O
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu nesta segunda-feira (16) arquivar
a denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das
"rachadinhas". A medida foi tomada em razão da anulação das provas
que embasaram a acusação. As informações são da FolhaPress.
A
decisão do Órgão Especial do TJ-RJ, onde o caso tramita, referendou o pedido do
procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos. Com a decisão, o Ministério
Público pretende agora reabrir as investigações a partir do relatório do Coaf
que originou o caso, que permanece válido.
Em sua petição, Mattos afirma que o cancelamento da acusação não impede a reabertura da investigação do caso, com novo pedido de quebra de sigilo a partir de dados do relatório do Coaf.
"Não há óbice legal à renovação das investigações, inclusive no que diz respeito à geração de novos RIFs, de novo requerimento de afastamento do sigilo fiscal e bancário dos alvo", afirma petição do procurador-geral ao TJ-RJ.
Os magistrados mencionaram na sessão a possibilidade de a investigação ser refeita, o que deve ser alvo de recursos das defesas dos investigados.
O
arquivamento é um passo esperado após a anulação das provas pela Quinta Turma
do STJ (Superior Tribunal de Justiça). A denúncia apresentada deve ser
arquivada para que uma nova investigação recomece.
O
senador foi denunciado em novembro de 2020 sob acusação de liderar uma
organização criminosa para recolher parte do salário de seus ex-funcionários em
benefício próprio. A prática, conhecida como "rachadinha", consiste
na exigência feita a assessores parlamentares de entregarem parte de seus
salários ao detentor do mandato eletivo.
O filho do presidente Jair Bolsonaro responderia por organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Os promotores de Justiça apontaram Fabrício Queiroz como operador financeiro do esquema.
A denúncia foi fragilizada em razão das decisões da Quinta Turma do STJ. Em março de 2021, a corte anulou a decisão do juiz Flávio Itabaiana que quebrou os sigilos bancário e fiscal dos investigados. Em novembro, também invalidou as provas obtidas a partir de outras autorizações do magistrado.
Nos dois casos, os ministros consideraram que Flávio tinha direito a manter o foro especial de deputado estadual, no Órgão Especial, mesmo após se tornar senador. Desta forma, atos praticados na primeira instância se tornaram nulos.
As
decisões devolveram a apuração ao seu estágio quase inicial. Contudo, há
documentos importantes juntados no início da apuração que permanecem válidos
mesmo após a decisão dos ministros do STJ.
Eles foram obtidos, em sua maioria, pela equipe do então procurador-geral do Rio, Eduardo Gussem, quando Flávio ainda era deputado estadual. Neste período, o foro foi respeitado.
Estão
entre eles o relatório do Coaf que aponta movimentações financeira consideradas
atípicas de Queiroz e troca de mensagens do ex-assessor de Flávio com uma
ex-funcionária do gabinete do senador que indicam a existência de
"funcionários fantasmas".
Essas
provas ainda válidas também permitem a recuperação de parte das evidências
contra o senador e que embasaram a denúncia no caso da "rachadinha".
Outras, porém, não podem ser apreendidas de novo, como dados de celulares e
documentos.
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