Por: Taciano Medrado
A 1ª Vara Criminal de Brasília aceitou uma queixa-crime do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O emedebista virou réu pelos crimes de calúnia, injúria e difamação por publicações feitas no Twitter contra Lira. Eis a íntegra da decisão (6 KB).
“A
queixa está em conformidade com o disposto no artigo 41 do Código de Processo
Penal, e não se verificam presentes as hipóteses de rejeição, previstas no
artigo 395 do mesmo diploma legal”, escreveu a juíza Ana Claudia Loiola de
Morais Mendes em decisão de 16 de dezembro.
A
defesa de Renan teve um prazo de 10 dias para manifestação. O Poder360 entrou
em contato com a assessoria do senador, mas não obteve resposta até a
publicação deste texto. O espaço segue aberto.
Os
políticos são rivais em Alagoas e já se envolveram em uma série de embates. Um
deles, em abril de 2022, foi referente a divergências em como deveria ser
escolhido um novo governador para mandato-tampão em Alagoas.
Na
ocasião, o ex-governador Renan
Filho (MDB-AL) renunciou ao cargo para concorrer ao Senado. Já o
vice, Luciano Barbosa (MDB-AL), tinha saído 2 anos antes
para se candidatar a prefeito de Arapiraca (AL).
A
discussão começou depois que Renan Calheiros comemorou a decisão do TJ-AL
(Tribunal de Justiça de Alagoas) de derrubar uma liminar que suspendia a
eleição indireta para governador e vice do Estado. Em post no Twitter, acusou Lira de tentar dar um golpe.
“Quarteladas,
afrontas aos poderes e desacato às decisões judiciais são condutas de tiranos
em qualquer lugar. O TJ-AL acaba de incinerar o golpe de Arthur Lira para
impedir as eleições para o governo de Alagoas na forma da Constituição”,
escreveu.
Em resposta, o presidente da Câmara falou que o senador “entende bem” de golpes. “Em Alagoas, achaca e interfere nos poderes, desrespeita a vontade popular e quer fazer do Estado a extensão do seu latifúndio. Não conseguirá!”, disse.
OUTRA
DISCUSSÃO
Em
setembro de 2022, Renan fez um post na rede social acusando Lira de comprar depoimentos
contra o governador de Alagoas e então candidato à reeleição, Paulo
Dantas (MDB).
O
depoimento em questão era do ex-deputado Luiz
Dantas, pai de Paulo Dantas, que publicou um vídeo afirmando que o filho
era envolvido em casos de corrupção no Estado. O adversário na disputa pelo
governo, Rodrigo Cunha (União Brasil-AL), aliado de Lira, usou
as declarações durante o período de propaganda eleitoral.
Renan
também escreveu um post em que afirmou que Dantas estava na frente da corrida
eleitoral do Estado mesmo após a suposta compra de depoimentos.
Lira reagiu ao post dizendo que o senador tentava “desviar a atenção” de si com as acusações. “O Renan Calheiros entrou em desespero. Seu candidato ao governo de AL foi denunciado de fazer o mal feito pelo próprio pai, que acusou o filho de se envolver com gente acostumada a praticar corrupção”, publicou o presidente da Câmara.
Na
sequência, Paulo Dantas, aliado de Renan, compartilhou, também pelo Twitter, um
direito de resposta concedido pelo TSE (Tribunal
Superior Eleitoral). Afirmou que o vídeo com as declarações do pai foi
manipulado. “Você [Rodrigo Cunha] não tem limites para alcançar
o poder. Está colocando um pai contra um filho, tentando destruir uma família”,
disse.
Pouco
depois, Cunha publicou um novo vídeo do ex-deputado Luiz Dantas confirmando as
acusações de corrupção do filho. “Faço essa nota para deixar claro minhas
declarações recentes, transmitidas por veículos de imprensa e em redes sociais.
São verdadeiras e de minha plena consciência. São difíceis de serem dadas,
doloridas, pois envolvem um filho meu”, afirmou na ocasião.
Paulo
Dantas foi reeleito ao governo de Alagoas no 2º turno com 52,3% dos votos válidos, enquanto Rodrigo Cunha recebeu
47,7%.
Com informações do Poder 360
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