Foto: Rinaldo Morelli / Câmara Distrital
O
coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime afirmou
nesta segunda-feira, 26, à Comissão Parlamentar de Mista de Inquérito (CPMI) do
8 de janeiro que a corporação foi impedida pelas Forças Armadas de desmobilizar
os acampamentos golpistas montados em frente ao Quartel General do Exército em
Brasília após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de
2022.
O
policial atribuiu ao general Gustavo Henrique Dutra, então chefe do Comando
Militar do Planalto (CMP), as falas que vetaram a realização das ações de
desmontagem dos acampamentos. Naime disse que não poderia atestar se a ordem de
desmobilização da PM partiu de Dutra, mas garantiu que ele teria sido ao menos
o transmissor da decisão.
Naime
relatou ter se reunido no dia 28 de dezembro com lideranças do Governo do
Distrito Federal e com Dutra para organizar uma operação de retirada da
estrutura dos acampamentos. De acordo com o policial, a ação foi impedida pelas
Forças Armadas e Dutra teria se queixado ao então comandante geral da PM por
terem deslocado “efetivo demais” no dia da desmobilização.
“A
gente foi impedido. Não conseguimos fazer nem mesmo o que estava previsto. A PM
ficou num descrédito muito grande”, afirmou, “Se eu falo para um general que eu
tenho condições de fazer uma retirada é porque eu tenho”, disse Naime. “A gente
tinha limitada as nossas ações naquele território”, prosseguiu.
A
relatora Eliziane Gama (PSD-MA) iniciou o depoimento com questionamentos a
Naime sobre o setor de inteligência da PM e a atuação policial em eventos chave
envolvendo apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como as
manifestações do 7 de setembro de 2021 e a realização de acampamentos golpistas
após as eleições de 2022.
Eliziane
questionou o coronel sobre a atuação da PM no dia 12 de dezembro, data da
diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), quando golpistas tentaram invadir a sede da Polícia Federal
(PF) em Brasília para resgatar um apoiador de Bolsonaro preso pelos agentes.
Naime
se limitou a dizer que “tudo” naquele dia foi estranho, inclusive a decisão da
PF de prender o indígena José Acácio Serere Zavante. O policial ainda alegou
que não foram efetuadas prisões na ocasião porque o grupamento deslocado foi a Tropa
de Choque que estava dedicada a proteger o hotel em que estava hospedado o
presidente Lula e o patrimônio público.
Atestado
Antes
da sessão de depoimento, Naime apresentou à mesa diretora da CPMI do 8 de
janeiro um atestado médico para não prestar depoimento. O documento diz que ele
está com quadro de depressão e transtorno de ansiedade. Após ser submetido à
avaliação da junta médica do Senado, o policial recuou e decidiu depor.
“Todos
nós sabemos que essa convocação foi aprovada na semana passada. Ele poderia ter
se antecipado e apresentado o atestado médico. Não o fez e entrou com habeas
corpus (no Supremo Tribunal Federal (STF)”, disse o presidente da CPMI, Arthur
Maia (União Brasil-BA). No início do depoimento, o coronel alegou que ainda não
está em condições físicas para falar, mas que vai se esforçar.
Naime
foi chefe do Departamento Operacional da PM e está preso desde fevereiro sob
suspeita de negligência nos atos golpistas ocorridos em Brasília, tanto no dia
8 de janeiro como na tentativa de invasão à sede da Polícia Federal (PF) em 12
de dezembro o ano passado.
Naime
foi convocado na condição de testemunha, o que o obriga a depor. A defesa do
coronel recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele sequer fosse
ouvido, ou então falasse na condição de investigado. Na manhã desta
segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que ele pode se manter
calado durante os questionamentos que possam o incriminar, num modelo hibrido
entre testemunha e investigado.
O
coronel saiu de folga poucos dias antes dos atos golpistas do dia 8 de janeiro,
assim como o seu então chefe Anderson Torres, que comandava a Secretaria de
Segurança Pública do DF.
Fonte: © Fornecido por Estadão
Para
ler a matéria na íntegra acesse nosso link na pagina principal do Instagram.
www: professsortaciano medrado.com e Ajude a aumentar a
nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário