© Dida Sampaio e Werther Santana - Estadão A senadora Simone
Tebet (MDB), o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) e o
ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) sofrem do que parece ser um
abandono por parte de seus correligionários.
Pré-candidatos a presidente que buscam se colocar como opção de terceira via
tentam se desvencilhar de traições e boicotes em série. Com o desafio de vingar
como opção de centro, entre Jair
Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo menos três
presidenciáveis passaram por algum tipo de revés interno nos próprios partidos,
além de não conseguirem deslanchar nas pesquisas de intenção de voto.
O
ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB),
a senadora Simone Tebet (MDB) e o ex-juiz Sérgio
Moro (União Brasil) sofrem o que parece ser uma antecipação da
“cristianização”, o abandono por parte de correligionários do candidato oficial
de seu partido diante da estagnação. O processo começou a ocorrer no nascedouro
dessas candidaturas alternativas, fomentado por grupos dissidentes ciosos da
própria sobrevivência eleitoral, a quatro meses da campanha oficial.
Entre
o fim de março e o início de abril, prazo final previsto em lei para filiação e
desincompatibilização, Moro e Doria flertaram com a desistência de suas
pré-candidaturas. O tucano voltou atrás, mas o ex-juiz, que também trocou o
Podemos pelo União Brasil, perdeu o status de pré-candidato e não tem mais a
garantia de legenda para disputar o Palácio do Planalto.
Ele
era almejado por uma ala minoritária do União Brasil, egressa do PSL, e foi
barrado por nomes influentes vindos do DEM. Agora, o deputado Luciano Bivar
(PE), presidente do União, passou a ser apresentado como pré-candidato ao Planalto.
O
ex-juiz insiste em dizer que “não desistiu de nada”, mas reconhece em reservado
que alas de seu atual partido e do anterior trabalham por uma aliança com o
Planalto. Ele descartou ser candidato a deputado federal. A interlocutores,
Moro reclamou da falta de estrutura que recebeu enquanto pôde se apresentar
como pré-candidato do Podemos e que tem a sensação de que “não interessa a
ninguém uma terceira via para valer”. Há mágoas dos dois lados, e
ex-entusiastas do Podemos afirmam que Moro decidiu tudo sozinho.
Os
partidos União Brasil, PSDB, MDB e Cidadania querem apresentar uma chapa
conjunta até o dia 18 de maio. Mas sofrem com rachas internos que podem
esfacelar o endosso e apoio real a um candidato do centro. O Podemos tem um
encontro ampliado no fim de abril, mas só deve tomar rumo em julho.
Isolamento
Vencedor
das prévias do PSDB para ser o pré-candidato, Doria usa a prerrogativa e gira o
País, em pré-campanha e encontros políticos um tanto esvaziados, para costurar
apoios internos e promover sua plataforma de campanha. Enquanto isso, tenta
também debelar a rejeição, aposta em se apresentar como o “pai da vacina” e
trabalha a própria imagem.
Isolado,
na sexta-feira, 15, ele trocou o coordenador de pré-campanha. O presidente
nacional do PSDB, Bruno Araújo, que deu declarações contrárias à
pré-candidatura de Doria, foi substituído por Marco Vinholi, dirigente do partido em
São Paulo. Pelas redes sociais, Araújo, que nunca exerceu de fato um papel de
liderança no projeto de Doria, ironizou a troca e se mostrou aliviado:
"Ufa", disse.
O
ex-governador paulista tem um enfrentamento aberto com um grupo tucano que
trabalha para minar sua candidatura na futura convenção eleitoral do PSDB.
Doria rechaça chances de ser derrotado. Os cabeças são, entre outros, Aécio
Neves (MG), Tasso Jereissati (CE) e José Aníbal (SP). Eles querem emplacar em
seu lugar o ex-governador gaúcho Eduardo Leite, como cabeça de chapa ou vice.
Ele perdeu as prévias para Doria, cogitou deixar o PSDB, mas permaneceu e agora afirma estar “na pista” da disputa
eleitoral, durante a Brazil Conference, nos Estados Unidos.
O
diálogo do gaúcho afinou-se nas últimas semanas com a pré-candidata do MDB,
numa chapa que teria a senadora Simone Tebet como “cabeça”. Porém, a real
composição que vem sendo cotada nos bastidores de Brasília seria uma chapa
invertida, com Leite candidato a presidente, e Tebet, a vice. Esse desenho
atrairia o apoio do Podemos, por exemplo, segundo um deputado do partido.
Por
enquanto, a senadora sofre constrangimentos públicos de uma ala influente no
MDB, que prefere apoiar Lula, em vez de lançar uma candidata própria. O grupo é
liderado por cardeais do MDB do Senado, tendo ex-presidentes do Congresso na
lista, como Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE), José Sarney (MA) e
Garibaldi Alves (RN). Todos se reuniram nesta semana com o pré-candidato
petista, a maioria em um simbólico jantar oferecido a Lula.
O
tom do discurso deles é o mesmo: questionam a competitividade da pré-candidata
do MDB, que tem apoio do comando do partido, e ponderam que ela pode repetir o
fracasso de Henrique Meirelles em 2018 - o ex-ministro da Fazenda amargou um
sétimo lugar, o que, na análise dos senadores, teria colaborado para a redução
das bancadas no Congresso. Eunício disse que lançar a candidatura no atual
cenário seria “suicídio político”.
“O
que o partido não pode repetir, seria insano, é a candidatura do Meirelles. O
MDB pagou um preço terrível, teve a redução da bancada na Câmara e no Senado
pela metade. Não dá para pagar novamente esse preço”, afirmou Renan Calheiros.
Longe
da unanimidade, Simone Tebet reagiu dizendo que a divergência é normal e focou
em divulgar uma série de apoios internos dos diretórios regionais do MDB e núcleos setoriais
do partido.
A
senadora afirmou que respeita a resistência de “quatro ou cinco senadores”, mas
que “tem apoio da maioria absoluta do partido”.
Segundo a mais recente pesquisa XP/Ipespe, divulgada no dia 6 e já
sem o nome de Moro na lista, Doria tem 3% das intenções de votos e Simone
Tebet, 2%. Na frente deles aparecem Ciro Gomes (PDT), com 9%, o presidente Jair
Bolsonaro, com 30%, e o ex-presidente Lula com 44%.
Com informações de Felipe Frazão/Estadão
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com / Siga o blog do
professorTM/EJ no Facebook, e no Instagram. Ajude a aumentar a
nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação
Postar um comentário