A
cúpula do Kremlin, integrantes de partidos, executivos de estatais e
investidores bilionários são alguns dos exemplos de russos que foram
individualmente sancionados por governos estrangeiros. As punições foram adotadas
em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, no final de
fevereiro.
As
medidas envolvem restrições financeiras e de viagens, congelamento de ativos e
bens, veto a negociação comercial, ou prestação de serviços. Visam enfraquecer economicamente o país e o entorno das
autoridades. Ações foram tomadas contra empresários e investidores apoiadores
do presidente Vladimir Putin, por exemplo.
O Poder360 elaborou
um infográfico com pessoas selecionadas, as respectivas sanções sofridas, e de quais
países partiram. Os dados são do OpenSanctions,
um banco de dados internacional de pessoas e empresas de interesse político,
criminal ou econômico que combina listas de sanções mais relevantes.
O
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey
Lavrov, tem o seu nome inscrito em 9 listas de sanções, de 7 países ou
blocos: Austrália, Canadá, Suíça, UE (União Europeia), Reino Unido, Japão e
Estados Unidos.
Os
norte-americanos incluíram Lavrov nas listas de Nacionais Especialmente
Designados, do OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros), de Triagem
Consolidada de Comércio, e de entidades do Departamento de Indústria e
Segurança.
O
presidente Vladimir Putin, o ministro da Defesa, Sergei
Shoigu, o ministro do Desenvolvimento Econômico, Maxim Gennadyevich são
alguns dos integrantes do governo russo sancionados.
Alexei
Mordashov, acionista majoritário da siderúrgica Severstal e apontado pela revista Forbes como a pessoa
mais rica da Rússia, tem contra si sanções da UE e da Suíça.
A
Rússia é hoje o país mais sancionado do mundo. É alvo de mais de 6.300
sanções e, destas, 3.577 foram a partir de 22 de fevereiro. Um dia
antes, Putin reconheceu as regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk
como independentes e ordenou “operação militar” que deu início à guerra,
que começou em 24 de fevereiro de 2022.
Além
de indivíduos, as sanções atingiram finanças, cultura e esportes.
Medidas
A
Casa Branca anunciou na 5ª feira (3.mar) novas sanções econômicas
contra bilionários da Rússia. O presidente Joe Biden disse
que eles serão cortados do sistema financeiro norte-americano e que seus ativos
no país serão congelados, assim como suas propriedades serão bloqueadas para
uso.
A
UE adotou na 4ª feira (09.mar) medidas restritivas contra 160 autoridades e bilionários russos,
listados como envolvidos em “ações que ameaçam a integridade” da
Ucrânia. Desde o início da invasão, 862 indivíduos e 53 entidades foram
sancionados.
Na
mesma semana o Reino Unido anunciou que congelou os bens do proprietário do clube de futebol Chelsea, Roman Abramovich, impedindo a
venda do time. Além disso, outros 6 russos foram adicionados à lista de sanções pelas suas conexões com o presidente russo,
Vladimir Putin.
As medidas anunciadas pela Suíça envolvem a proibição
para financiamento público ou investimentos na Rússia e veto a negociação de
títulos financeiros. Também foi proibido aceitar depósitos acima de 100.000
francos, além de restrições de viagens.
As sanções do Canadá impõem o congelamento de bens e a
proibição de negócios com os listados. Eles estão proibidos de fazer transações
com canadenses e também não podem pisar no país.
Na
Austrália, o governo adotou novos critérios para listar os sancionados. Agora é
possível aplicar punições financeiras se o ministro das Relações Exteriores do
país “está convencido de que a pessoa ou entidade está, ou esteve, exercendo
uma atividade ou desempenhando uma função de importância econômica ou
estratégica para a Rússia”. A sanção também poderá ser adotada se a pessoa
é um ministro, ex-ministro ou alto funcionário do governo russo, ou se for um
de seus familiares imediatos.
Consequências
A
velocidade e a coesão com que países aplicaram sanções à Rússia chamaram a
atenção do pesquisador Vicente Ferraro, mestre em Ciência Política pela Escola
Superior de Economia de Moscou, doutorando pela USP (Universidade de São
Paulo).
“Há
muito países que foram sancionados, como Cuba, Venezuela, Irã, mas não nesses
volume e velocidade”, afirmou ao Poder360. “Talvez seja a 1ª guerra
financeira dessa magnitude do mundo”, declarou.
Ferraro
disse que em outros países em situação de embargo, os impactos das medidas
foram limitados, e não conseguiram promover mudanças na política doméstica das
nações atingidas. Ele declarou que as sanções à Rússia podem ter efeitos
contraditórios.
“Esse
exagero de sanções, pessoas que não são relacionadas ao governo tendo que pagar
por isso, esportistas, eventos culturais cancelados, em parte contribui para
reforçar o argumento de Putin de que a questão não é a Ucrânia, mas que haveria
uma russofobia no mundo”.
A
narrativa, na interpretação do pesquisador, é um dos pilares do nacionalismo
pregado por Putin e pode ter efeito positivo para efetivação dessa ideia.
Segundo
Ferraro, as sanções mais determinantes para o governo são as que atingem o
setor energético, como as restrições de importação de petróleo russo que países
ocidentais adotaram. Para a população, o que mais pesará é a inflação e a
rápida desvalorização do rublo. “A Rússia depende de importação de frutas
e gêneros alimentícios, e isso é feito em dólar. A desvalorização do rublo tem
efeito inflacionário rápido”.
Com informações do poder 360
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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