NOTÍCIAS INTERNACIONAIS: População de Xangai se revolta contra lockdown e fura bloqueio para criticar regime na internet

Moradores de Xangai gritam de apartamentos depois de 7 dias de lockdown- foto; You tube

As políticas rígidas de quarentena para combater a Covid-19 na cidade de Xangai, coração financeiro e maior cidade da China, despertaram um movimento incomum na internet chinesa: grupos organizados para criticar as políticas adotadas pelo governo local.

Nesta semana, o Weibo, espécie de Twitter chinês, exibiu por horas em seus assuntos mais comentados (nos trending topics, na analogia com a rede social americana), a hashtag "Por que pessoas infectadas com Covid-19 não podem quarentenar em casa?".

Depois de a campanha ser derrubada pelo regime, os internautas chineses adotaram outra estratégia: passaram a substituir a palavra "China" por "Estados Unidos" para escapar da censura. Assim, levaram de novo aos assuntos mais comentados campanhas criticando as políticas anti-Covid no país.

O movimento chama especial atenção por escapar da censura na hipercontrolada internet chinesa, em meio à frustração da população de Xangai com o rígido lockdown que vem desde 28 de março para controlar a pandemia na cidade --só nesta quinta, foram 27 mil novos casos, quase todos assintomáticos.

O regime adotou uma série de medidas polêmicas para combater o surto, sendo a mais ruidosa delas a separação de pais e bebês infectados, depois flexibilizada. A revolta mais recente é com a conversão de condomínios residenciais em centros de quarentena.

Vídeos divulgados também no Weibo viralizaram ao mostrar moradores de um condomínio em Pudong, a parte leste da cidade, reagindo ao aviso de que os prédios seriam usados como centros de isolamento. As imagens mostram policiais vestindo roupas brancas de proteção, máscaras e escudos faciais detendo de forma violenta moradores que se recusavam a sair do local.

A chegada da variante ômicron do coronavírus cruzou as rígidas barreiras que Pequim construiu ao longo de mais de dois anos de pandemia, que permitiram que o país pudesse levar uma vida relativamente normal enquanto o Ocidente fechava escolas e proibia a abertura de comércios.

O fato de manter a política restrita, no entanto, enquanto quase todo o planeta já reabriu as fronteiras, é o que tem provocado a revolta de moradores. O receio do regime é que a China passe por um movimento parecido com o da Coreia do Sul, que controlou a pandemia com sucesso até dezembro do ano passado, mas chegou a registrar dias com mais de 600 mil contaminações em março em meio ao avanço da ômicron.

Outro tópico que furou a bolha da censura foi o artigo de uma blogueira, identificada apenas como Lady Moye, intitulado "A paciência do povo de Xangai chegou ao limite", que viralizou no WeChat, uma espécie de WhatsApp local. O texto foi excluído horas depois, por violar as regras da plataforma.

Também foi apagado o relato de uma escritora, Liu Liu, que afirmava que um colega morreu após não conseguir ir a um hospital. "Essa é uma tragédia que não teria acontecido se a cidade estivesse funcionando normalmente. Nós não deveríamos reavaliar a situação e fazer alguns ajustes?"

A mesma rede bloqueou um vídeo com uma ligação entre um homem e um trabalhador da área da saúde que dizia que não suportaria a situação por muito tempo e que poderia se demitir logo. "Não tenho ideia de por que as autoridades não conseguem tomar conta adequadamente de pessoas mais velhas e mulheres grávidas", dizia o profissional de saúde. "Não tenho ideia de por que Xangai está assim."

Os moradores reclamam também das condições dos próprios centros de quarentena e relatam uma série de casos de desorganização, em que pessoas foram isoladas nesses locais dias após terem sido contaminadas, em alguns casos mesmo após a recuperação e um teste negativo.

A revolta, que já vem de semanas, rendeu frutos nos últimos dias, com a permissão para moradores circularem em determinadas áreas de condomínios após dias de gritaria pelas janelas.

Na quarta-feira (13), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China chegou a publicar no Wechat um guia com orientações para isolamento em casa, recomendando salas bem ventiladas, estoque de máscaras e álcool em gel, o que elevou as esperanças de mais relaxamento em vista.

Mas as expectativas caíram por terra quando, no mesmo dia, o líder do regime comunista, Xi Jinping, afirmou que "o trabalho de prevenção e controle não pode relaxar". Em visita à ilha de Hainan, no sul do país, ele disse que a situação da pandemia pelo mundo "continua muito séria" e que a persistência da população vai fazer com que os chineses cheguem ao fim dessa crise.

Para diminuir o impacto das regras rígidas na economia do país, a China adotou em meados do ano passado o que chama de "política dinâmica de Covid zero", que propõe fechar bairros ou regiões antes de impor lockdown sobre uma cidade inteira --o que aconteceu com Xangai ao longo de fevereiro e março.

Mas já há repercussões nas cadeias de produção. A Quanta, que fabrica computadores Macbook, notificou a bolsa de valores de Taiwan na quarta-feira que "as operações na área de Xangai foram suspensas temporariamente em resposta às medidas de prevenção da Covid". Um dia antes, a taiwanesa Pegatron, que produz iPhones, também anunciou a suspensão temporária de atividades na cidade.

Fonte ;FolhaPress

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