De cor amarronzada por fora, branco por dentro, além da crocância e o sabor inconfundível, o acarajé é símbolo gastronômico na Bahia, com sua origem na comida africana. O bolinho feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, e frito em azeite de dendê, pode ter como acompanhamento o vatapá, caruru, camarão seco, além de pimenta e salada vinagrete.
A especialidade é conhecida como Akara no norte da Nigéria, e chamada também por Kosai no mesmo país. Já em Gana, tem o nome de koose.
No entanto, no Brasil, a comida é mais conhecida na Bahia, mas acabou se
tornando patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro no dia 28 de
setembro, causando uma revolta entre os baianos. O Projeto de Lei 5.836/22, de
autoria da deputada Renata Souza (PSol), foi aprovado em 2ª discussão pelo
plenário da Assembleia Legislativa.
Nas redes sociais, muitos baianos ficaram revoltados com a notícia. "Que
palhaçada é essa? Acarajé é da Bahia!" e "A produção e a
comercialização do acarajé agora são patrimônios de valor histórico e cultural
do Estado do Rio de Janeiro. Daqui a pouco o 'oxe' vira sudestino" foram
algumas das mensagens publicadas por internautas.
Enquanto isso, na Bahia, o tão famoso "bolinho de fogo" não é
considerado um patrimônio histórico e cultural, apenas o ofício das Baianas de
Acarajé, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan). Somente a prática tradicional de produção e venda em tabuleiros está
escrito no Livro dos Saberes, desde 2005.
"Aqui no estado o ofício das baianas já patrimônio desde 2012, que já traz
a receita do modo de fazer acarajé como patrimônio. Agora, infelizmente, o
bolinho em si não é patrimônio. Gostaríamos muito que fosse", explica Rita
Santos, presidente da Associação das Baianas de Acarajé, Mingaus, Receptivos e
Similares do Estado da Bahia (Abam).
Carioca radicada na Bahia, Rita parabeniza a iniciativa do Rio de Janeiro.
"Nós damos os parabéns para o Rio de Janeiro ter tomado essa decisão.
Espero que outros estados, como São Paulo façam a mesma coisa, com isso vamos
estar fortalecendo e salvaguardando esse legado deixado pelos nossos
antepassados", diz.
* Publicado por José Mion. Foto: Jefferson Dias.
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