Considerada como um dos principais indicadores de desenvolvimento tecnológico e econômico de um país, a propriedade intelectual está resguardada no Brasil pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Segundo o diretor relator da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), Rodrigo Ouro Preto, o sistema de patentes é um importante mecanismo para o fomento da inovação no país.
“Atualmente
não se pode imaginar um país que se desenvolva sem um serviço de propriedade
intelectual eficiente. É imprescindível para qualquer empresa que tenha seus
artigos intangíveis devidamente protegidos. E essa proteção depende do registro
no INPI. Hoje você não pode imaginar uma empresa de sucesso — pode
consultar qualquer lista das maiores empresas do mundo e do país e todas
elas têm seus direitos de propriedade intelectual registrados no INPI”, afirma.
O
INPI é uma autarquia federal que reúne as marcas registradas e as patentes
concedidas. O registro da invenção no INPI garante que os titulares, pessoas
físicas ou jurídicas, tenham o direito exclusivo de usar a marca, o
que impede o uso indevido por terceiros. No entanto, o diretor da
ABPI destaca que o órgão enfrenta dificuldades para dar mais agilidade aos
processos de registros e concessão de marcas e patentes.
“Apesar
do grande esforço que faz para exercitar o seu serviço com competência – e
essa competência se vê apesar das dificuldades que enfrenta, do ponto de vista
financeiro – esses serviços podem ser melhorados. Há uma insuficiência de
funcionários, tanto para a prestação de serviços na área de marcas, quanto na
área de patentes. Isso diminui a qualidade, é inevitável, porque o volume de
trabalho é muito grande para os servidores do INPI, que trabalham arduamente
para prestar serviço à sociedade brasileira”, diz.
Embora
o INPI gere recursos próprios por meio dos serviços de registros de marcas,
desenhos industriais, indicações geográficas dentre outras propriedades
intelectuais, grande parcela dos valores arrecadados tem como destino os cofres
públicos. Apenas uma parte é aplicada no órgão.
De
acordo com o INPI, a arrecadação final para 2023 está fixada no montante
de R$ 889,6 milhões: sendo R$ 384,8 milhões para despesas efetivas e R$ 504,8
milhões para a reserva de contingência.
No
início do ano, a Lei Orçamentária Anual fixou, inicialmente, para as despesas
de custeio e investimento do instituto R$ 52 milhões. Em julho, parte do valor
foi recomposto (R$ 5,5 milhões), somando R$ 57,5 milhões para despesas de
custeio e investimento. Entretanto, a necessidade total do INPI atualizada até
junho/2023 é de R$ 80,3 milhões. Ou seja, as despesas que ainda não estão com
orçamento garantido totalizam R$ 22,8 milhões.
Autonomia
Financeira
Em
carta aberta de apoio ao INPI enviada ao ministro do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a ABPI e outras 11 entidades
pediram que fossem garantidos os recursos humanos e financeiros
necessários para a eficiente atuação do órgão. Em setembro de 2021, a ABPI
também entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal, para que o
INPI pudesse ter autonomia financeira e administrativa.
“A
ABPI tomou para si a incumbência de tentar garantir a autonomia financeira do
INPI. De uma forma paralela, ajuizou uma ação civil pública estruturante
pedindo para que o INPI consiga ter uma autonomia financeira. E que o orçamento
seja garantido ao plano orçamentário do instituto para que os serviços melhorem
no nosso sistema de propriedade intelectual”, afirma o presidente da ABPI.
No
sentido de restringir a possibilidade de limitação de despesas dos recursos
destinados ao INPI, tramita no Congresso Nacional o projeto de lei complementar
143/2019. A proposta, de autoria do deputado Marcos Pereira
(PRB-SP), altera a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal).
Para
o presidente da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos
Deputados, o deputado Heitor Schuch (PSB-RS), é importante que se garantam
políticas públicas para o funcionamento do INPI.
“Quando
a gente tem institutos, quando a gente tem setores, quando a gente tem
organização, as coisas acontecem, porque nada acontece sem organização, sem um
quadro funcional, sem nenhuma articulação entre os setores como o
governo. Portanto, neste quadro eu não tenho dúvida de que, assim como o
INPI, tantos outros estão na mesma situação e precisam efetivamente ser
contemplados pelas políticas públicas, se não as coisas não andam”, diz.
Em
nota, o INPI informou que espera que a “aprovação do Projeto de Lei garanta que
o Instituto não sofra restrições orçamentárias e possa cumprir seu planejamento
estratégico, atingindo a meta de reduzir o tempo para concessão de patentes”.
No
início do mês de agosto, o texto do projeto de lei complementar 143/2019 foi
aprovado pela Câmara dos Deputados. A proposta seguiu para o Senado Federal,
onde aguarda a apreciação pela Casa.
Fonte: Brasil 61
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