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O
PT vai declarar oposição à governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), em
reunião a ser convocada para a próxima semana. O partido tem posição de
independência em relação à atual gestão estadual desde fevereiro, quando
começaram os trabalhos no Poder Legislativo.
Parlamentares
do PT têm, até o momento, uma relação harmônica com a governadora, apesar do
afastamento ideológico entre petistas e o PSDB.
A
governadora tem tido reuniões frequentes com integrantes do governo Lula na
busca de recursos federais para ações e obras em Pernambuco. Raquel Lyra tem
evitado se posicionar efetivamente sobre temas nacionais, sobretudo no que
envolve a rivalidade entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Até
hoje, Raquel Lyra não revelou seu voto no segundo turno das eleições de 2022
para presidente. Oficialmente, ela declarou neutralidade na disputa nacional.
Integrantes
do PT garantem, reservadamente, que a ida para a oposição, juntando-se a PSB e
PSOL, não respinga na relação do governo Lula com Raquel. Em Pernambuco, os
senadores petistas Humberto Costa e Teresa Leitão já foram recebidos em
diversas agendas para audiências com a governadora. A perspectiva petista é a
de que os parlamentares continuarão à disposição para diálogo em prol do
estado.
Lula
e Raquel têm mantido boa relação até o momento. O presidente visitou o estado
duas vezes desde o começo do mandato. Em uma delas, saiu em defesa da
governadora, vaiada por apoiadores do petista. Em Brasília, a tucana se reúne
frequentemente com ministros de Lula e já participou, inclusive proferindo
discurso, de lançamento de programa federal no Palácio do Planalto, ao lado do
presidente.
O
PT tem três deputados estaduais na Assembleia Legislativa, entre eles o
presidente estadual da sigla, Doriel Barros. Líderes petistas em Pernambuco
criticam, sob reserva, a posição de independência adotada inicialmente pelo
partido em relação ao governo. Apontam Doriel como o gestor da ideia, que é
tida como um erro, por retardar o protagonismo do partido na oposição.
Outro
motivo de críticas ao presidente estadual do PT é que, se tivesse sido oposição
desde o princípio, o partido poderia ter ficado com a liderança da oposição na
Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco) -atualmente com o PSOL, após
acordo com o PSB, que governou o estado antes por 16 anos seguidos.
A
avaliação é que a liderança da oposição atrai visibilidade e poderia ser
vitrine para um dos parlamentares do PT, como o ex-prefeito do Recife João
Paulo, o mais crítico ao governo Raquel Lyra dentre o trio de petistas na
Assembleia.
Por
outro lado, os prefeitos do PT estão divididos. A prefeita de Serra Talhada, no
Sertão, Márcia Conrado, que apoiou Raquel Lyra no segundo turno de 2022,
sinalizou nos bastidores que é refratária à ida para a oposição. O município tem
92 mil habitantes e é o maior governado pelo PT em Pernambuco.
Na
Alepe, a base aliada de Raquel Lyra é majoritária, impulsionada por partidos do
centrão, e é composta também pelo PL, partido de Bolsonaro.
Na
Prefeitura do Recife, a ida do PT para a oposição a Raquel é comemorada. Isso
porque o prefeito, João Campos, quer o apoio dos petistas para a disputa da
reeleição no município em 2024.
A
leitura no PSB é que, por gravidade, o PT estará ainda mais próximo do prefeito
João Campos. Os petistas, porém, prometem bater o pé para lançar o candidato a
vice na chapa de Campos, para assumir o comando do Recife em caso de
candidatura dele a governador em 2026.
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