Poucos dias depois de um ciclone causar a morte de dezenas de pessoas e desabrigar milhares de moradores no Sul, o Brasil foi surpreendido por outra tragédia natural, desta vez no Mato Grosso do Sul – onde um temporal resultou na morte de uma criança de 7 anos, em uma escola. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), na última década os desastres naturais já causaram mais de 2.000 óbitos.
Na
opinião do 1º vice-presidente da CNM, Julvan Lacerda, a má distribuição dos
recursos – além da burocracia e da corrupção– impede que o
dinheiro arrecadado volte em forma de benefícios ao cidadão que paga
impostos. Segundo o gestor, que foi prefeito por 8 anos na cidade de Moema
(MG) e presidiu a Associação Mineira dos Municípios (AMM), o pacto federativo é
injusto com os prefeitos e generoso demais com o governo. Lacerda afirma
que "o dinheiro arrecadado pela União fica concentrado em
Brasília".
Confira
a entrevista
Brasil
61: Um recente estudo da CNM revelou que, nos últimos 10 anos, apenas 1,2% dos
prejuízos causados por tragédias naturais contaram com o auxílio do governo
federal. Por que isso acontece?
Julvan
Lacerda: Isso acontece por causa da injustiça federativa que existe no Brasil
já há muito tempo – que não é uma questão de governo – é uma questão
do sistema federativo, que foi desenhado de uma forma que o que deveria
ser uma relação de parceria entre a União, estados e municípios é, na
verdade, uma relação de montaria, onde a maioria do recurso, do poder de fogo
que tem, está na mão da União Federal. E a responsabilidade imediata com o
cidadão está na mão dos municípios.
Brasil
61: Na semana passada, mais uma vez, o Brasil viu os moradores de cidades
atingidas por desastres naturais dependendo de correntes de solidariedade
desenvolvidas por brasileiros que moram em outras cidades, porque os
governos locais não dão conta de amenizar os problemas. Ao mesmo tempo, mais da
metade das prefeituras estão endividadas, segundo a CNM. Há alguma luz no fim
do túnel?
JL:
Então, esse é mais um exemplo de que o nosso pacto federativo é injusto. Ele
concentra, no governo federal, o poder e concentra, sobre o governo
municipal, o dever. Então, nós [os prefeitos] não temos o recurso na cidade,
mas temos o dever de socorrer – porque somos quem está mais próximo do povo.
Brasil
61: Mas a má distribuição dos recursos não é um problema novo no país...
JL:
E a maioria desse dinheiro se perde nos ralos da burocracia e da corrupção
– e não volta para o cidadão. O prefeito decreta o estado de
calamidade lá na cidade, que é onde aconteceu a tragédia, mas até o efeito
daquele decreto chegar no cidadão, surtir efeito na vida do cidadão, é muito
tempo. Muitas das vezes, o efeito da tragédia já até passou, porque o prefeito
decreta o estado de calamidade, mas ele tem que provar mil coisas burocraticamente
para o dinheiro sair aqui do governo federal e chegar lá.
Brasil
61: A greve realizada por milhares de prefeitos, com objetivo de alertar o
governo sobre as dificuldades dos municípios mais pobres do Brasil, ainda não
surtiu efeito. Quais são as consequências disso?
JL:
É, mais uma vez quem paga é o povo, porque o povo já paga a mais alta carga
tributária do planeta no Brasil e não tem o retorno do serviço público à
altura. Porque esse dinheiro fica concentrado em Brasília e, para acessar esse
recurso, existe uma burocracia muito grande.
Brasil
61: Para concluir, ainda sobre a demora no repasse dos recursos para as
prefeituras atenderem as cidades atingidas por desastres naturais: qual é a
solução, no curto prazo?
JL:
Então, o governo federal precisa desburocratizar, dar valor à palavra do
gestor público local e depois, se houver algum erro, ele tomar providência
para punir se [o prefeito] não fizer as coisas de acordo com o que tem de ser
feito.
Fonte: Brasil 61
Para
ler a matéria na íntegra acesse nosso link na página principal do Instagram.
www: professsortaciano medrado.com e Ajude a aumentar a
nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso. Guarda Municipal de Juazeiro participa de palestra sobre a Lei Maria da Penha e combate à violência doméstica.
Postar um comentário