Na tentativa de defender seu chefe maior, Lula, após o mesmo ter cometido mais uma das suas celebres gafes, quando declarou e defendeu o sigilo dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o mesmo para evitar “animosidade”, no último dia 5 de setembro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), afirmou que na Suprema Corte dos Estados Unidos o público não conhece o posicionamento individual dos juízes.
Na verdade, o ministro da justiça, como advogado e professor de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mentiu ou no mínimo é um desinformado ao opinar sobre o sistema de votação da suprema corte americana.
Segundo a AFP, especialistas afirmaram que apenas o processo de deliberação da corte é privado nos EUA, mas quando o resultado é publicado, é possível ver quais juízes assinaram a decisão principal, bem como pareceres divergentes.
“Ela [Suprema Corte dos Estados Unidos] delibera a partir de votos individuais e é comunicada a posição da corte e não a posição individual desse ou daquele ‘Justice’ nos Estados Unidos”, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em entrevista no último dia 5 de setembro.
Como vota o Supremo dos
EUA?
Visando
manter o senhor Ministro da justiça informado verdadeiramente, diferentemente
do Brasil, o processo de deliberação da Suprema Corte dos Estados Unidos é
privado. Além disso, os votos costumam ser redigidos em conjunto. Porém, a
decisão final é sempre divulgada ao
público e inclui“ o parecer majoritário ou principal, bem como
quaisquer opiniões concordantes ou divergentes”.
Segundo Rubens
Glezer, professor de Direito da Fundação Getulio Vargas, no modelo
norte-americano, os juízes deliberam para chegar a um consenso sobre o voto.
Porém, isso não quer dizer que eles sejam secretos.
“Eles
deliberam como vai ser e escrevem juntos, por consenso, o posicionamento do
tribunal. Digamos que uma parte não concorda, eles se juntam e redigem a
posição. E pode ter outros que concordam com o resultado, mas por outros
fundamentos. Alguns pareceres são individuais, inclusive. Então, a posição dos
ministros é sempre conhecida”, explicou Glezer.
A
professora norte-americana de Direito Constitucional da Universidade de Akron,
em Ohio, Tracy Thomas, reiterou ao AFP Checamos que, apesar da
deliberação não ser aberta ao público, é possível conhecer o posicionamento de
cada juiz.
“Quando
os nove ministros se sentam à mesa de conferência e revelam como estão
inclinados a votar um parecer, esses votos não são revelados ao público.
Durante a deliberação decide-se quem receberá a tarefa de relatar a posição da
maioria. (...) Quando o parecer é publicado, são indicados os nomes
dos ministros para cada parecer. Então, é possível ver quem assinou o parecer
majoritário, assim como qualquer dissidência ou concordância.”
No
processo que decidiu a inconstitucionalidade
das ações afirmativas em universidades, por exemplo, o ministro John
Roberts relatou o parecer da maioria, porém os votos das juízas Sonia
Sotomayor, Ketanji Jackson e Elena Kagan, que discordaram do resultado, também
foram apresentados em conjunto.
Além
disso, foram igualmente apresentados os pareceres que concordavam com a posição
final, embora com outros argumentos.
Os votos podem ser conferidos no parecer final disponibilizado pela Suprema Corte.
O posicionamento de cada ministro também foi divulgado pela imprensa norte-americana.
Thomas fez uma ressalva, no entanto, de que a Suprema Corte pode emitir decisões “per curiam” (pelo tribunal, em tradução livre) não assinadas. Nesse caso, o voto “é unânime, mas não vemos quem foi o autor do parecer”.
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