Embora o número de mortes por terrorismo tenha
diminuído, a ameaça geral está longe de terminar, particularmente na África. A
afirmação foi feita pelo secretário-geral da ONU (Organização das Nações
Unidas), António Guterres, em Nova York, na quarta-feira (8). As
informações são do site de noticias internacionais A
Guterres
discursou na última reunião do Pacto Global de Coordenação de Combate ao
Terrorismo da ONU, que reúne agências da entidade, Estados-Membros e outros
parceiros.
No
evento, o chefe da ONU destacou que a ameaça
do terrorismo na África está aumentando, com a África Subsaariana
responsável por 48% das mortes atribuídas a grupos terroristas em todo o mundo
no ano passado.
“Grupos
como Al-Qaeda, Daesh
(sigla usada de forma pejorativa para se referir ao Estado Islâmico) e seus
afiliados continuam a crescer no Sahel e a fazer incursões na África Central e
Austral. Eles estão explorando vácuos de poder, conflitos interétnicos de longa
data, fraquezas internas e fragilidades do Estado”, disse ele.
Em
países afetados por conflitos, como República Democrática do Congo, Líbia e Somália, o terrorismo
intensificou os ciclos de violência, alimentando ainda mais a
instabilidade, minando
os esforços de paz e retrocedendo as metas de desenvolvimento.
Enquanto
isso, em países amplamente pacíficos, como Moçambique e
Tanzânia, os terroristas agora procuram explorar e manipular as queixas da
sociedade e a desconfiança nos governos.
Reconciliação
e reintegração
Apesar
desses desafios, Guterres se diz convencido de que o progresso é possível, com
base em sua visita no mês passado ao Estado de Borno, no norte da Nigéria. Anteriormente um reduto
do grupo extremista Boko Haram, a região está agora no caminho da reconciliação
e reintegração.
“Fiquei
tão impressionado com as reuniões que tive com ex-combatentes em um dos
centros, com as reuniões que tive com as vítimas e com essa sensação de que
o Boko Haram, que
nasceu no Estado de Borno, agora está claramente perdendo terreno porque as
pessoas assumiram em grande parte, eles mesmos, a capacidade de minar o
trabalho e as ações terroristas do Boko Haram”, disse Guterres.
O
secretário-geral enfatizou que a comunidade internacional não pode enfrentar
efetivamente o terrorismo sem enfrentar as condições que conduzem à sua
disseminação, como instituições fracas, desigualdades, pobreza, fome e
injustiça.
A
Estratégia Contra o Terrorismo da ONU adota uma abordagem integrada e holística
da questão, que exige investimentos em saúde, educação, proteção, igualdade de
gênero e sistemas de justiça acessíveis a todos.
“Significa
criar sistemas e processos
verdadeiramente democráticos, para que cada pessoa possa ter voz no futuro
de suas comunidades e países e confiar que suas vozes serão ouvidas e
refletidas”, disse Guterres. “Significa colocar os direitos humanos e o Estado
de direito como a base do nosso trabalho”.
Conteúdo
adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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