A
Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgou, nesta semana, os valores
repassados aos estados e municípios brasileiros que produzem minérios. Ao todo,
foram contempladas 2.173 prefeituras. Juntamente com os governos estaduais,
elas receberam um total de R$ 887.746.138,33. O dinheiro foi depositado na
última quinta-feira (05) e refere-se à cota-parte da Compensação Financeira
pela Exploração Mineral (CFEM) arrecadada em julho e agosto de 2023.
Os
valores representam uma contrapartida financeira, que é distribuída aos estados
e municípios produtores de minerais, para amenizar os impactos que seus
territórios sofrem por causa da atividade. Do total distribuído, R$
176.038.493,55 foram para os estados e o Distrito Federal, enquanto os
municípios produtores receberam R$ 711.707.644,78.
Municípios afetados
Já
a distribuição da CFEM para os municípios que não produzem minérios, mas são
indiretamente afetados pela produção mineral pelo motivo de terem
— por exemplo — seus territórios atravessados por rodovias e
ferrovias, entre outros fatores que podem influenciar de maneira indireta a
vida de seus moradores, deverão receber os repasses a partir de dezembro de
2023. Portanto, o pagamento dos royalties da mineração estão sendo atualizados
antes dos repasses a serem feitos aos municípios "afetados indiretamente
pela mineração".
A
assessoria de imprensa da ANM informou que "o pagamento dos chamados
municípios afetados será feito logo depois de a Agência readequar o sistema
para atender ao decreto recentemente emitido pelo Ministério das Minas e
Energia". O decreto do governo redefiniu as regras para se considerarem os
motivos que levam a identificar se um município é afetado pela atividade.
Segundo a assessoria da ANM, o novo decreto também modificou os percentuais
de distribuição, necessitando que Agência faça a readequação.
Entenda
o cálculo da CFEM
O
superintendente de Arrecadação e Fiscalização de Receitas da ANM, Daniel
Pollack, em entrevista exclusiva ao portal de notícias Brasil 61, explica que o
principal objetivo da CFEM é remunerar estados e municípios produtores de
minérios pela exploração que as empresas mineradoras fazem dos recursos
naturais, cujo pagamento está sendo feito agora — e que há também a
compensação aos municípios indiretamente afetados pela exploração mineral, que
será feita a partir de dezembro de 2023. "Ou seja: a CFEM não é um tributo
e sim, como o próprio nome diz, uma compensação financeira”, destaca Pollack.
Ele
esclarece como é calculado o valor de cada repasse: “Do total, 15% do que foi
arrecadado da CFEM produzida naquele estado vai para o estado; 60% vai
para o município produtor, 15% vai para os municípios afetados pela atividade
de mineração, que são os não produtores que foram afetados de alguma maneira
pela atividade de mineração”, detalhou Pollack, acrescentando que os
recursos, em forma de royalties, “devem ser investidos por estados e municípios
em projetos que beneficiem a comunidade local, com objetivo de melhorar a
infraestrutura, a qualidade ambiental, a saúde, a educação e outros setores
importantes para a sociedade”.
“As
prefeituras têm orientação de usar, principalmente, para a diversificação da
atividade econômica, no desenvolvimento social, tecnológico, para que, lá
na frente, o dia que a mineração não tiver mais presente [naquele local
explorado], porque é uma atividade de recursos naturais finitos, que um dia vão
acabar, a cidade possa ter alguma outra fonte de renda de atividade econômica
que não dependa mais da mineração”, esclareceu o superintendente de Arrecadação
e Fiscalização de Receitas da ANM.
Importância
para os municípios
Conforme
estudo divulgado em agosto deste ano pela revista “Brasil Mineral”, desde 2017
a CFEM é calculada com base no faturamento bruto das empresas mineradoras. Isso
fez com que o valor repassado aos entes federados tenha dado um salto de R$ 1,8
bilhão em 2017 para R$ 3 bilhões em 2022.
O
estudo revela ainda que os royalties da mineração representam até 40% da fonte
de receita dos municípios produtores de minério. Para se ter ideia da
importância do assunto, do ponto de vista administração pública, só 8 cidades
brasileiras — três no Pará e cinco em Minas Gerais —, representam
juntas cerca de 57% do total repassado da CFEM.
Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá (no Pará); e Itabirito, Mariana, Itabira, Congonhas e Nova Lima (em Minas Gerais) são os maiores produtores de minérios do Brasil. Por este motivo, são os que mais receberam a compensação, nos últimos anos.
Fonte: Brasil 61
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