A
2ª Turma do Supremo Tribunal Federal confirmou nesta sexta-feira (10/6) a
cassação do deputado federal bolsonarista Valdevan de Jesus Santos, conhecido
como Valdevan Noventa (PL-SE). Esse resultado anula decisão do ministro Nunes
Marques que derrubara a condenação imposta pelo Tribunal Superior
Eleitoral ao parlamentar.
Essa
foi a segunda derrota do ministro Nunes Marques — e, por consequência, do
governo de Jair Bolsonaro — nesta semana. Na terça-feira (7/6), a mesma 2ª
Turma do Supremo, que é presidida pelo magistrado, manteve a cassação de outro parlamentar apoiador do
presidente, o deputado estadual do Paraná Fernando Francischini (PSL).
O
julgamento virtual teve início à meia-noite desta sexta. Segundo
Nunes Marques, relator do caso, o fato de o acórdão do julgamento do TSE
que condenou Valdevan ainda não ter sido publicado impediu que a defesa do
parlamentar entrasse com um recurso contra a sentença da corte eleitoral.
"Trata-se
de flagrante cerceamento de defesa, a violar a inafastável garantia fundamental
do devido processo legal. Não é razoável que o requerente seja penalizado pela
execução da decisão colegiada sem que se lhe oportunize o instrumento recursal
constitucionalmente assegurado", argumentou ele. O ministro André Mendonça
acompanhou o voto do relator.
No
entanto, o ministro Luiz Edson Fachin, que abriu a divergência, alegou que tal
questão não deveria ser avaliada pela turma, mas pelo Plenário do STF, mesmo
que o relator entenda a necessidade da tutela antecipada em razão do
"manifesto prejuízo ao interessado na qual não oportunizada via
recursal contra decisão com efeitos produzidos, por ausência de publicação do
julgado".
"No
entanto, esse prejuízo não ocorre. O acórdão foi recentemente publicado
(9/6/2022) e, ainda que não tivesse sido, jamais poderia autorizar a
interposição de medida cautelar que pleiteia recurso extraordinário que sequer
existe. Se a urgência impele o interessado a buscar solução urgente, há meios
processuais próprios, há ações individuais próprias e há os recursos a elas
inerentes", destacou Fachin.
Os
ministro Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes acompanharam a divergência.
A
decisão do STF terá impacto direto na composição da Câmara dos Deputados e na
distribuição do tempo de TV que cada partido terá nas eleições deste ano. Isso
porque, com a cassação de Valdevan Noventa, quem assumirá a vaga será Márcio
Macedo, do PT. Dessa forma, o PL terá uma vaga a menos na Câmara e o PT,
uma a mais. O número de deputados é usado pela Justiça Eleitoral para calcular
o tempo de TV durante as campanhas eleitorais.
Para
a defesa do deputado Márcio Macedo, patrocinada pelo advogdo Angelo
Ferraro, "a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, com a decisão de
hoje, reafirma a autoridade do Tribunal Superior Eleitoral e de suas decisões,
privilegiando os princípios da segurança jurídica, da proteção e da
confiança".
O
advogado Miguel Novaes também elogiou a decisão do Supremo. "A
2ª Turma do STF, em respeito às decisões do TSE, sinaliza aos candidatos e
aos partidos para que não se aproveitem de eventuais abusos cometidos durante
as campanhas eleitorais, avançando no cenário de implementação de eleições
limpas e seguras".
Relembre o caso
Valdevan foi condenado por abuso de poder econômico, pois ficou comprovado que
moradores de municípios sergipanos foram pressionados para simular doações ao
candidato. A investigação mostrou dezenas de doações de R$ 1.050 feitas em
uma mesma agência bancária e em dias próximos.
O
deputado teve o mandato cassado pelo colegiado do Tribunal Superior Eleitoral,
mas, por meio de decisão monocrática do ministro Nunes Marques, pôde
recuperar o cargo.
Leia aqui o
voto de Nunes Marques
Leia aqui o voto de Fachin
TPA 41
Com informações da Revista Consultor Jurídico,
Para
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