As
chuvas dos últimos dias já começaram a refletir no volume de água armazenada
pela Usina Hidroelétrica de Três Marias (UHE Três Marias), na Região Central
de Minas Gerais. Por esta razão, a Companhia Energética de Minas
Gerias (Cemig) anunciou que irá abrir novamente parte das comportas, liberando
mais água no rio São Francisco.
De
acordo com a estatal, a bacia hidrográfica passa novamente por um cenário de
chuvas, que deve se estender ao longo do final de semana. Nessa situação, é
esperado que as vazões afluentes ao reservatório da UHE Três Marias sigam
aumentando ao longo do fim de semana.
Considerando
esse aumento, a defluência da usina será ajustada, passando de 2.200 metros
cúbicos por segundo (m³/s) para o patamar de 2.480 m³/s na próxima
segunda-feira (14).
Já
a afluência terminou janeiro a pouco mais de 1.500 m³/s, depois de atingir
a marca histórica de mais de 9.200 m³/s no dia 13, a maior em quase 60 anos de
operação da UHE Três Marias. Na manhã deste sábado (12), a vazão de entrada de
água no reservatório já era superior a 3.900 m³/s, o que está fazendo com que o
volume de água aumente.
No
momento das chuvas mais intensas do último mês, o volume último chegou a 94%.
Enquanto as chuvas deram trégua e as comportas ficaram abertas com vazão de
3.000 m³/s, o volume recuou para 85,9% no último sábado (5). Desde então, o
volume voltou a subir, superando 89%.
O início
do controle de cheia em Três Marias começou no dia 7 de janeiro, quando a
produção de energia começou a ser otimizada, aumentando a vazão turbinada de
150 m³/s para 800 m³/s. No dia 14, houve o início da abertura das comportas e
no dia 21 a defluência chegou a 3.000 m³/s, permanecendo neste patamar até o
dia 30, quando iniciou-se uma redução para 2.200 m³/s.
A Cemig
chegou a anunciar que fecharia todas as comportas, entretanto, diante do
cenário de novas chuvas, voltou atrás da decisão e manteve a liberação de
volume maior de água.
Patrimônio
ameaçado
A
Cemig opera a UHE de Três Marias no sentido de tentar evitar uma cheia maior em
Pirapora, onde o Vapor Benjamin Guimarães está atracado em um canteiro às
margens do rio para ser restaurado. Em janeiro, antes mesmo da abertura das
comportas, as cheias do rio Abaeté elevaram o nível da água, que chegou a
atingir a base do casco da embarcação.
À
época, houve uma grande preocupação da enchente atingir o vapor e até mesmo
fazer com que ele tombasse. No entanto, a Cemig esperou o vazão do rio Abaeté
baixar para abrir as comportas e a embarcação não sofreu danos.
Com
a previsão da continuidade da chuva nos próximos dias, há preocupação por nova
elevação do Velho Chico na área onde está o Benjamin. A restauração estava
sendo realizada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico de Minas
Gerais (Iphea-MG), em convênio com o Instituto do Patrimônio Artístico
Nacional (Iphan). Porém, os recursos não foram repassados e os trabalhos foram
interrompidos.
Diante
do impasse, o Governo de Minas Gerais anunciou no mês passado que irá
assumir a integridade da restauração do último barco a lenha ainda em
condições de navegabilidade no mundo.
Norte
de Minas e Bahia
Na
Região Norte do Estado, o nível do rio São Francisco voltou a subir depois de
abaixar quase três metros após o pico da cheia, ocorrida entre 20 e 28 de
janeiro no trecho que vai da foz do rio das Velhas até a divisa com a Bahia. Em
Cachoeira da Manteiga, no município de Buritizeiro, primeiro ponto de
monitoramento depois de Pirapora, o nível recuperou mais de 1,60 m durante esta
semana.
Este
cenário de alta se repete até a Bahia, onde o volume de água já voltou a
aumentar em Carinhanha e Malhada, primeiras cidades do estado banhadas pelo
Velho Chico. Em Bom Jesus da Lapa, onde o nível chegou a 9,20 m no último
sábado (5), recuou apenas 40 centímetros ao longo da semana e já apresenta
tendência de estabilidade, com possibilidade de voltar a subir nos próximos
dois ou três dias.
Neste
momento, o pico da cheia de janeiro ainda não chegou ao reservatório da
Hidroelétrica de Sobradinho. O nível começa a se estabilizar em Ibotirama
e Morpará, mas ainda deve ganhar mais alguns centímetros em Barra.
Sobradinho
O
reservatório de Sobradinho atingiu 71,75% nesta sexta-feira (11) e segue
ganhando volume, segundo dados da Companhia Hidroelétrica do São Francisco
(Chesf). A hidroelétrica segue com defluência de 4.000 m³/s. A estatal informou
que esta vazão será mantida pelo menos até o dia 28, podendo ser alterada de
acordo com as condições das chuvas na bacia.
Veja
o comunicado da Chesf:
Durante
a reunião de acompanhamento da operação dos reservatórios do São Francisco,
coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA, ocorrida
no último dia 08, foi comunicada a programação que a Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco (Chesf) deverá manter, de defluências médias diárias de
Sobradinho e Xingó no patamar de 4 mil m³/s até próximo dia 28 de fevereiro.
A
programação para fevereiro, ora comunicada, confirma a manutenção do que havia
sido informado no último dia 1º através da Carta Circular 011/2022 para os
reservatórios de Sobradinho e Xingó.
A
vazão de 4.000 m³/s, pelas regras estabelecidas, é a metade do valor da
descarga de restrição máxima. “Até o momento, não há previsão de aumento de
vazão do São Francisco: ao contrário, a expectativa é de gradativa redução”,
afirmou o Diretor de Operação João Henrique Franklin.
A
Companhia ressalta que, com o objetivo de mitigar possíveis impactos da
elevação de vazões, é imprescindível que seja evitada a ocupação de áreas
situadas nas planícies de inundação.
A
situação hidrológica está sendo permanentemente avaliada, podendo haver
alterações nestes valores, em função da evolução das chuvas e vazões na Bacia
do Velho Chico.
Previsão
de chuvas
As previsões continuam apontando para a ocorrência de mais chuvas em toda a bacia do rio São Francisco, principalmente nas partes mais altas de Minas Gerais e da Bahia. Os volumes pode superar 200 mm em algumas localizadas à jusante da UHE de Três Marias.
Via Agência
Sertão
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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