candidato a presidente Fernando Villavicencio/ Foto internet/Google
Com uma megaoperação militar e policial, autoridades equatorianas transferiram de presídio, neste sábado (12), o líder do grupo criminoso mais poderoso do país, a quem o candidato presidencial Fernando Villavicencio acusou de tê-lo ameaçado antes de ser morto.
Na
madrugada, cerca de 4.000 policiais entraram fortemente armados e em veículos
militares blindados ao Centro de Privação da Liberdade Regional Número 8 de
Guayaquil (sudoeste), onde estava preso José Adolfo “Fito” Macías, chefe do
temido grupo “Los Choneros”.
Um
homem obeso e barbudo aparece nas imagens postadas nas redes sociais pelas
forças públicas. A autoridade carcerária estatal SNAI confirmou à AFP que se
trata de “Fito”, recluso ali desde 2011.
O
líder de “Los Choneros” aparece em uma foto de frente com as mãos na cabeça, e
em outras aparece no chão, com os braços amarrados e vestindo roupas íntimas,
juntamente com dezenas de presos.
Mais
tarde, o presidente equatoriano, Guillermo Lasso, informou pela rede X, antigo
Twitter, que “Fito” foi transferido para La Roca, pequeno presídio de segurança
máxima, que faz parte do mesmo complexo penitenciário onde ficava a prisão onde
estava anteriormente.
Macías
controlava pelo menos um pavilhão do presídio de onde foi transferido.
O
nome de “Fito” tem repercutido na mídia no Equador desde a quarta-feira, após o
assassinato a tiros, em Quito, do presidenciável Fernando Villavicencio, um
centrista que era segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, segundo
consulta recente.
Villavicencio,
de 59 anos, havia denunciado, uma semana antes, que o chefe criminoso o tinha
ameaçado de morte.
Neste
sábado, seu partido, Construye, informou que sua candidata à vice-presidência,
Andrea González, substituirá o falecido nas eleições de 20 de agosto.
Com
36 anos, a nova candidata à Presidência é uma líder ambientalista que luta pela
proteção dos oceanos, das florestas e dos manguezais.
Antes
da decisão, o partido tinha aventado a possibilidade de González aparecer como
candidata a vice-presidente na cédula e assumir o poder em caso de vitória da
chapa.
–
Advertências –
Segundo
Villavicencio, uma das advertências chegou a ele por meio de um aliado político
na província costeira de Manabí, onde fica a cidade de Chone, onde o grupo surgiu.
Um
“emissário de codinome Fito” o contactou, explicou Villavicencio. Foi “para
dizer que se eu continuar (…) mencionando Los Choneros, vão me quebrar
(assassinar)”, disse ao programa Vis a Vis.
Outra
ameaça chegou por mensagem de texto de um usuário, que tinha como foto de
perfil uma imagem de “Fito”, condenado a 34 anos de prisão por crime
organizado, narcotráfico e homicídio.
Ex-jornalista
e deputado, Villavicencio se tornou um incômodo para as gangues e os
narcotraficantes por suas investigações.
As
autoridades não esclareceram quem pagou os pistoleiros que atiraram nele. Seis
colombianos foram detidos por envolvimento no caso, enquanto um sétimo morreu
em uma troca de tiros com seguranças do candidato.
Lasso
se limitou a dizer que Villavicencio foi vítima do crime organizado.
–
Condenação do papa Francisco –
As
prisões se tornaram o centro de operações do narcotráfico no Equador. Desde
2021, mais de 430 detentos morreram violentamente, dezenas deles esquartejados
e incinerados em meio a disputas entre gangues rivais. Várias delas começaram
depois da transferência de líderes para outros presídios.
Lasso
mostrou em um vídeo “Fito” caminhando em meio a dezenas de homens
uniformizados. Sua decisão se sucede a uma semana das eleições gerais que ele
mesmo antecipou ao dissolver, em maio, a opositora Assembleia Nacional em meio
a um julgamento político contra ele por suspeita de corrupção.
O
poder do narcotráfico marca a campanha para a eleição do futuro presidente do
Equador. A comunidade internacional, liderada por ONU, OEA, Estados Unidos e
União Europeia condenaram o assassinato de Villavicencio.
Neste
sábado, o papa Francisco lamentou sua morte e repudiou a violência que castiga
o país, em telegrama endereçado ao arcebispo de Quito, monsenhor Alfredo
Espinoza.
O
sumo pontífice condenou “com todas as suas forças” o “sofrimento causado por
uma violência injustificável”.
Fonte: Isto È
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