Palestinos comemoram ao lado de um tanque israelense destruído na Faixa de Gaza Foto: Yousef Masoud/AP – 07/10/23
(*) JR Guzzo
Na ‘política externa independente’ do Itamaraty, somos aliados, agora, de criminosos que pregam a destruição do Estado de Israel.
O
presidente Lula, seus ministros e todo o seu sistema de apoio sempre foram a
favor do terrorismo do Hamas e de outras fações que têm os mesmos propósitos;
também sempre fizeram questão de exibir essa postura em público. Da mesma
forma, hostilizam o quanto podem o Estado de Israel. Os judeus, na sua
doutrina, são o mal: são os “agressores”, os “invasores”, “ocupantes de
territórios palestino” e daí para pior. Agora, com o assassinato em massa de
civis israelenses, sequestros de mulheres e crianças, atos e terror e milhares
de mísseis, a organização criminosa que se apresenta como “representante do
povo palestino” jogou na cara do mundo inteiro, mais uma vez, a sua verdadeira
natureza. Para o governo do Brasil ficou criada uma situação impossível. Lula
não tem coragem para dar apoio aos crimes do Hamas. Sempre deu, mas desta vez o
excesso de selvageria dos seus aliados o deixou numa posição incômoda – é
complicado ficar ao lado de quem faz chacina de inocentes, inclusive de
brasileiros, comete estupros, sequestra reféns para extorsão e tortura seres
humanos em público. Ao mesmo tempo,
O
resultado objetivo é que Lula, seu chanceler Celso
Amorim (o outro não vale) e os partidos da extrema esquerda colocaram o Brasil
numa posição de cúmplice do terrorismo “palestino” e dos crimes que estão sendo
praticados contra a população de Israel. Há, é claro, o discurso hipócrita que
faz parte do DNA do presidente e do PT. Eles “lamentam as mortes” – dos “dois
lados”, como se o Hamas não fosse o agressor. Pedem “a paz” na região – e
escondem que o Hamas, junto com seus aliados do Irã, prega oficialmente a
destruição do Estado de Israel, e quer que todos os judeus sejam “jogados no
mar”. Desaprovam os assassinatos, mas aprovam os assassinos. O que realmente
estão dizendo é que a culpa pelos ataques terroristas é de Israel. Os judeus
deveriam dar um “tratamento melhor” aos “palestinos” que há 75 anos querem
destruí-los. Deveriam “negociar” com o Hamas, que não aceita a existência do
seu país. Teriam de fazer mais isso e mais aquilo – e façam o que fizerem,
nunca será suficiente.
“O
que acabou de acontecer é apenas uma demonstração grave, com consequências, do
que acontece pela perda da esperança na paz”, disse o chanceler Amorim – e o
que ele diz, para todos os efeitos práticos, é a posição oficial do governo
Lula. Ou seja: não houve homicídio, estupro, sequestro, massacre de civis numa
festa de música, destruição deliberada de objetivos não militares, nada. O que
houve é que os “palestinos” perderam a fé na paz, porque Israel não aceita as
exigências do Hamas – daí, como diz Amorim, houve “consequências”. Em nenhum
momento, para o governo brasileiro, houve um ataque provocado por uma das
partes, com agressores e agredidos. Há apenas “hostilidades”, e o Brasil deseja
que essas “hostilidades cessem”. Mais nada. A palavra “Hamas” não aparece em
nenhuma manifestação do governo, do PT e do seu entorno. Os amigos
preferenciais de Lula – MST, PSOL, “estudantes”, etc. – fizeram uma
manifestação a favor dos ataques terroristas. É verdade que não foi ninguém
(150 pessoas, talvez), mas os sinais não poderiam ser mais claros.
Ninguém
foi mais claro, quanto à verdadeira posição do Brasil, do que o próprio
Itamaraty. O Ministério das Relações Exterior não se contentou com a postura de
falsa neutralidade do governo brasileiro. Decidiu adotar também o deboche
contra as vítimas. Em nota oficial, lamentou o “falecimento” de um jovem brasileiro
assassinado pelos terroristas do Hamas; assim mesmo, “falecimento”, como se ele
tivesse morrido por causa de um colapso cardíaco. É uma nova fronteira na
“política externa independente” do Brasil de hoje. Somos aliados, agora, de
criminosos de guerra.
(*) José
Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro,
colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste,
publicação da qual integra também o conselho editorial.
Fonte: Estadão
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