Jornalista Grant Wahl, de 48 anos, morreu durante a cobertura
da Copa do Mundo do Catar. Foto: Reprodução© Fornecido por Estadão
Da
Redação
O
jornalista americano Grant Wahl, de 48 anos, que estava no Catar para
realizar a cobertura da sua oitava Copa
do Mundo, morreu na madrugada de sábado após a partida entre Argentina e
Holanda pelas quartas de final do Mundial. Não há ainda informações conclusivas
sobre a causa da morte do jornalista, considerado uma das principais
referências do país na área da cobertura esportiva.
A
imprensa americana e agências internacionais informam que o profissional passou
mal durante a prorrogação do jogo entre argentinos e holandeses, realizado no
Estádio Lusail. O irmão da vítima, Eric, porém, contesta a versão e acredita
que Wahl tenha sido assassinado.
Testemunhas
que estavam próximas a Wahl na tribuna de imprensa do estádio relatam
que ele caiu para trás com a sua cadeira, enquanto o jogo estava na
prorrogação. Outros repórteres descrevem que trabalhadores dos serviços de
emergência o socorreram de forma rápida, mas que, momentos depois, os
profissionais de imprensa receberam a notícia de que o americano havia morrido.
Não há informações precisas se o profissional morreu no hospital para onde foi
levado ou no trajeto até a unidade de saúde onde foi atendido.
Em
comunicado assinado pelo presidente Gianni Infantino, a Fifa prestou
condolências à família de Wahl. “É com incredulidade e imensa tristeza que
tomei conhecimento do falecimento do renomado jornalista esportivo Grant Wahl, durante
uma reportagem sobre uma partida das quartas de final da Copa do Mundo da Fifa
no Catar”, diz a nota. “Sua carreira também incluiu a participação em várias
Copas do Mundo Femininas, bem como em uma série de outros eventos esportivos
internacionais. O amor pelo futebol era imenso e suas reportagens deixarão
saudades em todos que acompanham o jogo global.”
Na
última segunda-feira, Wahl escreveu que precisou visitar um hospital porque não
estava se sentindo bem. “O que tinha sido um resfriado nos últimos dez dias se
transformou em algo mais severo na noite do jogo Estados Unidos x Holanda (pelas
oitavas de final), e eu podia sentir minha parte superior do peito assumir um
novo nível de pressão e desconforto”, escreveu o jornalista.
“Eu
não tinha covid (faço exames regularmente aqui), mas fui hoje à clínica médica
do principal centro de mídia e disseram que provavelmente tenho bronquite. Eles
me deram antibióticos e um xarope para tosse forte, e já estou me sentindo um
pouco melhor algumas horas depois”, completou.
No
começo do Mundial, o jornalista relatou em suas redes sociais que fora detido
no Estádio Ahmed bin Ali, antes da partida entre Estados Unidos e País de Gales, pela primeira rodada Copa, por estar
vestindo uma camiseta com a estampa de um arco-íris. O Catar tem adotado uma
política de repressão às manifestações em favor do movimento LGBT+, cuja
bandeira leva as cores do arco-íris.
Posteriormente,
o jornalista voltou às redes sociais para atualizar o caso e revelou que
conseguiu entrar no estádio, após ter ficado detido por quase meia hora. “Estou
bem, mas foi uma provocação desnecessária. Estou na área destinada à imprensa,
ainda vestindo minha camiseta. Fiquei detido por quase meia hora. Vamos, gays”,
escreveu.
Irmão
acusa assassinato
Segundo Eric
Wahl, irmão de Grant e que é gay, o jornalista foi ao estádio com a
camiseta justamente para apoiá-lo. “Eu sou a razão por ele ter usado a camiseta
com o arco-íris na partida da Copa do Mundo”, disse Eric, em um vídeo postado
em sua conta no Instagram. Ele fechou a rede social minutos depois.
Na
publicação, ele afirma que o irmão era saudável e que acredita que Grant tenha
sido morto, e não vítima de alguma doença. “Meu irmão era saudável. Ele me
disse que recebeu ameaças de morte. Não acredito que meu irmão acabou de
morrer. Eu acredito que ele foi morto. E eu apenas imploro por qualquer ajuda”,
disse.
Homenagem
O
ativismo de Grant Wahl foi lembrado pela federação americana de futebol que,
por meio de nota, lamentou a morte do jornalista.
“Tão
importante quanto isso foi a crença de Grant no poder do jogo para promover os
direitos humanos. Isso foi e continuará sendo uma inspiração para todos. Grant
fez do futebol o trabalho de sua vida, e estamos arrasados que ele e sua
escrita brilhante não estarão mais no futebol dos EUA, que envia suas mais
sinceras condolências à esposa de Grant, Dra. Celine Gounder, e a todos os seus
familiares, amigos e colegas na mídia”, escreveu a entidade.
Celine
Gounder, mulher de Wahl, agradeceu as homenagens e disse estar devastada com a
morte do marido. “Muito agradecida pelo apoio da família do futebol e de muitos
amigos que nos abordaram hoje à noite. Estou completamente em choque”, escreveu
Celine.
Quem
foi Grant Wahl?
Formado
em 1996 em Princeton, Wahl trabalhou para a Sports Illustrated de
1996 a 2021, e era reconhecido principalmente por sua cobertura nas modalidades
de futebol, basquete universitário e futebol feminino.
Participando do seu oitavo Mundial, Wahl foi um dos 82 jornalistas homenageados pela Fifa por ter participado de oito Copas do Mundo. Os narradores brasileiros Galvão Bueno e Luis Roberto, da Rede Globo, também foram condecorados com a honraria.
Com informações do Estadão
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