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AGÊNCIA
FAPESP - O treinamento
de força, praticado com carga de moderada a vigorosa, dois ou três dias por
semana, é uma boa estratégia para diminuir a pressão arterial. A conclusão é de um estudo brasileiro
publicado na revista Scientific Reports.
Os
mecanismos de diminuição da pressão arterial por meio de atividades aeróbicas
têm sido bem estudados. No entanto, existem poucas investigações sobre o
exercício de força, como essa conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual
Paulista (Unesp).
Sob
a coordenação de Giovana Rampazzo Teixeira, professora do Departamento de
Educação Física da Unesp de Presidente Prudente, o grupo conduziu uma revisão
sistemática da literatura científica sobre o tema com meta-análise – tipo de
estudo considerado padrão-ouro em nível de evidência. O objetivo foi verificar
a intensidade, o volume e a duração do treinamento que garantiriam os melhores
resultados.
A
pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de São Paulo
(USP) e foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp) por meio de três projetos.
As
doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo e a
hipertensão arterial responde por 13,8% delas. A condição é considerada um
problema quando os níveis ficam acima de 140 milímetros de mercúrio (mmHg) de
pressão arterial sistólica e acima de 90 mmHg de pressão diastólica. Trata-se
de uma doença multifatorial, desencadeada por hábitos como sedentarismo, má
alimentação, consumo de álcool e tabagismo.
Já
se sabia que o treinamento de força era uma opção terapêutica, mas havia, até
então, pouca certeza sobre os protocolos mais eficientes. Com uma amostragem de
253 participantes, com média de idade de 59 anos, foi feita a análise com base
em uma série de ensaios controlados que avaliaram o efeito do treinamento por
oito semanas ou mais.
“Focamos
em estabelecer o volume e a intensidade que fossem suficientes para alcançar
uma redução significativa de valores da pressão arterial. Em média, o
treinamento de força realizado em oito a dez semanas foi suficiente para uma
redução de 10 mmHg sistólico e 4,79 mmHg diastólico”, conta Teixeira à Agência
Fapesp.
O
estudo mostrou que resultados efetivos eram observados por volta da 20ª sessão
de treinamento e os efeitos hipotensivos benéficos duravam até 14 semanas mesmo
depois que os exercícios eram interrompidos – fase chamada de destreinamento.
“Na
prática clínica ou até no dia a dia das academias, os profissionais que
depararem com um sujeito hipertenso poderão usar o treinamento de força como
tratamento não farmacológico para hipertensão arterial, sabendo quais são as
variáveis necessárias para que isso seja alcançado e sempre levando em
consideração os objetivos da pessoa”, explica a pesquisadora.
Análise
sistemática
Durante
muito tempo apenas o treinamento aeróbio era indicado para o tratamento da
hipertensão arterial e, por isso, os estudos moleculares eram quase que
inteiramente restritos a essa modalidade.
“Recentemente,
o treinamento de força entrou nas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial, mas muito ainda deve ser investigado para que tenhamos evidências
mais robustas. As perspectivas de novos estudos se baseiam nos mediadores
moleculares que são os responsáveis por essa redução da pressão arterial em nível
vascular e sanguíneo durante o treinamento de força”, pondera Teixeira.
A
revisão sistemática foi a forma como os pesquisadores puderam analisar a
amplitude e a robustez de evidências sobre o potencial do treinamento de força.
Revisões anteriores verificaram que havia algum efeito, porém, o trabalho agora
publicado fornece evidências adicionais importantes, como intensidade da carga,
volume e frequência semanal. Os pesquisadores reuniram inicialmente 21.132
artigos, dos quais 54 cumpriam critérios para análise de texto completo.
Destes, 14 foram considerados relevantes para a revisão.
O
efeito mais vantajoso foi observado em protocolos com intensidade de carga
moderada a vigorosa, acima de 60% da carga usada para uma repetição máxima, a
mais intensa suportada pelo indivíduo. Ou seja, se a máxima carga com a qual
consegue fazer uma única repetição é de 10 quilos, a carga mais vantajosa de
treino estava acima de 6 quilos. Outra observação importante foi atestar que a
frequência deve ser de pelo menos duas vezes por semana, mantida por, no
mínimo, oito semanas.
A maioria dos estudos da revisão abrangeu pessoas entre 60 e 68 anos, com apenas dois estudos incluindo uma população mais jovem (entre 18 e 46 anos). Sete estudos incluíram pacientes de ambos os sexos, em outros sete estudos a amostra foi composta apenas por mulheres e um dos trabalhos incluiu apenas homens.
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