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A
saída dos invasores havia sido determinada na quarta-feira, 19, pela Justiça de
Petrolina. No dia seguinte, um oficial da justiça realizou a intimação das
lideranças do movimento para a desocupação em um prazo de 48 horas. A Embrapa
confirmou que a saída dos sem-terra foi iniciada “de forma tranquila” e tinha a
expectativa de que a retirada total acontecesse até o final da noite deste
sábado.
Já
o MST disse, através da assessoria, que o governo federal teria se comprometido
a atender as reivindicações do movimento, incluindo a compra de propriedades
entre os municípios de Petrolina e Lagoa Grande para o assentamento das
famílias. A reportagem entrou em contato com o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) e aguarda retorno.
A
invasão do centro de pesquisas da Embrapa Semiárido causou grande repercussão
por se tratar de área pública, produtiva e destinada a melhoramento de técnicas
agrícolas que beneficiam especialmente os pequenos produtores da região.
Conforme a Embrapa, a unidade desenvolve experimentos e multiplicação de
material genético básico de cultivares (sementes e mudas) adaptados para
cultivo em áreas com baixa incidência de chuvas, como o Nordeste.
A
ação do MST atingiu ainda áreas de preservação da caatinga, comprometendo a
vida de animais ameaçados de extinção, além de pesquisas para conservação
ambiental e de uso sustentável do bioma.
No
dia seguinte à invasão da Embrapa, integrantes do movimento invadiram duas
fazendas de cultivo de eucalipto em Aracruz, no norte do Espírito Santo. As
ações fizeram parte do chamado “Abril Vermelho”, mobilização nacional do
movimento que relembra a morte de 19 sem terra pela Polícia Militar, em abril
de 1996, em Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará. Durante a jornada, chegou
a dez as propriedades rurais invadidas, além da ocupação de ao menos 12 prédios
públicos.
A
invasão de terras produtivas pelo MST, especialmente a área de pesquisas da
Embrapa, gerou fortes reações de setores do agronegócio e causaram reações
contraditórias do governo. Enquanto as ações eram veementemente repelidas pelo
ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, lideranças do MST foram
recebidas e tiveram suas demandas acolhidas pelos ministros Paulo Teixeira, de
Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Fernando
Haddad, da Fazenda.
Nomes
simpáticos ao movimento assumiram a maioria das 19 superintendências regionais
do Incra que tiveram troca de comando durante o governo Lula. Já o ministro da
Fazenda prometeu se empenhar para aumentar as verbas destinadas à arrecadação
de terras e acelerar a reforma agrária, como pediu o MST.
Em
nota, o movimento informou que, após os compromissos assumidos pelo governo de
atender as demandas dos trabalhadores do campo, as áreas da Suzano e da Embrapa
Semiárido estão sendo desocupadas, obedecendo os prazos negociados com o
estado. No caso da Suzano, a desocupação vai até o dia 27. “As famílias que
realizaram as ocupações não danificaram nenhuma estrutura do órgão e nenhum
animal foi ameaçado”, disse o MST.
Ministros
do governo, no entanto, intensificaram o discurso contra a nova onda de
invasões promovida pelo MST em áreas produtivas e na Embrapa. Segundo Alexandre
Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, o grupo tem outras formas de
ação para obter resultados.
A
percepção do governo é de que as invasões, que visam pressionar pela aceleração
do programa de reforma agrária, podem acabar tendo o efeito contrário, pois
tendem a atrasar o cronograma em desenvolvimento pelo governo Lula. A reforma
agrária, assim como o incentivo à agricultura familiar, são bandeiras de
campanha do petista.
Fonte: Estadão
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