A
censura chinesa, que regulamenta as mídias sociais do país e determina o que
pode ou não ser objeto de debate nas redes, está calando usuários contrários ao
conflito na Ucrânia,
silenciando a opinião daqueles que protestam contra a ação militar russa. As
informações são do jornal U.S.
News.
Nos
dias que sucederam ao início da incursão em longa escala, iniciada no dia 24 de
fevereiro, foram registrados comentários maciços nas plataformas locais Weibo, WeChat e TikTok pró Moscou e
favoráveis à decisão do presidente Vladimir Putin. Já as publicações em repúdio
à guerra ou em defesa da paz foram rapidamente deletadas.
Nem
celebridades foram poupadas pelo crivo dos censores. Jin Xing, uma
ex-apresentadora de um popular talk show e a primeira celebridade
transgênero da China, disse em entrevista à agência Reuters que sua conta
no Weibo – o equivalente chinês ao Twitter – foi suspensa
na semana passada. A punição veio após ela ter publicado dois posts, um em que
ela se referia a Putin como um “louco” e outro no qual incentivava seus
seguidores a orar pela paz.
“Tudo
o que eu disse foi que apoio a vida e me oponho à guerra. Eu não disse que
apoio os EUA, a Rússia ou a Ucrânia. Que erro eu cometi?”, disse Jin, que tem
13,6 milhões seguidores.
Quem
também teve a conta penalizada no Weibo foi a prestigiada atriz
chinesa Ke Lan. Após ter curtido e compartilhado imagens e comentários que
condenavam os combates no Leste Europeu, incluindo fotos de um protesto
ocorrido em São Petersburgo, ela foi bloqueada e está impedida de fazer novas
postagens. A justificativa dada pela plataforma foi “violação de regras e
regulamentos relevantes”.
A
plataforma WeChat também removeu postagens de historiadores
proeminentes que tentaram organizar petições contra a guerra.
A
televisão também sofreu impactos da censura. Durante discurso na abertura dos
Jogos Paralímpicos de Inverno em Beijing na semana passada, o presidente do
Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Andrew Parsons, pediu paz, trecho que
não foi traduzido pela emissora estatal chinesa CCTV.
Um
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China alegou não estar
ciente de publicações removidas ou contas suspensas. “O que posso dizer em
termos de princípio é que a posição da China sobre a questão da Ucrânia é
aberta, transparente e consistente”, disse.
O controle
estatal da informação que chega aos cidadãos chineses é parte do
esforço da China para
difundir a ideia de que é um mediador no conflito, ao mesmo tempo em que
preserva o discurso de que a Rússia tem
o direito de defender seus interesses. A neutralidade chinesa já havia
sido manifestada quando o governo local afirmou que não
participará das sanções a Moscou e manterá relações normais com os
dois países em guerra.
Em fevereiro, um post acidental publicado pela Horizon News, uma conta de mídia social ligada à Beijing News, jornal de propriedade do Partido Comunista Chinês (PCC), revelou que a censura da internet na China determinou às agências de notícias e administradores de contas em redes sociais que evitem críticas aos russos ou comentários favoráveis à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Fonte: A Referência
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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