Um
levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia
Vascular (SBACV) mostra que, entre janeiro de 2012 e maio de 2022, mais de 425
mil brasileiros foram internados para tratamento de tromboses venosas. De
acordo com o estudo, em média 113 pessoas são levadas à internação todos os
dias só na rede pública para tratar o problema. A médica cirurgiã vascular da
Venous, Cristienne Souza, explica que a trombose é uma doença que tem chances
de sucesso no tratamento. Mas é necessário um diagnóstico rápido para isso
acontecer.
“A
trombose consiste na formação de coágulos no interior dos vasos sanguíneos,
causando a sua obstrução. E pode ocorrer em qualquer tipo de vaso, ou seja, ela
pode ser tanto venosa quanto arterial”, explica.
A
especialista diz que as tromboses venosas são as mais comuns e ocorrem,
principalmente, nas veias dos membros inferiores. “A trombose venosa profunda
ou embolia pulmonar pode ocorrer em 2 a cada mil indivíduos a cada ano com uma
taxa de recorrência de até 25%”. Ela acrescenta que a idade avançada está
associada a um risco relativamente aumentado de trombose, mas o problema pode
atingir qualquer faixa etária em homens e mulheres.
Segundo
Cristienne Souza, é preciso chamar a atenção da população para os riscos e as
formas de prevenção e revela preocupação. “A trombose não tratada pode evoluir
para complicações graves com o comprometimento do membro afetado devido à
extensão desses trombos para outras veias e também pode evoluir para um quadro
potencialmente fatal que é a embolia pulmonar, que ocorre quando esses trombos
se alojam na circulação pulmonar, podendo alterar tanto a ventilação quanto a
circulação cardíaca”, alerta.
A
confeiteira Leila Souza, de 43 anos, já sofreu com a doença. Ela conta que teve
trombose depois de uma cirurgia considerada de grande porte. “Eu estava em
recuperação dessa cirurgia, com 15 dias depois desse procedimento, eu de
repouso comecei a sentir umas câimbras na perna esquerda. Um dia, na madrugada,
na hora que eu fui levantar, que eu toquei o pé no chão, ele deu uma câimbra
muito forte e inchou. Fui ao médico e fui diagnosticada com trombose venosa
profunda na perna esquerda”, relata.
Conforme
informações do Ministério da Saúde, a trombose pode ocorrer espontaneamente ou
estar associada a alguma circunstância anterior, como um período pós-cirúrgico,
traumas, imobilização, uso de hormônios (em especial, hormônios femininos
contendo estrogênios), gestação e pós-parto. Mas as doenças infecciosas,
inflamatórias, autoimunes, cardíacas, pulmonares e especialmente câncer, também
estão entre as enfermidades associadas às tromboses venosas.
Sintomas
e Prevenção
A
médica cirurgiã vascular da Venous, Cristienne Souza, destaca o inchaço e as
dores na perna como os sintomas mais comuns da trombose venosa dos membros
inferiores. “Mas também pode ocorrer um endurecimento da panturrilha,
vermelhidão e inflamação no trajeto das veias superficiais quando tem uma
tromboflebitia associada. Dor no peito e falta de ar podem ser sinais de
embolia pulmonar que ocorre quando um coágulo viaja pela circulação sanguínea e
atinge os pulmões, podendo causar um desfecho fatal”, ressalta.
Para
a especialista, manter hábitos de vida saudáveis é a melhor forma de prevenir a
doença. Mas ela diz que ainda existem medidas que podem ser adotadas como forma
de prevenção. “É recomendado o uso de meia e compressão elástica, aumentar a
hidratação oral, evitar cigarros e álcool, fazer atividades físicas regulares e
evitar o sobrepeso”, cita.
Tratamento
De
acordo com Cristienne Souza, o tratamento da trombose venosa tem que ser
iniciado assim que o diagnóstico for feito. “O tipo de tratamento depende da
extensão e gravidade da trombose e além de uma análise da condição clínica de
cada paciente.” Ela explica que o tratamento padrão é baseado no uso de
medicamentos anticoagulantes que vão paralisar a formação desses trombos e
evitar a extensão do coágulo e a sua propagação na circulação. “Existem também
tratamentos cirúrgicos minimamente invasivos, que são realizados pelos
especialistas em cirurgia vascular e consiste na passagem de catétere de
aspiração dos coágulos ou infusão de medicamentos diretamente dentro desses
trombos para promover uma liberação rápida do fluxo sanguíneo”, informa.
A
confeiteira Leila Souza revela que conseguiu se recuperar da doença porque
iniciou o tratamento logo após receber o diagnósitco. “Minha rotina hoje é
normal, faço tudo, atividade física, trabalho, viagens, tudo normal. A única
coisa é que eu uso as meias de compressão e faço acompanhamento médico com
exames específicos uma vez por ano. Já vai completar 10 anos essa mesma
rotina”, ressalta.
Fonte: Brasil 61
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