Morre
Luiz Schiavon, fundador e tecladista do RPM, aos
64 anos. A informação foi confirmada pela assessoria do RPM ao Estadão. O
músico tratava de uma doença autoimune havia quatro anos e, segundo sua
família, teve complicações na última cirurgia a que foi submetido. Ele estava
internado em um hospital de Osasco. O velório e o enterro do músico serão
restritos à família.
Schiavon foi responsável por criar a sonoridade do RPM, com arranjos de pop eletrônico que tiveram enorme impacto no Brasil nos anos 1980, em hits como Olhar 43, Loura Gelada, Rotações Por Minuto e Rádio Pirata. Depois, também se destacou na produção de trilhas de novelas e como e diretor musical na TV Globo.
“É com pesar que a família comunica o
falecimento de Luiz Schiavon. Ele vinha lutando bravamente contra uma doença
autoimune há 4 anos mas, infelizmente, ele teve complicações na última cirurgia
de tratamento e não resistiu. Luiz era, na sua figura pública, maestro,
compositor, fundador e tecladista do RPM, mas acima de tudo isso, um bom filho,
sobrinho, marido, pai e amigo. Portanto, a família decidiu que a cerimônia de
despedida será reservada para familiares e amigos próximos e pede,
encarecidamente, que os fãs e a imprensa compreendam e respeitem essa decisão”,
diz o comunicado.
“Esperamos
que lembrem-se dele com a maestria e a energia da sua música, um legado que ele
nos deixou de presente e que continuará vivo em nossos corações. Despeçam-se,
ouvindo seus acordes, fazendo homenagens nas redes sociais, revistas e jornais,
ou simplesmente lembrando dele com carinho, o mesmo carinho que ele sempre teve
com todos aqueles que conviveram com ele”, segue o comunicado, compartilhado
também pelo RMP em seu Instagram.
Luiz
Antônio Schiavon Pereira nasceu em São Paulo, no dia 5 de outubro de 1958,
iniciou os estudos de piano erudito aos sete ano e se formou no Conservatório
Mário de Andrade, em São Paulo em 1977. Ele conheceu Paulo Ricardo no ano
seguinte, aos 16 anos, e juntos eles fundariam a banda Aura, influenciada pelo
rock inglês e que durou pouco por desentendimentos dos membros, e, depois, o
RPM, em 1983.
Antes
disso, porém, ele tocou clássicos do rock na noite, estudou a técnica dos
sintetizadores e da eletroacústica, formou um trio instrumental chamado Solaris
e mergulhou na new wave inglesa. Nessa, época, com Paulo Ricardo morando em
Londres, os dois trocaram correspondências ao longo de seis meses sobre sonhos
e ideais de bandas. Na volta de Paulo Ricardo, começaram a compor o repertório
do primeiro álbum da banda.
Paralelamente.
Schiavon trabalhou como tecladista e arranjador de artistas iniciantes. E a
futura banda foi ganhando novos membros. Fernando Deluqui chegou primeiro.
Paulo Pagni veio depois, para o lugar do baterista Júnior - ele deixou o grupo
porque tinha apenas 16 anos e não podia tocar na noite. O convite para os dois
partiu de Schiavon. O primeiro disco do RMP, Revoluções Por Minuto, foi
lançado em 1985.
A
banda fez um enorme sucesso no Brasil nos anos 1980, mas, em 1987, os
integrantes anunciaram a primeira separação do RMP.
Pós-RPM
Schiavon
montou uma nova banda depois do fim do RPM: a Projeto S, de pop-rock, que lançou,
com certo sucesso, um único álbum.
Em
1991, assinou com a gravadora Stilleto, lançou o single Alice no País do
Espelho, com Patrícia Coelho e Tzaga Silos nos vocais. No ano seguinte se
dedicou a um projeto de shows ao ar livre, que durou dois anos e percorreu o
Brasil. No fim, ele anunciou que estava deixando os palcos. A partir daí,
voltou a focar no estúdio que havia montado anos antes, em 1988. Muitas das
músicas gravadas lá viraram hits.
O
músico também trabalhou com publicidade, criando jingles, e, depois, em 1996,
inicia sua história com trilhas de novelas.
Trilhas
de novelas da Globo
Como
arranjador e compositor, Schiavon fez quatro músicas para O Rei do Gado,
entre as quais estavam O Rei do Gado, com a Orquestra da Terra, Doce
Mistério, com Leandro e Leonardo, e Pirilume, com João Paulo e Daniel.
Fez
ainda a trilha de Terra Nostra (1999) e de Esperança (2002),
que incluiu a música Onde está o meu amor, do RPM, se estava voltando a se
reunir.
A
nova fase do RPM
O
renascimento do RPM começou a ser idealizado por Schiavon em 2001, pouco depois
de um convite que recebeu de Fernando Deluque para tocarem juntos. Não deu
certo aquele reencontro, mas o músico fez um novo projeto para sua antiga
banda. Em 2001, eles lançaram o single Vida Real, uma versão em português
de Paulo Ricardo para a música Leef, de Han van Eijk, que foi o tema de
abertura do BBB.
Gravaram o cd e dvd MTV RPM 2002, com sucessos e
inéditas, e, no fim daquele ano os músicos se separaram mais uma vez - mas se
reencontraram outras vezes na década seguinte, mas gravações, regravações e
shows.
Em
2004, ele fundou, com Fernando Deluque, o grupo LS&D, que incluiria,
também, André Lazzarotto nos vocais. Entre suas músicas estava Madrigal, tema
de abertura da novela Cabocla.
Ele
foi ainda, entre 2004 e 2010, diretor da banda do Domingão do Faustão. Para o
programa, fez ainda, com Luciana Cardoso, mulher de Faustão, e Nil Bernardes, o
jingle do quadro Videocassetadas.
Com informações do Estadão
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