrição médica e a
assinatura de um termo de consentimento pelos pais e responsáveis. A aplicação
do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos foi autorizada há mais de uma semana pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda não tem data de início prevista.
O Ministério da Saúde também abriu consulta pública sobre a
exigência de prescrição médica e a obrigatoriedade da imunização. A
iniciativa foi criada em um formulário fora de plataformas do governo federal,
que apresentou instabilidade ao longo desta sexta, com perguntas
dúbias e sem validação de dados, como CPF.
Embora
as estatísticas da própria pasta mostrem que uma criança nessa faixa etária
morreu a cada 2 dias por covid-19 desde o início da pandemia, Queiroga chegou a dizer nesta semana que não há
"emergência" para vaciná-las. Não há data definida para o início
da vacinação. Em nota ao Estadão, a Pfizer afirmou estar "atuando
junto ao governo para definir as etapas do fornecimento das vacinas contra a
covid-19 para imunização da faixa etária de 5 a 11 anos, com estimativa de
entregas a partir de janeiro de 2022".
A
carta é assinada pelo presidente do conselho e secretário de Saúde do Maranhão,
Carlos Lula. "Os cientistas do mundo inteiro apontam a segurança e
eficácia da vacina para crianças! Ela inclusive já começou a ser aplicada em
meninos e meninas de vários países do mundo. Infelizmente há quem ache natural
perder a vida de vocês, pequeninos, para o coronavírus", diz um trecho.
"No
lugar de dificultar, a gente procura facilitar a vacinação de todos os
brasileirinhos. E é esse recado que queremos dar no dia de hoje, véspera de
Natal: quando iniciarmos a vacinação de nossas crianças, avisem aos papais e às
mamães: não será necessário nenhum documento de médico recomendando que tomem a
vacina. A ciência vencerá. A fraternidade vencerá. A medicina vencerá e vocês
estarão protegidos."
O
governador do Ceará, Camilo
Santana (PT), reafirmou em rede social que o Estado irá vacinar
respeitar "o trabalho sério da Anvisa e a posição responsável do
Conass(Conselho Nacional de Secretários de Saúde)". "Jamais
seguiremos os negacionistas, independente do cargo que ocupam. Esses estão mais
preocupados em promover disputas ideológicas e políticas que salvar
vidas", afirmou.
Também
em rede social, o prefeito do Rio, Eduardo
Paes (PSD) postou: "Aqui não vai precisar de atestado para
vacinar crianças não". Ele, ainda, incluiu a imagem de um trecho do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que destaca a obrigatoriedade da
vacinação de crianças "nos casos recomendados pelas autoridades
sanitárias"
Em
nota enviada ao Estadão/Broadcast nesta sexta, a Anvisa enfatizou
ainda que a autorização para o uso da vacina infantil no Brasil não significa
que os pais são obrigados a vacinarem seus filhos. "A concessão dessa
autorização favorece o direito ao acesso, em especial, dos pais que tanto desejam
a imunização dos seus filhos com uma vacina aprovada pela autoridade sanitária
do Brasil e de diversos países", apontou.
"A
covid-19 ainda é uma ameaça para as pessoas que não foram vacinadas, isso
inclui as crianças. Crianças e adultos podem contrair a covid-19, ficando
gravemente doentes, o que pode resultar em hospitalização, e ainda em sequelas
e danos à saúde que podem persistir por várias semanas ou mais após a
infecção", destacou.
Em
evento nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a necessidade
de receita de um profissional de saúde. "No sou médico, tenho uma filha de
11 anos, tem um médico do meu lado aqui. Qualquer procedimento tem que passar
pelas mãos do médico", disse ele, ao ao ser questionado sobre o assunto.
Ex-presidente
da Anvisa diz que exigência de prescrição 'não tem cabimento' e é inviável
Professor
na USP e ex-presidente da Anvisa, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto avalia
que a exigência de prescrição médica é inviável. “Não temos médicos suficientes
para fazer tanta receita. A vacina faz parte do PNI (Programa Nacional de
Imunizações). Eu sinto que estão propondo uma proposta de escape. Não tem
cabimento.”
Ele
também critica a consulta pública criada pelo ministério, a qual apresentou
instabilidade por estar em um formulário fora das plataformas do governo. “Não
faz nenhum sentido. Não tem cabimento ter nessa altura do campeonato. Uma
consulta pública deve ser feita para um assunto com muita controvérsia. A única
controvérsia nesse assunto é a opinião do presidente e de negacionista.”
O
médico ressalta que a vacinação foi avaliada pela Anvisa e pela Câmara Técnica
de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI). “A comissão (CTAI) foi
composta pelo próprio ministro, e agora está sendo desrespeitada por ele”,
afirma.
Bolsonaro:
não há morte de criança que justifique vacina emergencial
Ainda
nesta sexta, Bolsonaro também afirmou que o número de mortes de crianças por
covid-19 no Brasil não justifica uma vacinação emergencial. "Não está
havendo morte de criança que justifique algo emergencial", disse em
entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada.
"Uma
pergunta: está morrendo criança de 5 a 11 anos que justifique algo emergencial?
Está vendo como é duro discutir? É pai que decide, em primeiro lugar. Eu não quero
determinar nada para a saúde", completou o presidente.
O posicionamento de Bolsonaro confere com as declarações de Queiroga sobre a vacinação infantil, embora as estatísticas da própria pasta mostrem que uma criança nessa faixa etária morreu a cada 2 dias por covid-19 desde o início da pandemia. Conforme o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, ao menos 1.148 crianças de 0 a 9 anos morreram de covid no Brasil desde o início da crise. O número supera o total de mortes infantis por doenças com vacinas existentes. /
Com informações do Estadão /colaboração DANIEL WETERMAN
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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