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Tiago Queiroz/Estadão Arthur do Val (Podemos) retirou sua pré-candidatura
ao governo de São Paulo após divulgação de áudios com declarações
machistas.
Quinze deputados estaduais assinaram uma representação que
será protocolada nesta segunda-feira no Conselho de Ética da Assembleia
Legislativa de São Paulo (Alesp) contra o colega Arthur do
Val (Podemos) por quebra de decoro parlamentar. O documento pede
a cassação do mandato do político, conhecido como “Mamãe Falei”, e foi motivado
pela divulgação de áudios de caráter machista e sexista. Entre outras
declarações, ele afirmou que as mulheres ucranianas são “fáceis porque são
pobres”. Do Val passou a semana de carnaval no Leste Europeu sob alegação de
acompanhar a guerra e colaborar com a Ucrânia após a invasão russa.
A
representação foi assinada por Carlos Gianazzi (PSOL); Dr. Jorge do Carmo (PT);
Emídio de Souza (PT); Gil Diniz (PL); José Américo (PT); Leci Brandão (PC do
B); Luiz Fernando T. Ferreira (PT); Márcia Lia (PT); Maurici (PT); Mônica da
Mandata Ativista (PSOL); Patrícia Bezerra (PSDB); Paulo Fiorilo (PT);
Professora Bebel (PT); Ricardo Madalena (PL) e Teonílio Barba (PT), mas não
estão descartadas novas adesões ou outros pedidos, a exemplo de uma possível
representação também da deputada Isa Penna (PSOL), vítima de assédio no
plenário da Alesp no ano passado.
Ao Estadão,
a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente do Conselho de Ética e
Decoro Parlamentar da Alesp, informou que as possíveis sanções ao deputado são
advertência, censura verbal ou escrita, perda temporária do mandato ou até
perda efetiva do cargo.
Amary
afirmou que receberá os pedidos formalmente nesta segunda-feira e dará andamento
ao processo. O prazo para a resolução será de 30 dias, de acordo com o
regimento. “É importante que a gente dê uma resposta à sociedade” afirmou a
deputada.
O
presidente da Alesp, Carlão Pignatari (PSDB), afirmou que a fala de Arthur do
Val foi “repugnante e inaceitável”, disse que a Casa “rejeita em absoluto as
opiniões pessoais” do deputado e que “irá investigar a conduta com o rigor e a
seriedade que requer.”
Na
última sexta-feira, passaram a circular na internet áudios de Arthur do Val
contendo declarações consideradas machistas e misóginas sobre mulheres
ucranianas. “A fila das refugiadas, irmão. Imagina uma fila de sei lá, de 200
metros ou mais, só deusa. Sem noção, inacreditável, é um bagulho fora de série.
Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega
aos pés da fila de refugiadas aqui", disse o parlamentar a um grupo de
amigos no WhatsApp.
O
deputado havia viajado à fronteira da Ucrânia para, segundo ele, prestar apoio
aos refugiados que saem do país após os bombardeios da Rússia. De volta ao
Brasil, Arthur do Val confirmou a veracidade dos áudios, pediu desculpas pelas
declarações e retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo.
As
declarações do político também foram repudiadas por Sérgio Moro,
pré-candidato à Presidência pelo Podemos. Antes mesmo de “Mamãe Falei” retirar
sua pré-candidatura em São Paulo, o presidenciável afirmou que não aceitaria
dividir palanque com ele no Estado.
Precedente
A
ação contra Arthur do Val acontece cerca de um ano após a punição ao deputado
estadual paulista Fernando Cury (sem partido), que teve o mandato suspenso por
seis meses na Alesp por cometer importunação sexual contra a colega parlamentar
Isa Penna.
A
primeira pena determinada foi de afastamento por 119 dias, após aprovação do
relatório do deputado Wellington Moura (Republicanos), para preservar os
empregos dos funcionários do gabinete de Cury — admite o próprio Moura no voto
— uma vez que, quando o decreto da suspensão é de menos de quatro meses, não há
necessidade de convocação do suplente.
Isa
Penna classificou a punição como "legalização do assédio", ao
Estadão, logo após o anúncio. Um mês depois, a decisão do conselho foi revista
pelo plenário — a Casa decidiu pela suspensão de 180 dias. Durante o período, o
Fernando Cury não recebeu salário. Penna definiu a punição como uma
"vitória histórica", mas considerava que a pena mais correta seria a
cassação./Levy Teles, Gustavo Queiroz e Davi Medeiros.
Com informações do Estadão
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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