O
governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) completa 10 dias nesta 3ª feira
(10.jan.2023). Em um curto período, o petista e sua equipe acumularam 9
situações embaraçosas e decisões com risco de reputação para a atual gestão
–embora muito fique agora em 2º plano por causa dos atos extremistas em
Brasília no último domingo (8.jan).
É
comum o vaivém de decisões e declarações em início de governo. Mas a frequência
surpreende no início do 3º mandato de Lula. Ainda mais porque não há a desculpa
da inexperiência do presidente e vários dos ministros escolhidos pelo petista
já chefiaram pastas antes.
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navegar pela galeria, clique com o cursor do mouse ou, caso esteja usando o
smartphone, com o dedo na imagem abaixo. A imagem vai se expandir. Na
sequência, use as setas para visualizar os infográficos informativos com o
contexto de cada uma das situações.
DECISÕES
DESFEITAS
imposto
de combustíveis – a ideia era retomar a cobrança a partir de 1º de janeiro. Mas
houve receio de alta de preços nos postos e o efeito disso. A isenção de
PIS/Cofins foi renovada, em uma derrota política de Fernando Haddad
(Fazenda);
regulação
do saneamento – medida provisória tirou o tema da ANA (Agência
Nacional de Águas e Saneamento Básico). O mercado reagiu mal. O governo disse
que a medida será discutida.
GAFES
INTERNACIONAIS
audiências
canceladas – Lula deixou de atender em 2 de janeiro de 2023 representantes
de 6 países que vieram à posse por “falta de tempo” –a delegação do
Timor Leste foi recebida no dia seguinte, já a de Angola esperou e insistiu,
mas não se reuniu com o presidente;
moeda
do Mercosul – o embaixador da Argentina disse que trabalhará no tema com o
Brasil. Jornalistas perguntaram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre
o tema. Ele negou e se irritou.
RECUO
EM DECLARAÇÕES
Previdência –
Carlos Lupi disse ser preciso discutir a reforma de 2019. Rui Costa o desautorizou;
saque-aniversário
do FGTS – Luiz Marinho falou em acabar com esse mecanismo de acesso ao FGTS.
Recuou e falou que a ideia será discutida;
preços
de combustíveis – Jean Paul Prates disse que a Petrobras se ajustaria às diretrizes do governo. Depois disse que a
estatal não intervirá em preços.
PROPOSTA
ARRISCADA
o
ministro Rui Costa (Casa Civil) disse na 5ª feira (5.jan) ao jornal Valor
Econômico que o governo havia discutido naquele dia a conversão de multas
de construtoras em acordos de leniência por obras. Analistas avaliam que isso
poderá associar o governo a empresas condenadas por corrupção.
SEGURANÇA
PÚBLICA
8
de Janeiro – o ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) anunciou
no sábado (7.jan) que havia autorizado o uso da Força Nacional em Brasília;
àquela altura já se sabia que um número significativo de manifestantes
contrários aos resultados das eleições estavam concentrados na capital federal.
O governo Lula não verificou se tinha contingente para 1) proteger
Planalto, Congresso e STF, e 2) bloquear os acessos à Esplanada. Com
a invasão dos extremistas, não houve plano B. O Poder360 informou em detalhes como se deu o erro sequencial de
Dino e Ibaneis.
DANIELA
CARNEIRO
Ministério
do Turismo – a deputada federal Daniela
do Waguinho (União Brasil) foi anunciada como ministra do Turismo em 29 de dezembro
de 2022; entrou como cota do União Brasil;
mudança
de nome – no início de janeiro de 2023, ela mudou seu nome público para Daniela Carneiro;
Waguinho é seu marido e prefeito de Belford Roxo;
conexão
com a milícia – dias depois da posse, imagens da ministra com acusados de integrar milícias no
RJ passaram a circular na web e foram amplamente divulgadas por veículos de
mídia;
Daniela
tem respaldo – o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, e o governo Lula, por meio de Rui Costa (Casa Civil), saíram em defesa da ministra.
O ministro disse que não há “nada relevante e substantivo” que
justifique uma preocupação.
ANÁLISE
A
contradição não sai de graça.
Resulta
em perda de credibilidade e de popularidade para o governo. Isso pode aumentar
o custo para conseguir que o Congresso aprove seus projetos.
Neste
momento, tudo fica um pouco sobrestado por causa dos atos extremistas no 8 de
Janeiro. Mas a vida retornará ao normal.
Fernando
Haddad (Fazenda) voltará a ser cobrado a respeito de como será o ajuste fiscal.
Daniela Carneiro (Turismo) voltará a ser indagada sobre fotos com milicianos. E
aí a realidade vai se impor.
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