Da Redação
Por: Taciano Medrado
Nesta quinta-feira (10), o comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou aos generais da Força que as manifestações em frente aos quartéis não devem ser reprimidas pelos batalhões.
Na avaliação da cúpula do Exército, os atos são permitidos pela Constituição e, por mais que possam gerar distúrbios nas regiões militares, não devem ser encerrados por força.
A orientação foi repassada durante uma reunião que o Exército tradicionalmente realiza para o encerramento do ano de instrução, na qual a análise das ações realizadas pela Força é repassada ao generalato.
O encontro por videoconferência reuniu cerca de 150 generais da ativa e durou duas horas, segundo relatos de quatro participantes ouvidos pela reportagem.
O foco da reunião foi, especialmente, os resultados das operações de garantia de votação e apuração --o apoio logístico e de segurança ao pleito-- e os demais trabalhos realizados pelo Exército durante o ano.
As manifestações em diferentes quartéis no país foram citadas por serem assunto relevante para a Força neste momento, de acordo com os generais.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão reunidos em frente a quartéis desde o fim do segundo turno, em protesto contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pela
reunião desta quinta ser ampla e com pauta pré-definida, assuntos mais
sensíveis à Força não foram tratados. Tradicionalmente, esses temas são
discutidos em encontros periódicos e presenciais do Alto Comando do Exército.
As últimas horas têm sido acompanhadas com apreensão por generais da cúpula do Exército.
Em
conversas reservadas, os oficiais têm argumentado que o relatório do Ministério
da Defesa sobre o processo eleitoral trouxe conclusões técnicas, e não
políticas.
Nessa
quinta-feira o ministério da Defesa emitiu uma nota de esclarecimentos a nação
sobre o relatório de auditória das eleiçãoes. Veja abaixo:
Brasília (DF), 10/11/2022 - Com a
finalidade de evitar distorções do conteúdo do relatório enviado, ontem (9.11),
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério da Defesa esclarece que o
acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema
eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude
ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022. Ademais, o
relatório indicou importantes aspectos que demandam esclarecimentos. Entre
eles:
- Houve possível
risco à segurança na geração dos programas das urnas eletrônicas devido à
ocorrência de acesso dos computadores à rede do TSE durante a compilação do
código-fonte;
- Os testes
de funcionalidade das urnas (Teste de Integridade e Projeto-Piloto com
Biometria), da forma como foram realizados, não foram suficientes para afastar
a possibilidade da influência de um eventual código malicioso capaz de alterar
o funcionamento do sistema de votação;
- Houve restrições
ao acesso adequado dos técnicos ao código-fonte e às bibliotecas
de software desenvolvidas por terceiros, inviabilizando o completo
entendimento da execução do código, que abrange mais de 17 milhões de linhas de
programação.
Em consequência dessas constatações e de outros
óbices elencados no relatório, não é possível assegurar que os programas que
foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que
alterem o seu funcionamento.
Por isso, o Ministério da Defesa solicitou ao TSE,
com urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o ocorrido na
compilação do código-fonte e de uma análise minuciosa dos códigos que
efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas, criando-se, para esses
fins, uma comissão específica de técnicos renomados da sociedade e de técnicos
representantes das entidades fiscalizadoras
Por fim, o Ministério da Defesa reafirma o compromisso permanente da Pasta e das Forças Armadas com o Povo brasileiro, a democracia, a liberdade, a defesa da Pátria e a garantia dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem.
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