Em
meio às poderosas sanções
econômicas impostas à Rússia por EUA e União Europeia (UE),
como represália pela invasão da Ucrânia, a filial de Moscou de um banco estatal
chinês tem registrado aumento nas consultas de empresas russas interessadas em
abrir novas contas. As informações são da agência Reuters.
De
acordo com a fonte ouvida pela reportagem, uma pessoa familiarizada com o
assunto que falou sob condição de anonimato, a medida é uma alternativa das
corporações russas na luta contra as penalidades internacionais aplicadas em
consequência do conflito iniciado
há oito dias.
“Nos
últimos dias, entre 200 e 300 empresas nos abordaram querendo abrir novas
contas”, relatou a pessoa, uma funcionária da filial moscovita de um banco
estatal chinês e que tem vasto conhecimento de suas operações. A instituição
bancária teve o nome preservado.
Diversos
bancos estatais chineses operam em Moscou, entre eles o Industrial &
Commercial Bank of China, o Agricultural Bank of China, o Bank of
China e o China Construction Bank.
A
fonte não deu números exatos sobre a demanda russa, mas revelou que uma
quantidade expressiva dos novos clientes mantêm negócios com a China. E há
expectativa de que as transações em yuan dessas firmam cresçam.
A
atmosfera não é nada boa para essas empresas. Em escalada, países ocidentais
têm desconectado a Rússia do sistema
financeiro global, à medida que governos pressionam multinacionais para
que cancelem
vendas, cortem laços e abram mão de investimentos na casa de dezenas de
bilhões de dólares.
Um
empresário chinês com relação de longa data com a Rússia, que também pediu para
ter a identidade preservada, relatou que várias empresas russas com as quais
trabalha planejam abrir contas em yuans.
“É
uma lógica bem simples. Se você não pode usar dólares americanos ou euros, e os
EUA e a Europa param de vender muitos produtos, você não tem outra opção a não
ser recorrer
à China. A tendência é inevitável”, disse a fonte à Reuters.
Se
por um lado há um aumento vertiginoso de empresas ocidentais abandonando a
Rússia, de outro, há gigantes de mercados emergentes, a exemplo da China,
dispostos a manter relações
comerciais com Moscou. E tal tendência pode ameaçar o protagonismo do dólar
americano no comércio global.
“É
natural que as empresas russas estejam dispostas a aceitar o yuan”, observou
Shen Muhui, chefe de um órgão comercial que promove as ligações entre a Rússia
e a China.
A
moeda russa teve uma queda recorde na quarta-feira (2), perdendo quase 40% de
seu valor em relação ao yuan. “Os pequenos exportadores chineses estão sofrendo
com a queda do rublo e muitos estão suspendendo as entregas para evitar
possíveis perdas”, acrescentou Shen.
No
entanto, ele aposta que a demanda russa por produtos chineses tem tendência de
crescimento a longo prazo. “A chave é resolver questões de acordos comerciais
diante das sanções”, previu.
Alheia
ao conflito
A China já deixou claro que
pretende se manter alheia à guerra. Porém, é uma moeda de dois lados: em um,
Beijing condena as sanções financeiras impostas pelos governos ocidentais a
Moscou, as quais classifica como “ineficazes”; do outro, promete manter
relações comerciais normais com Kiev.
Guo
Shuqing, que preside a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China, disse
na última quarta-feira (2) que as relações entre a China e os dois países
envolvidos no conflito não mudarão. O discurso repete o que havia dito no dia
anterior Wang Wentao, ministro do Comércio chinês, segundo quem Beijing espera
“promover nosso comércio normal” com ambas as nações.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até
hoje.
O
conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças
separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que
formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios
independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como
argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação
militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site
independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira
explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em
Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde
o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev,
que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações
ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de
guerra ou contra a humanidade.
Fora
do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de
todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas
principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o
país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos
de participar de grandes eventos em setores como esporte,
cinema e música.
De
acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento
da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder
norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está
agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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