Cerca
de 15% dos brasileiros com mais de 16 anos afirmam que estão matriculados em
alguma instituição de ensino. É o que aponta a pesquisa do Serviço Social da
Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que
ouviu 2.000 pessoas com mais de 16 anos nas 27 Unidades da Federação.
De
acordo com a pesquisa, entre os que não estudam atualmente, apenas 38%
alcançaram a escolaridade que desejavam e 57% não tiveram condições de
continuar os estudos.
A necessidade de trabalhar para manter a família é o principal motivo (47%) para a interrupção dos estudos, seguida pelas pessoas que preferem trabalhar para ter o próprio dinheiro e autonomia (12%). Outros destaques foram o número alto de pessoas que deixam de estudar por falta de interesse (11%) e pessoas que interromperam por conta de gravidez ou filhos (7%).
"Muitas
vezes a escola não tem elementos de atratividade para os jovens e, certamente,
esses números se agravaram durante a pandemia. Um outro grave problema também
se dá na gravidez precoce, que faz meninas e meninos terem que sair da
escola e se engajar no mundo do trabalho, porque mudou a sua realidade de
vida”, explica o diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi,
Rafael Lucchesi.
Para
ele, os fatores apontados trazem uma reflexão sobre a necessidade de melhorar a
qualidade da educação e a atratividade da escola. “Sobretudo, como resultado
geral, melhorar a produtividade das pessoas na sociedade, que é base para se
criar um círculo virtuoso de desenvolvimento, onde, certamente, a qualidade da
educação vai interferir positivamente no sentido mais geral de melhoria da
educação”, aponta.
Etapas
de formação
A
alfabetização aparece em primeiro lugar na lista das etapas que devem ser
prioridade para o governo, apontada por quase um quarto (23%) dos brasileiros.
As creches aparecem em segundo lugar entre as prioridades (16%) e o ensino
médio ficou em terceiro (15%).
Segundo
a pesquisa, a população percebe a deficiência no início da escolarização. A
alfabetização tem a pior avaliação de qualidade: 47% dos entrevistados a
consideram boa ou ótima e 20% ruim ou péssima.
Rafael
explica que a população acha que o início da escolarização é uma das etapas
mais importantes e também uma necessidade. “O Brasil é uma das sociedades que
têm o mais alto índice de mulheres no mercado de trabalho. E é
claro que isso vai criar uma necessidade objetiva das famílias colocarem
seus filhos nas creches.”
O
estudo ressalta que as dificuldades enfrentadas pelas famílias e pelos docentes
para garantir que as crianças fossem alfabetizadas durante a pandemia pode ter
contribuído para a avaliação negativa.
Já
no ensino médio, que deveria ser a ponte entre a educação básica e o início da
trajetória profissional, a taxa de abandono na rede pública alcançou 6,5% em
2022. Na rede privada, que apresentou taxa de abandono inferior a 0,5% nos
últimos 10 anos, o indicador aumentou para 0,7%. Os dados são do Censo Escolar
2022.
No
geral, 23% avaliam a educação pública como ruim ou péssima e só 30% avaliam
como ótima ou boa. Já a educação privada é avaliada como boa ou ótima por 50%
dos entrevistados. Quanto maior a renda e maior o nível de escolaridade, pior a
avaliação da rede pública.
Segundo
Rafael Lucchesi, o Brasil não conseguiu cumprir a agenda da educação no século
XX como outros países. “Deveríamos estar discutindo inovação no século XXI, mas
carregamos problemas estruturais, de qualidade e na matriz educacional, que
travam nosso desenvolvimento. Precisamos melhorar a qualidade e ampliar a
oferta da educação profissional”, alerta Rafael.
Para
ele, em 2023 está acontecendo uma mudança cultural forte de novas tecnologias e
o Brasil ainda tem uma escola antiga, apenas emissora de conhecimento.
Em sistemas educacionais mais avançados, o processo de aprendizagem se dá
por resolução de problemas, por gamificação e por robótica, por exemplo.
Questionados
sobre os fatores que contribuem para melhorar a qualidade do ensino, os
brasileiros listam como prioridade: aumentar salário dos professores (23%),
melhorar a capacitação dos professores (20%) e melhorar as condições das
escolas (17%).
Fonte: Brasil 61
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