Foto reprodução
O
jornalista e cineasta Arnaldo Jabor faleceu após sofrer um acidente vascular.
Ele estava internado desde o dia 17 de dezembro no Hospital Sírio-Libanês, em
São Paulo. Segundo a família, a causa da morte foram complicações do AVC. As
informações são da Folha de S.Paulo.
No
final de dezembro, um boletim médico apontou que Jabor tivera uma melhora
progressiva do quadro neurológico e se encontrava consciente.
Jabor
se tornou mais conhecido por seus comentários nos telejornais da TV Globo desde
os anos 1990. Mas sua primeira vocação foi como cineasta, formado, durante a
década de 1960, sob o ambiente do cinema novo —que buscava levar a realidade do
Brasil para as telonas.
Depois
de um período como crítico de teatro e cinema no jornal O Metropolitano, da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na revista Movimento,
chegou ao cinema por influência direta de seu amigo Cacá Diegues. Debutou numa
segunda fase do movimento, com os curtas documentais “Rio Capital Mundial do
Cinema” e “O Circo”, ambos de 1965.
Seu
primeiro longa-metragem foi “A Opinião Pública”, de 1967, um mosaico da classe
média do Rio de Janeiro. Introduzindo o som direto nas telonas brasileiras, é
uma obra alinhada ao cinema verdade, como uma investigação antropológica que
brota de takes crus e depoimentos espontâneos.
eu
filme seguinte, “Pindorama”, de 1970, sua primeira investida na ficção, foi um
fracasso que custou caro a Walter Hugo Khouri e pela distribuidora Columbia,
que bancaram a produção. Mas o trabalho seguinte seria o início de uma
sequência poderosa –“Toda Nudez Será Castigada”, de 1973, adaptando a peça
homônima de Nelson Rodrigues.
Darlene
Glória foi a esfíngica prostituta Geni, pela qual Herculano, o religioso viúvo
encarnado por Paulo Porto, se apaixona. Sucesso de bilheteria, essa
tragicomédia ficou no limiar entre o cinema novo e o que se consolidaria como a
pornochanchada, mas como o humor e a crueza da obra rodrigueana, enfrentando
diretamente o universo moral, afetivo e sexual da classe média.
Porto
retornaria no longa seguinte, “O Casamento”, de 1975, dessa vez, inspirado em
um romance de Nelson Rodrigues. Ele protagoniza a história como Sabino, pai de
Glorinha, vivida por Adriana Prieto, e cujo amigo, o doutor Camarinha, sugere
que o noivo da menina é gay –dando o estopim para a tragédia.
Após
a grandiloquência desses dois filmes, sua obra cinematográfica se fecharia mais
a quatro paredes, primeiro com a alegoria do jogo de classes no Brasil em “Tudo
Bem”, de 1978 (que Jabor considerava seu melhor filme), e depois com estudos
sobre a relação amorosa.
Dessa
última safra saíram seus maiores sucesso de bilheteria, “Eu Te Amo” –com Sônia
Braga no auge de sua sensualidade– e “Eu Sei que Vou Te Amar”, de 1986 –com
Fernanda Torres e direito a indicação à Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Mesmo
com o grande sucesso de seus filmes, Jabor sempre falava que não enriquecera
com o cinema –apesar de a bilheteria de “Eu Sei que Vou Te Amar” tenha lhe
rendido uma apartamento. Não à toa, seu próximo longa seria lançado só em 2010,
“A Suprema Felicidade”.
Nesse
intervalo, em uma viagem a São Paulo, encontrou o jornalista Fernando Gabeira,
que à época escrevia para a Folha de S.Paulo, para quem pediu uma oportunidade
para retomar a veia jornalística. E conseguiu, e seguiu na Folha de S.Paulo por
dez anos, colaborando com outras publicações jornalísticas como o gaúcho Zero
Hora e o carioca O Globo, em paralelo à direção de filmes publicitários.
Naturalmente,
o cinema não lhe saiu da cabeça durante esse período, e, segundo reportagem de
José Geraldo Couto em 1995 neste jornal, Jabor sonhava em fazer uma refilmagem
de “Ladrões de Cinema”, de Fernando Coni Campos, mas no gênero musical.
Daí,
além do papel, também entrou no telejornalismo da rede Globo, participando como
comentarista de programas como o Jornal Nacional, Jornal da Globo e no Bom Dia
Brasil, bem como na rádio CBN. Ficou célebre pelos comentários irônicos e
cáusticos, bem como por sua verve polemista.
Publicou
ainda livros de coletânea como “Os Canibais Estão na Sala de Jantar”, de 1993,
e “O Malabarista – Os Melhores Textos de Arnaldo Jabor”, de 2014.
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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