Por Yuri Ferreira
Existem
coisas muito antigas na humanidade: música, poesia, linguagem, amor e… cerveja! É de conhecimento comum que a região da Mesopotâmia é o berço da civilização. As sociedades
daquela região do mundo deram o ponto de partida para muitos costumes de nossa
vida até o dia de hoje. Mas para muito além do Código de Hamurábi ou da Epopeia de Gilgamesh, as sociedades mesopotâmicas nos
deram receitas culinárias e, claro, alcoólicas.
E
como era a cerveja do passado? Os sumérios deixaram várias receitas culinárias
e também nos informaram como era o processo de confecção das cervejas naqueles
tempos.
Receitas em protocuneiforme foram documentos importantes para mostrar como civilizações antigas desenvolveram técnicas culinárias e alcoólicas.
O
costume, segundo desenhos encontrados no território do atual Iraque, mostram os
mesopotâmicos sentados em roda, bebendo cerveja de uma jarra com vários canudos. Nas imagens,
é possível confundir com a prática de fumar narguile ou shisha, mas, na verdade, tratava-se do botequim daquela
época.
A
principal receita deixada pelos mesopotâmicos está no ‘Hino para Ninkasi’, um
texto de homenagem para a deusa suméria da cerveja. Segundo Miguel Civil,
professor de Sumerologia na Universidade de Chicago, a tradução deste hino pode
ser a chave para compreender como a cerveja era consumida há 3800 anos atrás.
Confira
a receita em uma tradução nossa da tradução de Miguel Civil:
“Você
[Ninkasi, deusa da cerveja] é quem manuseia a massa com uma pá grande,
Misturando
em um vaso, o bappir [pão fermentado] com aromáticos doces…
Você
é quem assa o bappir no forno grande,
Põe
em ordem as pilhas de grãos descascados
Ninkasi,
você é quem rega o malte colocado no chão,
[…]Você
é quem embebe o malte em uma jarra,
As
ondas sobem, as ondas descem…
Você
é quem espalha o mosto cozido em grandes esteiras,
Enquanto
tudo esfria,
Ninkasi,
você é quem espalha o purê cozido em grandes esteiras,
O
resfriamento supera”
Obviamente,
não somos especialistas em sumério para achar a tradução perfeita. Contudo, a
cerveja tinha como base um pão parecido com um fermento natural (sourdough ou levain) misturado
com água com cevada.
Representação
artística a partir de gravuras mesopotâmicas de consumo de cerveja; boa parte
delas tinham conteúdo erótico também
Miguel
Civil chegou a confeccionar a cerveja seguindo as instruções confusas do Hino
de Ninkasi. Durante uma conferência, ele chegou a reunir brewers para
experimentar a bebida.
“A
cerveja tinha um teor alcoólico de 3,5%, muito semelhante às cervejas modernas,
e tinha um “sabor seco sem amargor”, “semelhante à cidra de maçã”. A cerveja
suméria, contudo, não durava muito tempo e rapidamente estragava. Contudo,
todos ligados à reconstrução do processo parecem ter gostado da experiência”,
relatou.
Parte
integral da sociedade
Esta
é apenas uma das diversas receitas de cerveja que existiam na Mesopotâmia daquela época. Existem pelo menos nove
tipos de cerveja documentados ao longo de tábuas sumérias.
Existiam
leis para compra de cerveja detalhadas no Código de Hamurábi, relatando a
própria existência de tavernas similares aos bares de hoje em dia.
É
daí que vem, inclusive, a chamada “piada mais antiga da história”: “Um cachorro
entrou em uma taberna e disse: ‘Não consigo ver nada’. Eu vou abrir esta aqui”.
(Nem sempre é possível consumir humor sumério).
Portanto,
na próxima vez que for marcar uma ida ao boteco para tomar aquela gelada,
lembre-se: foi esta bebida que regou o início da civilização que conhecemos. A
cerveja é, de fato, milenar.
Fonte: Hypeness
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