Por: José Roberto Azambuja/Brasil 61
O
professor de Direito Tributário do Ibmec Brasília Thiago Sorrentino alertou,
esta semana, para as consequências financeiras e administrativas que os
municípios menores terão com a nova Lei de Licitações, que entrará em vigor em
dezembro deste ano. O novo modelo deveria ser implantado em abril de 2023, mas
os gestores públicos ganharam mais tempo para se adaptarem às novas
regras. O governo estendeu o prazo, atendendo reivindicação dos prefeitos
através da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Sorrentino
destacou que milhares de prefeituras não possuem funcionários preparados.
além de condições materiais e técnicas para atender todas as exigências
da nova legislação, que foi criada para substituir a antiga lei 8.666 (que
disciplina as diversas formas de contratações da gestão pública).
“Muitos
municípios, especialmente os que têm menos de 20 mil habitantes, são bastante
suscetíveis ao regramento rigoroso da lei de licitações, em função da
necessidade de cumprir e observar o modo como realizam seus contratos”,
observou o especialista.
O
professor recorda que o desrespeito à Lei provoca consequências financeiras e
administrativas para o município: “A prefeitura pode sofrer inúmeras sanções,
ser impedido de realizar alguns tipos de operação, ser condenado a
ressarcimento de dinheiro que não foi bem utilizado ou que foi utilizado numa
contratação irregular ou ilegal”, declarou.
Além
disso, o especialista advertiu sobre as consequências penais e patrimoniais que
podem pesar sobre os gestores. Independente de dolo (intenção de fazer algo
ilegal), os servidores públicos em geral, inclusive prefeitos, podem sofrer
pena privativa de liberdade, serem obrigados a ressarcir com o próprio
patrimônio eventuais gastos e responder na esfera criminal por atos em
desacordo com a legislação.
“Portanto,
realmente os municípios têm razão para se preocupar e para tentar se adaptar –
o mais rápido possível – à nova legislação”, ponderou.
Impactos
O
novo regime licitatório moderniza a legislação e, entre outras disposições,
garante maior transparência e segurança à execução dos contratos, através de
“diálogo competitivo” e leilão virtual, além da adoção do pregão virtual em
todas as esferas da administração pública e a criação do sistema de compras do
governo federal.
O
advogado Ariel Uarian Queiroz Bezerra, especialista em Direito Regulatório,
Legislativo e Administrativo, explicou que a nova Lei de Licitações foi criada
em 2021 e já havia concedido dois anos para que prefeitos, governadores e até a
União se adaptassem ao novo modelo, antes que fosse revogada a lei 8.666.
“Na
verdade, a Medida Provisória editada pelo governo Lula prorrogou a vigência da
lei 8.666 - a antiga lei de licitações - para até 29 de dezembro de 2023. Com
isso, os municípios vão ganhar mais tempo para se adaptar, para treinar os seus
servidores e aplicar a nova lei de licitação”, esclareceu.
Marcha
dos Prefeitos
A XXIV Marcha
dos Prefeitos a Brasília, evento realizado no final de março passado pela CNM,
concluiu com a elaboração de uma “carta” direcionada às autoridades do país –
em especial à Presidência da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo
Tribunal Federal (STF).
Pesquisa
Uma
das reivindicações da Marcha foi o pedido de que a nova Lei de Licitações
só entrasse em vigor a partir de 1º de abril de 2024, para que os prefeitos
ganhassem um prazo “extra” para se adaptarem ao novo modelo. A extensão do
prazo foi atendida, mas vai apenas até dezembro de 2023, em vez de abril de
2024.
Pesquisa
divulgada recentemente pela Confederação revelou que mais de 60% dos associados
da entidade ainda não se sentem seguros para instruírem procedimentos
licitatórios nos ditames da nova lei. O levantamento abrangeu mais de mil
municípios brasileiros.
Apoio
técnico
De
acordo com o presidente da CNM, Paulo Roberto Ziulkoski, o governo
dará apoio técnico para que os gestores possam se adequar à lei. Além
disso, segundo ele, a entidade também pretende ajudar
os prefeitos: “A Confederação vai apoiar na capacitação dos
servidores municipais, para a necessária adequação à nova lei de licitações”,
garantiu Ziulkoski.
Fonte: Brasil 61
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