O
Supremo Tribunal Federal vai retomar o julgamento do piso salarial da
enfermagem nesta sexta-feira (16). A expectativa agora é que o referendo seja
analisado até o dia 23 de junho, caso não haja novo pedido de vista ou
destaque. A ação acontece após o ministro Gilmar Mendes devolver o pedido de
vista da medida cautelar ADI 7.222, que avalia a constitucionalidade do piso da
enfermagem.
O
tema entrou em plenário virtual dia 19 de maio e o ministro pediu vista no dia
24 do mesmo mês. Neste formato de julgamento os votos são depositados em uma
página eletrônica do tribunal, sem necessidade de uma sessão presencial ou por
videoconferência
A
advogada especialista em Direito da Saúde Rebecca Paranaguá, sócia do
escritório Bento Muniz Advocacia, comenta o que é esperado desse julgamento. “A
expectativa do setor, eu vou falar especialmente em relação aos hospitais
privados, é de que ou haja uma alteração no entendimento do STF, que a gente
realmente tem que aguardar porque o julgamento ainda está ocorrendo, ou então
que pelo menos se mantenha a decisão do relator, que é mais razoável,
considerando que ele possibilitou a realização de negociações coletivas em
valores inferiores ao piso”, explicou.
Segundo
a decisão individual do ministro Luís Roberto Barroso, que está em vigor, a
remuneração deve ser feita dentro dos limites da verba repassada pela União. Já
nas unidades particulares, o ministro previu a possibilidade de negociação
coletiva, suspendendo trecho da lei que impedia esse procedimento.
Como
forma de reduzir esse impacto financeiro, a especialista comenta que o governo
poderia adotar medidas como a desoneração da folha de pagamento. Ainda sobre a
repercussão do novo piso, agora no setor dos planos de saúde, a Unimed do
Brasil afirmou em nota que “as medidas vigentes até o momento não identificam
fontes permanentes para custeio ou compensação da nova remuneração, em especial
no setor privado, com impacto direto para os clientes dos planos de saúde”.
Municípios
O
novo piso salarial tem causado apreensão também aos municípios. Em reunião
sobre o tema realizada na sede da Confederação Nacional de Municípios (CNM) em
Brasília, com a presença de gestores municipais de todo o país, o presidente da
Confederação, Paulo Ziulkoski, expressou que, embora não sejam contra o
reajuste do piso, a exigência de que as prefeituras financiem esse aumento pode
trazer mais dificuldades para os orçamentos municipais.
"Acho
que todo mundo tem que ganhar bem e os enfermeiros têm que ganhar. Agora, tem
que ter dinheiro para pagar. Nesse período, faltando um ano e meio para
terminar o mandato, os municípios brasileiros já estão ultrapassando o limite
de gastos em todas as áreas, com conta no vermelho. O que pode ser feito? Se um
piso deste entrar em vigor, aprofunda essa crise", afirma.
Em
agosto do ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei
14.434/2022, que instituiu o piso salarial nacional de enfermeiros, técnicos e
auxiliares de enfermagem e parteiras. Segundo a norma, enfermeiros da
administração pública ou privada devem receber ao menos R$ 4.750. Já os
técnicos de enfermagem, R$ 3.325, enquanto auxiliares de enfermagem e
parteiras, no mínimo R$ 2.375.
Entre
as propostas defendidas pelos prefeitos para viabilizar o pagamento está a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 25/2022 que, entre outros pontos, visa
ampliar o repasse em 1,5% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) no mês
de março de cada ano e garantir uma fonte permanente para custeio do piso da
enfermagem. A medida solucionaria o impacto de R$ 10,5 bilhões, apenas aos
Municípios, com o pagamento do piso.
Fonte: Brasil 61
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