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Da Redação
Entre
janeiro e fevereiro deste ano, as vendas do etanol hidratado subiram
26,20%. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria da Cana de
Açúcar (Unica). Na avaliação do diretor técnico da Unica, Antonio de Padua
Rodrigues, isso “É um indicativo da recuperação do consumo do biocombustível”.
Com
o recente reajuste no preço da gasolina de 18,57%, o etanol pode ser
uma alternativa para o abastecimento. A troca, no entanto, pode não ser
vantajosa. É o que afirma o professor de Engenharia de Transporte do Instituto
Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Márcio D'Agosto.
D'Agosto
explica que a quantidade de energia existente em um litro de etanol é diferente
da quantidade em um litro de gasolina. “Aí, tem a famosa relação dos 70%.
Significa que um litro de etanol equivale a cerca de 70% do litro da gasolina em
termos de conteúdo energético”. Portanto, o preço do etanol tem que ser menor
ou igual a 70% do preço da gasolina. Caso contrário, o custo-benefício entre os
combustíveis não será atrativo para os consumidores, explicou.
Para
calcular, basta dividir o preço do álcool pelo valor da gasolina. Caso o
resultado seja inferior a 0,7, o etanol será uma alternativa economicamente
viável. Por exemplo: caso a gasolina esteja avaliada em R$ 7,40 e o etanol em
R$ 5,20, o resultado é de 0,702. Neste cenário (5.2 dividido por 7.4), o etanol
é vantajoso.
Preços
O
levantamento de preços efetuado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) apurou, na semana compreendida entre os
dias 13 e 19 deste mês, preços máximos de R$ 8,399 para o litro da gasolina
comum e de R$ 7,989 para o litro do etanol hidratado nos postos. “Não vale a
pena”, disse o professor da Coppe. “Não dá 70%”.
Márcio
D’Agosto afirmou que não tem vantagem alguma para o motorista comprar etanol.
“Porque ele vai rodar menos quilômetros com um litro de etanol, vai ter que
abastecer com mais frequência e vai acabar gastando mais. O tanque dele vai
acabar mais rápido”. Esse preço do etanol é totalmente não competitivo com a
gasolina, afirmou.
Na
semana analisada pela ANP, foram encontrados preços máximos para o litro da
gasolina por estados. No Rio de Janeiro, o valor atingiu até R$ 8.399; no
Maranhão, R$ 8.390; em São Paulo, R$ 8.299; no Piauí, de R$ 8.297.
O
preço mínimo, que chegou a R$ 5.899, foi registrado em São Paulo.
Em
relação ao litro de etanol hidratado, os preços máximos de R$ 7,989 e de R$
7,899 foram achados no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, respectivamente.
Já o preço mínimo por litro do produto ocorreu no Mato Grosso e em São Paulo,
de R$ 3,979 em ambas as unidades da Federação.
GNV
O
professor da UFRJ, argumentou que o gás natural veicular (GNV) é bem
equivalente à gasolina. Se o preço do metro cúbico do GNV estiver mais barato
que o preço da gasolina, é melhor usar o GNV, sugeriu. Só que para usar GNV, o
motorista tem que fazer uma adaptação no carro, porque não se compra de fábrica
um veículo adaptado para gás. “Ele tem um investimento a ser feito para colocar
o kit GNV. Aí, a questão é em quanto tempo ele vai pagar o investimento que fez
em função do preço do GNV, porque existem vários kit GNV com preços diferentes,
além de diversos tipos e tamanhos de cilindro, que é o insumo mais caro do kit,
para avaliar quanto tempo de retorno ele vai ter para usar GNV”.
Para
D’Agosto, uma coisa é certa. Só vale a pena instalar um kit GNV quem roda
quilometragem diária alta. “Estou falando de gente que roda 250 quilômetros a
300 quilômetros/dia, como os taxistas rodam mais ou menos hoje”. Ao fazer a
adaptação, ele tem que optar entre GNV e gasolina ou GNV e etanol. O professor
indicou ser vantajoso para quem roda muito por dia ter um kit GNV porque o GNV
tem mantido um preço por metro cúbico menor que o da gasolina e do etanol e ele
consegue pagar pelo retorno sobre o investimento feito em pouco tempo.
Advertiu,
ainda, que isso depende da manutenção do preço do GNV. Se houver reajustes, em
função da situação global, da guerra entre Rússia e Ucrânia, poderá haver
aumento só GNV significativo. “Esse aumento vai impactar não apenas o preço do
GNV automotivo, como também do gás natural residencial. Aí, acabou com a
vantagem porque, se esse preço sobe, eu não consigo pagar o kit que instalei”.
ANP
Procurada
pela Agência Brasil, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que os
preços dos combustíveis são livres no Brasil, por lei, desde 2002. São fixados
pelo mercado. Não há preços máximos, mínimos, tabelamento, nem necessidade de
autorização da ANP, nem de nenhum órgão público para que os preços sejam
reajustados ao consumidor.
O
levantamento de preços da ANP pode ser acessado em https://preco.anp.gov.br/. O
levantamento é semanal e os dados são atualizados às sextas-feiras.
Com informações da RedeTV
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