A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Radiodifusão, instalada recentemente no Congresso Nacional, é presidida pelo deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP) e tem o objetivo de defender os interesses dos proprietários das emissoras de rádio de todo o Brasil.
Nesta
entrevista, Cezinha argumenta sobre a necessidade de regulamentação da internet
através do PL 2630 – chamado de “PL das Fake News” pelo governo e carimbado
como “PL da Censura” pela oposição. De acordo com o parlamentar, “a proposta
não visa censurar as pessoas". No entanto, segundo ele, isso pode acontecer
por obra do STF (Supremo Tribunal Federal) “se o Congresso não regular as
redes sociais no país”.
O
presidente da Frente também detalha uma série de dificuldades enfrentadas por
centenas de radiofusores do Brasil, "causadas pela desatualização da lei
que rege o funcionamento da rádio brasileira".
Confira:
BRASIL
61: Deputado, qual é a importância da modernização do Código Brasileiro de
Telecomunicações, antiga demanda do setor dos radiodifusores, que o Sr. está
representando no Congresso Nacional?
CEZINHA:
Essa demanda sempre atingiu muito os brasileiros. Diretamente, os
empresários que sempre quiseram estar na legalidade. Mas a falta de legislação
impôs a ilegalidade nesses radiodifusores. Como por exemplo: em 2013, nós temos
a migração do AM para o FM. E, ali, muitos empresários que tinham mais de
cinco, a média de FM e 5 AM no Brasil, os comunicadores, tiveram que optar pela
ilegalidade e ficar com suas rádios indevidas, porque não cabia essas
emissoras. Que não é o caso de todas, algumas. É uma demanda antiga no setor,
no ano passado nós tentamos discutir, mas não houve avanço com o governo. Nós
não tivemos como aprovar nada neste sentido. Tivemos que recuar.
BRASIL
61: Como está a situação neste momento?
CEZINHA:
Neste momento, nós organizamos alguns parlamentares que participam da Comissão
de Comunicação da Câmara e do Senado, ali no Senado, sob a presidência do
Senador Viana, que também é radiodifusor, e nós conversamos com os
parlamentares, e o projeto que eu relatei na Comissão de Comunicação da Câmara foi
aprovado por unanimidade. Aumentando de cinco para 20 essa quantidade que já é
um avanço muito grande para nós termos a possibilidade de dar sequência e
mexer no capital social, estrangeiro, mexer em outras demandas que existe no
setor de radiodifusão. Então, para nós que somos comunicadores, foi uma vitória
muito grande e eu tenho certeza que vai avançar muito mais, até porque já
estamos conversando também na Comissão de Constituição e Justiça, que será
terminativo lá esse projeto, e se Deus quiser muito em breve estará aprovado
lá, e vai para o Senado também já com acordo.
BRASIL
61: O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, esteve presente ao lançamento
da Frente Parlamentar Mista de Radiodifusão. Além dele, também estiveram lá
outros representes do governo, além da Anatel e de entidades ligadas à
comunicação. O que ficou acordado?
CEZINHA:
Olha, inicialmente nós havíamos pedido ao ministro Juscelino, no início da sua
gestão, tivemos ainda antes da posse dele uma conversa muito boa referente à
legislação brasileira de rádio - que é de 62 e 67.
BRASIL
61: Legislação antiga?
CEZINHA:
Antiga, não teve nenhuma atualização. E explicando pra ele sobre o setor, sobre
a necessidade do setor e ele entendeu muito bem o que precisa fazer como por
exemplo: tinha uma regra muito pesada sobre fiscalização. E ele começou
cumprindo na eleição ali da frente parlamentar. Ele assinou uma portaria de
flexibilização dessas demandas do setor com relação à fiscalização
trazendo uma clareza ao assunto e também facilitando o contato lá na ponta da
radiodifusão. Porque, com o aumento da internet, com o crescimento das Big tags
tem muito radiodifusor que não conseguiu alcançar junto com a internet esta
integração e é um desafio muito grande isso para o setor e nós temos que fazer
isso acontecer.
BRASIL
61: Quais são as consequências desse atraso, para o radiodifusor?
CEZINHA:
Com isso, veio alguns ficando com falta de condições financeiras e muitas
coisas pendentes. Eu digo assim, porque eu conheço vários casos. E foi ficando
para trás, a fiscalização tem que ir lá, para ver, cumprir a lei e
acaba que onera o radiodifusor lá na ponta. Então, vários outros
temas, o ministro Juscelino se comprometeu conosco, e nós vamos trabalhar
junto, em conjunto, para atender o radiodifusor. No ano passado, ainda no
governo anterior, eu consegui trazer alguns avanços, como por exemplo: eu criei
ali um parcelamento de dívidas, para os radiodifusores que estavam com
pendência de seus pagamentos; nós criamos ali, tirando a regra, criamos uma
nova portaria, fizemos uma proposta ao governo - via projeto de lei - que
mudasse a regra dos dois anos para o aumento de potência; e várias outros temas
que nós avançamos, ali, como o carregamento das TVs na capital nas TVs a cabo,
e assim sucessivamente.
BRASIL
61: Há possibilidade de avanço no uso das rádios para melhorar a Educação à
distância, que já é implementada por algumas plataformas?
CEZINHA:
Sim sim, onde já existe uma demanda quando você pega a aprovação do 5g foi uma
conquista do governo passado ali nós temos alguns valores se eu não me recordo
se eu não tô errado são quase quatro bi para investimento para internet nas
escolas. Nós que estamos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, nas grandes
capitais é estamos cobertos com a internet uma boa parte. mesmo aqui na capital
de São Paulo você pega internet. Mesmo aqui em São Paulo você tem hora que pega
lugares aqui sem internet - ou 3G ou 4G ou 5g - não pega direito ainda. Então
tem muitos lugares no Brasil que ainda não tem acesso à internet principalmente
no norte e no nordeste do Brasil e essas pessoas precisam ser assistidas então
o ministro Juscelino com sua equipe está estudando uma forma dessa integração
também da rádio e da TV em conexão com internet com suas programações para
estar atendendo lá na ponta a necessidade do nosso povo.
BRASIL
61: Então, de uma maneira geral, as perspectivas são boas?
CEZINHA:
Eu tenho certeza que como ele está muito empenhado, e nós também estamos,
cobrando também como parlamentares, e ele é um parlamentar que entende as
nossas necessidades, vai dar um resultado muito bom.
BRASIL
61: O senhor tem o levantamento de quantas rádios existentes que já se
modernizaram a ponto de ter essa integração entre rádio e internet através de
um sistema multimídia, para usar melhor o sistema radiofônico e alavancar a
educação?
CEZINHA:
Nós temos sim. Nós temos alguns estudos. Eu posso te passar aí para te dar uma
informação. Hoje, por exemplo, eu estou aqui com os estudos. Em um estudo
da tudo Rádio, nós temos 68% das emissoras de rádio no Brasil que já se
adaptaram à rádio com vídeo com a internet. Então, além do acesso ao daion
no carro, lá na sua casa, no YouTube, no Facebook, nos aplicativos e assim sucessivamente.
Mas tem uma grande quantidade que eu não sei te quantificar agora, te dar
números exatamente. Mas eu me recordo aqui que é mais ou menos 1.900 e poucas
rádios que ainda não fizeram essa migração e que passam por dificuldades,
precisam aí de fato de um incentivo do Ministério das Comunicações do governo
Federal.
BRASIL
61: Já estamos nos aproximando do final da entrevista. O Sr., enquanto
presidente de Frente, quer adiantar ou trazer mais algum assunto importante
voltado para esse setor que você está representando no Congresso Nacional?
CEZINHA:
Nós temos também uma demanda muito grande de uma discussão que se tem agora no
Congresso, que é do PL 2630, que é chamado de PL da Fake News, que na verdade
fizeram uma Fake News com esse PL. Deram publicidade a algumas falas dizendo
que esse PL viria censurar o radiodifusor, censurar o jornalista, censurar a
população na internet e não é verdade.
BRASIL
61: O Sr. não acha que a população tem seus motivos para desconfiar que seja
uma forma de normatizar uma censura que já está acontecendo, no Brasil?
CEZINHA:
Eu mesmo, junto com o relator, crendo ali que ia ter um avanço, ajudei a
construir o texto, para assegurar a liberdade de expressão, assegurar a
liberdade religiosa e banir o crime de homofobia para quem fala o que dentro
das regras da Constituição, dentro da liberdade de expressão, o que falam na
internet e no rádio. É necessário fazer essa integração do rádio com as Big
Tecs, da TV com essas Big Tecs, com a internet, para que a população consiga estar
segura, lá na ponta. O mundo vive de comunicação e a internet ganhou um espaço
muito grande, mesmo lá nos rincões do país, aonde não tem muito acesso, mas a
pessoa tem o seu celularzinho lá e acessa a internet de alguma forma. E não é
justo que essa pessoa acredite em uma mentira, que uma pessoa conta lá na
internet e é irresponsabilidade. Não vai ter censura. Não é para ter censura.
BRASIL
61: Mas deputado, a Deep Web, por exemplo, é uma área da Internet usada
ostensivamente por criminosos há cerca de 30 anos e nem o Congresso nem o Poder
Judiciário nunca se mobilizaram para impedir que funcionasse ou que fosse
regulada. Inclusive, a polícia descobriu recentemente que os autores do
massacre da escola em Suzano planejaram o crime na Deep Web. Sem falar dos
golpes em contas bancárias, que os bancos demoram a solucionar. O Sr. não acha
que a população tem motivos para desconfiar que esse projeto de regulamentação
de redes sociais seja apenas uma forma de validar juridicamente a censura e
calar opositores do governo, uma vez que as autoridades nunca fizeram nada para
impedir a ação do crime organizado, que não é novidade na era digital?
CEZINHA:
Censura pode acontecer se nós deixarmos o STF legislar no nosso lugar. Aí pode
vir. O chicote pode estalar. Mas se nós do Congresso tivermos a coragem, e o
respeito com o cidadão, de discutir esse tema e aprovar algo seguro como está
proposto, nós vamos trazer benefícios para o país, benefícios para o
radiodifusor. Pense bem comigo: como o radiodifusor, seja rádio ou televisão,
sempre teve uma estrutura muito grande para se manter, na área do cinema etc. E
aí, pagam muitos impostos e tem a responsabilidade de falar a verdade. Tem
que ter fonte a notícia, tem que ter fonte a informação. Eu não posso aceitar
que um sujeito vá lá na internet e fale uma mentira de alguém na véspera de uma
eleição, ou fale uma mentira de uma empresa. E depois volte lá e fale 'olha,
mas não era'. Já tem milhões de compartilhamentos, como é que vai tirar isso do
ar? Não tem para quem reclamar, não tem com quem falar.
Fonte:
Brasil 61
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