Foto: BNews
Por: Rafael Albuquerque/BNews
Há
aproximadamente 90 dias à frente da secretaria de Agricultura da Bahia, o
ex-deputado estadual Tum (Avante) falou ao BNews sobre os desafios à frente da
pasta e fez um balanço deste período de gestão.
No bate papo, o gestor falou sobre temas importantes como o projeto Seagri
Itinerante, agricultura familiar e Bahia Sem Fome. Em relação à política, Tum
explicou porque o Avante ficou de fora da federação com o UB e PP e
confidenciou novidades para o pleito de 2024. Confira a entrevista na íntegra
abaixo:
BNews: gostaria
de saber como foi o convite para assumir esse cargo, se o senhor pensou em
recusar e quais os principais desafios?
Tum: bom,
para mim é uma honra muito grande estar no cargo de secretário da Agricultura.
Eu sou produtor de uva e de manga, vivo da agricultura. Nós trabalhamos com
exportação ali no Vale do São Francisco. Eu como produtor baiano sou entusiasta
da fruticultura, que é a área onde atuo. Então pra mim é uma grande honra poder
contribuir com a visão política e empresarial, porque eu acabo representando os
dois lados: o do empreendedor, do empresário que é produtor, e o lado político,
onde represento a região do extremo norte. Mas para ser secretário você não
pode representar só um setor e nem só uma região, então o grande desafio é estar
presente nos 417 municípios.
BNews: como vai funcionar a Seagri Itinerante?
Tum: Vamos
estar presentes com a secretaria de Agricultura nas nove mesorregiões levando a
Seagri Itinerante. Vou dar um exemplo: no Seagri Itinerante Sul, vamos levar a
Seagri para Ilhéus, onde ficaremos uma semana com uma equipe técnica.
Convidaremos o Inema para estar presente falando da questão ambiental; a Bahia
Pesca para falar do serviço que ela oferece; a secretaria de Desenvolvimento
Agropecuário para falar da regularização fundiária; vamos levar o Banco do
Brasil e o Banco do Nordeste para falar de crédito para falar do pequeno, médio
e grande produtor. Nossa ideia é criar protocolos de atendimento nessas
mesorregiões para atendermos nesses locais as pessoas que não conseguem vir a
Salvador. Estamos agora elaborando o calendário para começar a Seagri Itinerante
no segundo semestre.
BNews: a Seagri tem um papel importante no diálogo com grandes produtores.
Mas qual atenção está sendo dada aos pequenos produtores?
Tum: aqui
na Bahia temos uma divisão onde existe a Secretaria de Desenvolvimento Rural, que
cuida da agricultura familiar, que tem como secretário o meu amigo Osni
Cardoso, e temos a Secretaria de Agricultura, que cuida do agronegócio e dos
grandes projetos para a agricultura. O governador quer que as secretarias
trabalhem juntas, dialoguem. Se você pegar a palavra ‘agronegócio’, é o negócio
do agro. Pode ser um negócio de um hectare ou de 100 hectares. Então, eu
entendo que a agricultura pode ser um negócio pequeno ou um negócio grande. E é
a grande matriz econômica do estado, responde a 25% do PIB da Bahia. Então, é
importante que a gente incentive a vocação de cada município.
BNews: essa semana tivemos a Origem Week, que reuniu vários pequenos
produtores de diversas origens.
Tum: A
Origem Week é um exemplo disso, do que a Bahia produz. Ali temos um evento que
exemplifica um pouco a coisa do agroturismo. Quando você vai visitar a cidade,
além de conhecer o patrimônio natural da região, você quer conhecer o que a
cidade produz, qual que é a sua gastronomia, se é queijo, se é chocolate, se é
vinho. Então, o turismo está ligado à agricultura. Temos rotas turísticas como
a do chocolate, do cordeiro, do dendê, onde há interação entre a agricultura e
o turismo. Eu sou bacharel em turismo, então eu acredito muito no setor, que
assim como a agricultura gera muito emprego e renda. O estado da Bahia tem por
vocação o turismo. São duas matrizes econômicas a agricultura e o turismo, e
quando junta as duas aumenta na distribuição de renda.
BNews: falamos
do Origem Week, mas o Bahia Farm Show já está bem próximo de acontecer.
Tum: é
o maior evento de comercialização de negócios do estado da Bahia, deve
movimentar em torno de R$ 1.5 bilhão em junho. E tivemos semana passada o
Fenagri, que foi o encontro de gestores de agricultura. Nós reunimos todos os
secretários de agricultura do estado da Bahia e fizemos um encontro no Centro
de Convenções. Foi muito produtivo e discutimos muitos temas importantes, em
especial para quem é gestor.
BNews: o governo lançou o Bahia Sem Fome e me parece que o cerne desse projeto
passa pela agricultura, correto?
Tum: sim,
é justamente isso: como é que produzimos alimentos para o mundo inteiro e temos
1,8 milhão de baianos passando fome? Então, é um desafio para todos nós baianos
tentarmos nos conscientizar em relação a essa população que está em estado
vulnerabilidade. Que seja uma missão nossa, não só da secretaria de
Agricultura, mas de todos os baianos, que a gente consiga contribuir da melhor
forma para tirar esses baianos do mapa da fome.
BNews: como tem sido o trabalho ao lado do governador Jerônimo Rodrigues?
Para muitos foi uma surpresa a eleição dele, mas agora o governador tem
trabalhado dia e noite, acordando cedo e sem hora para dormir. Como tem sido
esse trabalho ao lado de Jerônimo?
Tum: para
alguns foi surpresa, mas pra mim que sou do interior, que via o governo que Rui
Costa havia feito, a gente via essa entrega. Jerônimo é um grande homem. Eu
diria que sou secretário de uma pasta em que o governador é Engenheiro
Agrônomo, o que pouca gente sabe disso. Ele é muito sensível às questões da
agricultura. É como você falou: um governador viciado em trabalho. Ele nos
convoca aos sábados, domingos, feriados. Para você ter uma ideia, ele disse que
iria descansar na volta da viagem da China, no avião. É, sem dúvidas, um homem
simples, muito sensível às questões sociais, se coloca no lugar dos outros. Nos
orgulha muito estar representando uma pessoa daquele nível.
BNews: agora falando de política, o Avante já caiu fora da federação com
UB e PP. O que houve?
Tum: existe
uma vontade de Artur Lira que os partidos se organizem em federações. Foi
provocada essa questão a nível nacional e o Avante ficou de fora, não vai fazer
federação - a princípio - com nenhum partido. Vai ficar independente mesmo. E
aqui na Bahia tem uma novidade: vamos destituir todos os diretórios do estado
da Bahia. Todas as comissões provisórias que existem hoje e os diretórios do
estado da Bahia serão alterados. Vamos querer lançar candidatos a prefeito no
estado da Bahia. Os municípios grandes em região com maior votação, como Feira
de Santana, Vitória da Conquista, Juazeiro e Teixeira de Freitas, eles terão
dificuldades em fazer um arranjo, principalmente quando se tem uma federação
com PT, PCdoB, PV, e já tem um grupo político em torno daquilo ali, o Avante
será uma alternativa para candidaturas a prefeito. Nós hoje somos da base do
governador, mas também seremos uma opção para aquela pessoa que quer ser
candidato a prefeito.
BNews: mesmo
que haja candidato do PT na cidade?
Tum: mesmo
que haja candidato do PT, do PSD, do PSB, o Avante vai ter candidatura própria,
em todos os municípios, em especial os grandes, como Salvador, Feira de
Santana, Vitória da Conquista…
BNEws: Salvador vai ter candidato? O senhor?
Tum: Salvador
por ter candidato: Isidório.
BNews: mas
Isidório teve uma queda considerável de votos nas últimas eleições.
Tum: eu
atribuo a queda de votos de Isidório por ter sido vítima daquela reportagem do
Fantástico que não provou nada, foi uma especulação em ano de eleição. Acho que
aquilo ali foi algo intencional. E, também, por causa da polarização do voto de
quem era evangélico votava em Bolsonaro, e quem era católico votava em Lula.
Teve um pouco da questão dos militares, que estava associado. Mas Isidório tem
um trabalho social muito importante. Ele é o tipo da pessoa que se reinventa,
uma eleição ele tá com o botijão, na outra já é outro tema. Eu acredito muito
no projeto dele e acho que na próxima eleição ele pode surpreender a todo mundo
de novo.
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