O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 15, que as divergências com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) serão colocadas de lado na eventual composição de uma chapa para disputar a Presidência da República. “Se o Alckmin como meu vice me ajudar a governar, não vejo nenhum problema”, disse, após lembrar que Alckmin ainda precisa escolher seu partido para que a chapa possa se concretizar. A reportagem é de Giordanna Neves, Matheus de Souza e Natália Santos/Estadão
Lula destacou ainda que não tem interesse em ter um vice petista. “Não quero um vice igual a mim. Não quero um vice do meu partido”, afirmou, em entrevista à Rádio Banda B de Curitiba.
Lula criticou a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia em meio a uma crise militar do país com a vizinha Ucrânia. “Eu espero que ele faça algo útil e não volte mentindo”, disse o pré-candidato do PT à Presidência. Bolsonaro desembarcou em Moscou na manhã desta terça-feira, 15 (horário de Brasília), ignorando apelos de integrantes do governo para cancelar a visita, no esforço de evitar impacto nas relações diplomáticas com os Estados Unidos e outros países integrantes da Otan.
“Espero
que quando um presidente da República viaje, ele leve uma pauta séria para
discutir seriamente com outro presidente e depois saiba quais foram os
benefícios que o País ganhou com essa viagem”, declarou Lula. “Espero que agora
voltando da Rússia, [Bolsonaro] tenha tomado um puxão de orelha do Putin e
volte com o mínimo de seriedade para o Brasil, para que o povo possa ir
desfazendo a imagem negativa que tem desse cidadão.”
Reformas
No
quesito das reformas previdenciária e tributária, e o porquê dessas não terem
sido feitas na sua gestão, o ex-presidente afirmou que não eram necessárias
enquanto ele comandava o Planalto. “Quem é que disse que o Brasil precisava das
reformas? Quem disse isso era um setor empresarial que queria se desfazer do
país inteiro”, criticou.
No
entanto, o presidente reforça que, hoje, caso vença a disputa, está convencido
de que o País precisa discutir reforma tributária. “Eu não sei se uma reforma
tributária completa ou a gente discutir tópicos”, disse.
Manifestação
na igreja
A
respeito da polêmica em torno da invasão de uma igreja em Curitiba por um
vereador petista e um grupo de manifestantes, Lula contestou a postura do
parlamentar. “Ele (Renato Freitas) está errado! E se ele está errado, ele
precisa humildemente entender que a palavra ‘desculpa’ não diminui uma pessoa.
A palavra ‘desculpa’ engrandece quem tem a grandeza de pedir desculpas”, disse.
O
vereador Renato Freitas (PT) foi uma das lideranças presentes no protesto
do dia 5 de fevereiro, organizado em Curitiba contra o racismo e os
assassinatos do congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte por cobrar
pagamentos atrasados, e do estoquista de supermercado Durval Teófilo Filho,
alvejado pelo vizinho militar que o confundiu com um ladrão. O encontro
terminou em confusão após um grupo de manifestantes entrar na Igreja Nossa
Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro histórico, após a
celebração de uma missa.
Marco
histórico da luta antirracista no Brasil, a igreja foi construída por e para os
escravos em 1737, abrigando negros impedidos de frequentar outras igrejas por
causa da cor de sua pele. “Essa igreja tem um valor simbólico enorme para a
gente. Por isso a gente entrou e reivindicou a valorização da vida”, afirmou o
parlamentar à época, em seu perfil do Instagram.
Segundo
Lula, o vereador poderia ter pedido para o padre realizar uma missa para o povo
negro de Curitiba e homenagear os que fizeram a igreja. “Ele é vereador. Ele
pode fazer um ofício pedindo para o Bispo para que aquela igreja tenha um ou
dois padres negros. O que não tem sentido é invadir a igreja”, disse.
Apesar de criticar o correligionário, Lula afirmou que o PT vai defender o mandato do vereador: “Não vamos querer que você seja cassado. Não vamos permitir que a direita conservadora da câmara te cassem”.
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