Ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (Anderson Torres
Da Redação
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a prisão do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) Anderson Torres. As informações são Júlia Chaib e Camila Mattoso do Folha Press.
Torres
reassumiu o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no
dia 2 de janeiro e viajou de férias para os EUA cinco dias depois. Ele não
estava no Brasil no domingo (8) quando bolsonaristas atacaram os prédios do
STF, Congresso e Palácio do Planalto.
O
retorno ao país estava previsto para o fim do mês. A Polícia Federal deve
cumprir a prisão no momento da chegada de Torres ao Brasil.
Ainda
no domingo, Torres foi exonerado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis
Rocha (MDB) que acabou afastado do cargo por Moraes.
A
decisão foi dada em resposta a pedido do advogado-geral da União, Jorge
Messias, que solicitou a detenção em flagrante de Torres e de demais agentes
públicos que tiveram participação ou se omitiram para facilitar a invasão dos
prédios dos Três Poderes.
O
pedido cita a violação ao Estado democrático de Direito como base para
solicitar a prisão.
A
AGU ainda solicitou a investigação e responsabilização civil e criminal dos
responsáveis de atos ilícitos neste domingo, sendo "indispensável a
determinação de apreensão de todos os veículos e demais bens utilizados para
transporte e organização dos atos criminosos".
Os
pedidos foram encaminhados a Moraes, que é relator das investigações sobre atos
antidemocráticos no STF.
O
ministro do Supremo também ordenou a prisão do ex-comandante da Polícia Militar
do Distrito Federal Fabio Augusto Vieira. O militar era o responsável pelo
comando da corporação no domingo (8) quando bolsonaristas atacaram os prédios
do Congresso, Palácio do Planalto e do STF. Ele já havia sido afastado do cargo
pelo interventor federal Ricardo Cappelli.
Nesta
terça (10), o interventor afirmou que a manifestação golpista promovida por
militantes bolsonaristas foi possível por causa da "operação de
sabotagem" nas forças de segurança locais, naquele momento comandadas
Torres.
A
afirmação também foi feita pelo atual ministro da Justiça, Flávio Dino. Segundo
ele, o efetivo da PM na Esplanada no dia dos ataques era menor do que o
necessário para conter os golpistas.
"Havia
um efetivo planejado e um efetivo real, em um certo momento esse efetivo era 3
ou 4 vezes menor que o planejado. Por que aconteceu isso? Realmente a cadeia de
comando da polícia do DF que vai responder", disse Dino.
Integrantes
do governo federal relatam à reportagem que, no sábado (7), foi realizada uma
reunião com representantes da segurança do DF. Nesse encontro, segundo essas
pessoas, o governo de Ibaneis Rocha (MDB) garantiu a segurança da Esplanada dos
Ministérios.
À
Folha de S.Paulo Torres se defendeu no domingo (8) e afirmou que não foi
leniente. "Não houve leniência, é a primeira vez que tiro férias em muito
tempo. O planejamento foi feito", disse. O ex-ministro também afirmou que
há mentiras sendo contadas.
"Não
vim para os EUA para encontrar Bolsonaro. Não me encontrei com ele em nenhum
momento. Estou de férias com a minha família. Não houve nenhuma trama para que
isso [os atos golpistas] ocorresse", declarou.
No
começo da madrugada de segunda (9), o ex-ministro divulgou um pronunciamento
nas redes sociais no qual diz que os atos de vandalismo em Brasília foram
"um dos pontos mais tristes dos últimos anos da nossa história". Ele
também negou que teria sido conivente com o que ocorreu.
"Lamento
profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de
conivência minha com as barbáries que assistimos", afirmou em texto.
Antes
de ser exonerado, ele já estava na mira do governo Lula e integrantes do
Supremo, que temiam pela atuação dele na secretaria. Na semana passada, o
ministro Flávio Dino editou uma norma que abria espaço para que ele não
permanecesse à frente do órgão do DF.
Segundo
a regra, qualquer servidor vinculado ao Ministério da Justiça que respondesse a
inquéritos, ações penais e processos administrativos, entre outros, não poderia
ser cedido a outro órgão.
Torres,
que é policial federal, também já estava na mira das investigações relatadas
por Alexandre de Moraes.
Ele
foi ouvido e apontado como um dos envolvidos na organização da live de 29 de
julho de 2021 quando o então presidente Jair Bolsonaro levantou suspeita sobre
a segurança das urnas sem apresentar provas.
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