Foto reprodução TV Record - 2014
Da Redação
Segundo matéria da jornalista Juliana Braga da Folha de São Paulo, o tão propagado argumento central nas eleições de 2018, o "golpe de 2016", como o PT chama o impeachment da presidente Dilma Rousseff, desapareceu da prévia do programa de governo divulgada pela pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira (6).
No documento de 62 páginas do último pleito, o termo "golpe" aparece 13 vezes e "golpista" outras 19, sendo grafado em uma das ocorrências com letra maiúscula. Nas diretrizes de 2022, as palavras não são mencionadas nenhuma vez ao longo das 18 páginas.
O plano apresentado pelo ex-prefeito Fernando Haddad, que concorreu após Lula ser preso, estrutura-se em torno da ideia de que o impeachment de Dilma interrompeu um "ciclo virtuoso".
"Este plano de governo de Fernando Haddad e Manuela DÁvila propõe uma verdadeira refundação democrática do Brasil para recuperar a soberania nacional e popular, atingidas duramente a partir do golpe de 2016", registra a proposta.
Dilma é citada 32 vezes, em defesa de medidas dos governos do partido. Em apenas duas seu nome não aparece ao lado de Lula. Igualmente, a ex-presidente some da nova versão.
Em busca de uma aliança ampliada e com acenos à centro-direita, Lula tem dialogado com partidos e lideranças que defenderam o impeachment de sua sucessora.
Nesse esforço, chegou a negar que seu parceiro de chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), tenha sido a favor de afastar Dilma da Presidência. O ex-tucano e novo aliado do petista, porém, endossou a defesa da cassação dela em 2016.
Também há diálogo com setores do MDB, partido que mais se beneficiou da queda de Dilma, por abrigar o então vice-presidente Michel Temer.
Outra diferença entre os dois planos é a prioridade dada, em 2022, ao combate à inflação, problema não citado nas últimas eleições. "É tarefa prioritária combater a inflação e enfrentar a carestia, em particular a dos alimentos e a dos combustíveis e eletricidade", assinala a nova proposta.
Mas já em 2018 havia críticas ao modelo de Paridade de Preços Internacionais instituído na Petrobras no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
"O
mercado brasileiro é aberto a importações, mas isso não significa que o
petróleo retirado no Brasil, aqui transportado e refinado, com custo bem menor
que o internacional, seja vendido aos brasileiros segundo a nova Política de
Preços da Petrobras do governo Temer, a PPI (Paridade de Preços
Internacionais), enormemente mais caro que o produto nacional. Essa mudança tem
por objetivo garantir um preço estável e acessível para os combustíveis."
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