Dificuldade
para enxergar, perda de memória e fadiga diária são alguns dos principais
sintomas que afetam Juliana Papeira, diagnosticada aos 28 anos com esclerose
múltipla (EM). Hoje, com 35, ela lembra que, ao descobrir a doença, desenvolveu
ansiedade e depressão pelas incertezas que acompanham o diagnóstico — já que
existem tratamentos para a EM, mas ainda não há cura. A moradora do Distrito
Federal conta que os principais sintomas apareceram aos 13 anos, mas levou 15
anos para os médicos identificarem a doença. Por isso, defende que a
conscientização sobre a EM é fundamental. No dia 30 de agosto é celebrado o Dia
Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla.
“Se
tivesse uma conscientização maior, nós, pessoas com esclerose, não sofreríamos
tanto, passando por todos esses problemas. Se eles tivessem descoberto, desde o
início, essa minha doença, eu não teria perdido a minha visão, eu não teria
múltiplas sequelas igual eu tenho, tanto no cérebro, quanto na coluna. Conheço
outras pessoas que passaram pelo mesmo problema”, afirma.
Juliana
Papeira perdeu a visão do olho esquerdo em decorrência da esclerose múltipla.
Ela elogia a atuação dos profissionais de saúde, mas avalia que o tratamento da
doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é ruim, devido à dificuldade de acesso
aos medicamentos, que são de alto custo. Agora, na sexta medicação — as outras
apresentaram falha terapêutica — Juliana explica como é conviver com a EM.
“Então,
são cinco dias de tratamento, fora isso eu tenho que fazer reposição de
vitamina D, alimentação também tem que ser controlada, não posso tomar nada que
venha a inflamar o meu sistema nervoso, tenho que cortar muita coisa de
alimentação, fazer atividade física, pilates, que também ajuda
bastante; yoga, e tudo o que me deixa sempre mais calma, para não ter
nenhum tipo de surto”, ressalta.
De
acordo com o neurologista Felipe Toscano, a melhor forma de possibilitar
qualidade de vida às pessoas com a doença é através de um diagnóstico precoce.
Segundo Toscano, quanto antes iniciar o tratamento melhor para reduzir as
chances de evolução da esclerose múltipla, que pode levar o indivíduo a ter
tonturas frequentes e dificuldades para andar e enxergar, entre outros
sintomas. O médico afirma não existir uma forma de prevenção da doença porque
depende da carga genética.
“A
doença acontece, principalmente, em pessoas jovens que têm uma predisposição
genética para ter essa doença. Isso é, principalmente, em pessoas brancas,
caucasianas, e tem alguns fatores de risco que ajudam a que essa doença se
desenvolva. Então, deficiência de vitamina D, pouca exposição ao sol, obesidade
na infância, sedentarismo, infecção pelo vírus da mononucleose, que é conhecida
como doença do beijo, tudo isso isolado ou em conjunto pode contribuir para que
a doença se desenvolva”, explica.
Esclerose
Múltipla
De
acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), a EM é uma
doença neurológica crônica e autoimune — as células de defesa do organismo
atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e
medulares. A doença não tem cura. No entanto, existem tratamentos que consistem
em atenuar os sintomas e desacelerar a progressão.
Estima-se
que aproximadamente 35 mil pessoas convivem com a doença no Brasil. Deste
total, 15 mil estão em tratamento pelo SUS. No mundo, cerca de 2,3 milhões de
pessoas vivem com esclerose múltipla. A doença afeta, normalmente, adultos
entre 18 e 55 anos de idade. Além disso, é duas a três vezes mais frequente em
mulheres. Entretanto, crianças e pessoas idosas também podem ser atingidas. As
informações são do Ministério da Saúde. O órgão recomenda buscar atendimento
com especialistas ao identificar os seguintes sintomas:
·
Alterações
cognitivas;
·
Alterações
emocionais;
·
Alterações
sensoriais;
·
Desequilíbrio;
·
Dificuldade
para articular a fala;
·
Dificuldade
para engolir;
·
Disfunção
da bexiga e/ou do intestino;
·
Disfunção
sexual;
·
Distúrbios
visuais;
·
Dor;
·
Fadiga;
·
Fraqueza
muscular;
·
Rigidez.
Fonte: Brasil 61
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