Ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE
O
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) atendeu a campanha de Jair Bolsonaro (PL)
seis vezes em ações sobre fake news, enquanto a coligação de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) obteve decisões favoráveis em 37 casos do mesmo tipo no tribunal.
As
ações apresentadas por Lula tratam de episódios como a falsa ligação do petista
com a facção criminosa PCC e o inverídico apoio dado por ele a uma cartilha que
ensina jovens a usar crack, além de vídeo divulgado para insinuar que o
ex-presidente tomava cachaça em garrafa d'água durante comícios.
Já
Bolsonaro conseguiu vetar que a campanha petista o associe ao canibalismo e à
morte de um apoiador de Lula no Mato Grosso. A campanha à reeleição ainda
conseguiu derrubar o site "bolsonaro.com.br", que apresentava imagem
comparando o atual chefe do Executivo ao líder nazista Adolf Hitler.
O
presidente não conseguiu, porém, derrubar propaganda da campanha de Lula que
cita a compra de imóveis pela família Bolsonaro com dinheiro vivo. O petista,
por sua vez, teve pedido negado para derrubar o Lulaflix, portal que reúne
conteúdos contra o ex-presidente, ainda que tenha sido exitoso em impedir o
impulsionamento do site e retirar uma notícia, que estava na página, acusando-o
de promover o "kit gay".
Em
ações sobre fake news, o TSE já determinou a remoção de ao menos cinco
conteúdos divulgados por veículos jornalísticos desde o dia 1º de outubro,
véspera do primeiro turno da eleição brasileira.
Na
quinta (13), a corte determinou que a produtora Brasil Paralelo apague vídeo
com críticas a Lula.
O
ministro Alexandre de Moraes, presidente do tribunal, afirmou nesse julgamento
que as campanhas eleitorais têm usado a mídia tradicional como escudo para
espalhar fake news. "Não podemos achar que as mídias tradicionais só falam
a verdade. Se a mídia tradicional também propaga notícia falsa, as
consequências legais são as mesmas das redes sociais", disse o magistrado.
O
TSE afirma ter recebido, até 10 de outubro, 332 ações relacionadas a campanhas
das eleições de 2022, e ao menos 85 delas tratam de supostas notícias falsas.
Nesse grupo há ainda procedimentos sobre campanha antecipada ou irregular, além
de casos de abuso de poder e ataques à honra dos candidatos.
Bolsonaro
também tentou impedir que Lula o chamasse de genocida. O ministro Raul Araújo
chegou a determinar, em caráter liminar, que um discurso do petista fosse
excluído do YouTube devido à ofensa. Mas em outro caso a ministra Cármen Lúcia
liberou a fala, posição acompanhada pelo plenário da corte.
Já
Lula conseguiu tirar do ar uma propaganda de Bolsonaro que o chama de ladrão e
corrupto.
Os
ministros do TSE têm divergido sobre ações que tratam de fake news. Em alguns
casos, o plenário não confirmou decisões individuais dos ministros e mandou
remover conteúdos. Nesses debates, o placar de 4 a 3 tem se consolidado, com
Moraes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e o corregedor-geral do TSE, Benedito
Gonçalves, votando para vetar as falas com supostas fake news.
Do
outro lado, os ministros Maria Claudia Bucchianeri, Carlos Horbach e Sérgio
Banhos, ligados à advocacia, além de Paulo Sanseverino (substituto) e Raul
Araújo, que são do STJ e se revezam nas votações, têm sido derrotados.
A
ministra Bucchianeri tem repetido nos votos que, na leitura dela, a intervenção
do TSE deve ser mínima.
"Qualquer
intervenção judicial no livre mercado de ideias políticas e eleitorais deve ser
excepcionalíssima, minimalista e necessariamente cirúrgica, sob pena de
inconstitucional cerceamento do direito à livre informação pelo eleitor",
escreveu ela ao negar direito de resposta a Geraldo Alckmin (PSB), vice na
chapa de Lula, em razão da reprodução por Bolsonaro de falas do período em que
ele e o petista eram rivais.
Moraes,
por sua vez, tem dito que o TSE deve ser mais combativo, mesmo em casos que atingem
a imprensa tradicional. "Não se pode admitir a mídia tradicional de
aluguel, mídia que faz suposta informação jornalística absolutamente
fraudulenta, para permitir que se replique isso e a partir dessa divulgação se
diga: 'Não, só estou replicando o que a mídia tradicional colocou'", disse
ele na quinta (13).
Há
ainda diversas ações no tribunal sem julgamento. Só nos dias 11 e 12 de outubro
a coligação de Lula entrou com 18 pedidos de retirada de conteúdo contra
Bolsonaro e aliados dele por suposta fake news.
O
presidente tem apontado o TSE como um inimigo e diz que Moraes trabalha para
prejudicar a sua campanha. O candidato à reeleição reclamou nesta sexta da
decisão do ministro de barrar investigações que miram institutos de pesquisa.
"Começou aí o Cade e a PF a investigar institutos de pesquisa. O que ele
[Moraes] fez? Não pode investigar. Ou seja, institutos vão continuar mentindo,
e nessas mentiras quantos votos não arrastam para o outro lado? Geralmente,
vota em quem tá ganhando, 3 milhões, 4 milhões de votos", disse Bolsonaro,
em entrevista ao podcast Paparazzo Rubro-Negro.
A
campanha do presidente havia planejado atuar na defensiva dentro do TSE.
Segundo relatos, Bolsonaro queria que a equipe jurídica acionasse o tribunal
apenas quando fosse acusado de genocida ou imputassem crimes a ele. Os
advogados dele, entretanto, passaram a ativar com maior frequência o tribunal
para reagir à ofensiva de Lula na Justiça Eleitoral.
Reservadamente,
integrantes da equipe do presidente se queixam das decisões e dizem que algumas
delas chegam a contrariar entendimentos anteriores do TSE. O tribunal também
tem dado respostas duras às investidas de Bolsonaro. A corte chamou de
fraudulento e mentiroso um parecer, divulgado dias antes do primeiro turno,
sobre auditoria feita pelo PL, partido de Bolsonaro, com críticas às urnas.
Na
noite de quinta, Moraes disse que as investigações contra institutos de
pesquisa tentam "satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo chefe do
Executivo [Bolsonaro]". O presidente do TSE ainda evitou se afastar do
cargo durante as férias do Judiciário e assumiu o julgamento dos processos,
enquanto os três juízes de propaganda eleitoral estavam fora de Brasília, o que
é incomum, segundo integrantes da corte.
Bolsonaro
pediu que Moraes seja declarado suspeito em processos contra ele e já o chamou
de "patife" e "parcial". Os ataques ao ministro marcaram a
gestão de Bolsonaro, e a nova ofensiva foi aberta às vésperas do primeiro
turno. "Repito, Alexandre, seja homem uma vez na vida. Divulgue os valores
da quebra de sigilo telemático, deixe de ser um patife", disse o candidato
à reeleição em 29 de setembro.
A nova onda de ataques começou após reportagem da Folha de S.Paulo ter revelado que Moraes autorizou quebra de sigilo bancário do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, principal ajudante de ordens do presidente, por suspeitas levantadas pela PF sobre transações financeiras feitas no gabinete do chefe do Executivo.
BOLSONARO FOI ATENDIDO 6 VEZES
- Vídeo da CUT que associa
Bolsonaro a mortes por Covid
- Vídeo do deputado Janones
associando Bolsonaro à suspensão do piso da enfermagem
- Derrubada do site
"bolsonaro.com.br", que associava Bolsonaro a Hitler
- Publicação de Gleisi
Hoffmann associando Bolsonaro à morte de um petista no MT
- Discurso de Lula associando
Bolsonaro à morte de um petista no MT
- Propaganda de Lula
associando Bolsonaro ao canibalismo
LULA FOI ATENDIDO 37 VEZES
- Vídeos associando PT ao PCC
e ao assassinato de Celso Daniel
- Publicações de que Lula e PT
apoiariam invasões de igrejas e perseguição de cristãos
- Fake news de que QR Code no
título de eleitor induz voto a Lula
- Publicações de bolsonaristas
sobre o kit gay
- Vídeo de Damares sobre
cartilha do PT incentivando uso de drogas
- Publicações afirmando que
Lula eliminará o agronegócio caso seja eleito
- Áudio falso de ex-diretor do
Datafolha sobre manipulação das pesquisas
- Áudio falso atribuído a Aldo
Rebelo responsabilizando PT pela alta dos combustíveis
- Vídeo cortado de Lula
bebendo água sugerindo que ingere bebida alcoólica
- Fala descontextualizada de
Lula sobre trabalhadores de aplicativos
- Foto de Lula com suposto
irmão de Adélio Bispo
- Fala descontextualizada de
Lula sobre acabar com 13º e férias trabalhistas
- Vídeo descontextualizado que
aponta um "advogado do PT" como propagador de fake news
- Vídeo manipulado onde Lula
afirma ter vagabundos, traficantes e bandidos entre seus apoiadores
- Publicação falsa de que IPEC
divide endereço com Instituto Lula
- Publicação falsa de que Lula
usou foto de missa na Paraíba para ilustrar comício
- Suposta foto de Lula com
Suzana Von Richthofen
- Publicação distorcida de que
Lula teria afirmado que compraria voto de eleitores
- Fala falsa de Lula sobre
profissionais de enfermagem
- Publicações sobre falso
plano do STF e Lula para matar Bolsonaro
- Áudio falso de Lula dizendo
que queria que Antônio Palocci fosse morto
- Publicação falsa de que
empresário bolsonarista que negou marmita seria apoiador de Lula
- Publicações com declarações
antigas e descontextualizadas de Lula e Gleisi
- Publicações com fala de Mara
Gabrilli associando Lula ao assassinato de Celso Daniel
- Publicação de Flávio
Bolsonaro associando o PT ao PCC e à morte de Celso Daniel
- Reportagem de "O
Antagonista" de que Marcola, líder do PCC, teria declarado voto em Lula
- Montagem do jingle "sem
medo de ser feliz"
- Vídeo em que Bolsonaro ataca
o sistema eleitoral em reunião com embaixadores
- Publicações de Bolsonaro
ligando Lula ao PCC
- Publicação do coach Pablo
Marçal sobre o kit gay
- Publicações ligando Lula ao
satanismo
- Publicações afirmando que
Lula roubou um faqueiro de ouro dado pela rainha Elizabeth II
- Publicações de que Lula
teria recebido "cola" na entrevista ao Jornal Nacional
- Publicação de Nikolas
Ferreia associando Lula a drogas, assassinato, censura e outros temas
- Vídeo da produtora Brasil
Paralelo contra Lula
- Vídeo sobre o kit gay
publicado no site Lulaflix
- Propaganda de Bolsonaro com montagem para insinuar que Lula apoia a criminalidade
Com informações da Folha de São Paulo
Para ler a matéria na
íntegra acesse nosso link na pagina principal do Instagram. www:
professsortaciano medrado.com e Ajude a aumentar a nossa
comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário