Foto: Agência Brasil
Integrantes
das bancadas evangélica e do agronegócio entraram no circuito para apoiar a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dá ao Congresso poder para derrubar
decisões do Supremo
Tribunal Federal (STF). Patrocinado pela cúpula do Centrão, o
texto da PEC permite que deputados e senadores possam anular julgamentos que não tenham decisões por
unanimidade dos ministros da Corte, como revelou o Estadão. As informações
são de Daniel
Weterman e Weslley Galzo/Estadão.
Mesmo
após a repercussão negativa, as duas frentes assumiram intenção de bancar a
tramitação da PEC. Alegam que o texto tenta conter o que consideram ser
“ativismo judiciário” quando o Supremo julga temas que ainda não são consenso
no Congresso, como a criminalização da homofobia.
A
bancada ruralista tem 245 integrantes na Câmara e 39 no Senado, atualmente. A
frente parlamentar evangélica, por sua vez, reúne 201 deputados e oito
senadores. Defensores da proposta esperam que o apoio de representantes do
agronegócio e evangélicos seja suficiente para alcançar as 171 assinaturas
necessárias para fazer a PEC andar na Câmara.
O
texto tem recebido assinaturas, inicialmente, de parlamentares do PL, partido
do presidente Jair Bolsonaro, que tem feito críticas constantes aos
ministros do Supremo. “Assim como eles querem fazer constantemente com a gente,
nós também queremos colocar um freio”, disse o vice-líder da legenda na Câmara Bibo
Nunes (PL-RS), que assinou a PEC apresentada pelo deputado Domingos
Sávio (PL-MG), aliado do governo e do presidente da Câmara, Arthur
Lira (Progressistas-AL).
A
proposta, à qual o Estadão teve acesso, dá ao Congresso o poder de
revogar julgamentos da mais alta Corte do País sempre que a decisão judicial
não for unânime e houver uma alegada extrapolação dos “limites
constitucionais”. Os julgamentos poderiam ser tomados pelos parlamentares por
meio da aprovação de um projeto de decreto legislativo na Câmara e no Senado,
proposta que hoje só tem força para derrubar atos do presidente.
Interesse
Os
ruralistas formam um dos grupos mais interessados na PEC. A cúpula da bancada
evita se posicionar formalmente, mas liberou integrantes a endossarem a
proposta. “Quem quiser assinar assina. Nós temos de ficar de bem com o
Judiciário porque eles têm pautas muito importantes para nós lá que já estão no
plano do julgamento, então não podemos ficar criando problema lá”, disse o
coordenador político da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara, deputado Pedro
Lupion (Progressistas-PR).
No
grupo dos evangélicos, há críticas à atuação do Supremo na criminalização da
homofobia, na autorização do aborto em caso de anencefalia e nas restrições
durante a pandemia de covid-19, que atingiram igrejas. “Sempre bem-vinda”,
afirmou o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes
Cavalcante (PL-RJ), quando questionado sobre a PEC. Já o presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Arthur Oliveira
Maia (União-BA), classificou a PEC como “despropositada”, mas afirmou que
não tem preconceitos e aceita discutir qualquer proposta no órgão.
Em
nota ao Estadão, a diretoria da Associação Nacional de Procuradores da
República (ANPR) afirmou que “a PEC viola a cláusula pétrea da separação dos
Poderes”. A juíza Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados do
Brasil (AMB), afirmou que o texto viola a independência e a harmonia entre os
Poderes ao permitir a senadores e deputados a possibilidade de cassar decisões
do Supremo. “Ao Congresso compete redigir os marcos normativos. Qualquer
atuação em sentido contrário, além de representar uma afronta ao equilíbrio
republicano e ao sistema de freios e contrapesos, importará em agressão ao
próprio regime democrático”, disse.
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com / Siga o blog do
professorTM/EJ no Facebook, e no Instagram. Ajude a aumentar a
nossa comunidade.
AVISO: Os
comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do
Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou
reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem
de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados
que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário